Meu caro Concidadão Fernando Jorge Teixeira
Eduardo Monteiro 25.09.2010 Fernando Jorge, foi uma grande surpresa conhecer este teu sentimento tão nacionalista e patriótico e quão sofres. Senti a tua emoção, calculo que sentiste dificuldade emocional para escrever este texto. Mas foi contagioso. Antes de mais, partilhar esta mistura de emoção e de orgulho, alegria, tristeza e melancolia que reveste o sentir a nossa independência. Como disseste e muito bem, volvidos 37 anos e em resposta à tua pergunta digo sobre maneira, que em termos de avaliação, a nossa independência tal como ela se afigura não valeu a pena. Não foi a proposta de Amílcar Lopes Cabral. A frustração da tão almejada independência e o desiderato do nosso povo, foi completamente abominado, colocando os nossos concidadãos num estado de total mistura de sentimentos como disse Fernando Jorge, e eu acrescento, de descalabro. Numa situação de quase impotência face aqueles que hoje reclamam o protagonismo do estatuto de antigos combatentes e privilegiados comandantes; é importante que se lhe diga, que nunca foram os históricos comandantes a que a nossa história registou ou retratou. Muitos foram milícias ou Forças Armadas Locais (FAL), durante a nossa gloriosa luta de Independência, nunca pertenceram a Bi-grupos, ou seja, às nossas gloriosas FARP que lutaram e marcaram de forma distinta a independência na contemporaneidade em África e no mundo. O único movimento de libertação que lutou simultaneamente para as Independências de dois territórios colonizados e com o marco ímpar, o único movimento que militarmente ganhou a guerra à antiga potência colonial e proclamou a independência do novo Estado da Guiné-bissau antes de 25 de Abril, onde já controlava todo o território excepto as zonas urbanas. Volvidos 37 anos, por que ainda a nossa independência não permitiu a este martirizado povo o mínimo que se pede e um direito básico, ter água potável para todos num país onde a água não escasseia, a energia eléctrica praticamente inexistente (onde se diz luz bai, luz bim) repito são 37 anos, governaram-se e rapidamente se transformaram em novos falsos ricos, que, da coisa pública, património dos que trabalham e pagam os seus impostos e sem olvidar os grandes desvios das ajudas ao desenvolvimento encaminhados ao país que, foram abusivamente, desviados à luz de todos e perante todos escandalosamente. 14 de Novembro 1980, foi um marco frustrante e a machadada fulminante. Foi o golpe mais doloroso no maior desiderato do nosso povo. Ontem ouvi, descaradamente na RDP-África um Combatente e antigo comandante, que foi o principal cérebro e pensante dos grandes desvios dos desígnios e o desiderato do nosso povo, dizer que os combatentes e o povo da Guiné-Bissau, não merecem o que estão a passar, como se o povo da Guiné tivesse memória de galinha. O importante é que o espaço Contributo, transformou-se num autêntico fórum para todos os guineenses e amigos da Guiné e onde quer que estejam deve assumir o dever de contribuir cada um com o seu saber e experiência para e pela causa da nossa Nação. Um estado de todos que deve respeitar o nosso mosaico como suporte antropo-sociológico e constitucional e não abdicarmos como nos últimos anos em que fomos amedrontados com discursos atrozes e de falsos e corruptos heróis. Todos devem dar a cara para este espaço que muito tem promovido debate de ideias, como civilizados que somos, em prol da tão fustigada Pátria Guineense, a pertença de todos os guineenses, filhos de guineenses e, porque não, amigos da Guiné. Vivemos num século da Interculturalidade e agilizada multilateralidade como forma do mundo e os países se entenderem. Os objectivos do milénio. VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! Associação Guiné-Bissau CONTRIBUTO |