Mudanças A “360 Graus”

 

 

Santos Fernandes

saferndes@yahoo.com.br

15.05.2014

Santos FernandesTerminamos o ciclo pós-golpe de Estado (12 de Abril de 2012) de percalços, prepotência, intolerância, abusos, desmandos e sofrimento…posto isso, o partido vencedor das últimas eleições legislativas, PAIGC, prometeu-nos, no âmbito do seu programa eleitoral, gerir a situação do país baseada em 4 eixos principais, a saber:

v EIXO 1: Consolidar o Estado de direito democrático, promover a boa governação e reformar as instituições do Estado;             

v EIXO 2:Promover o crescimento económico e a redução da pobreza;

v EIXO 3:Promover o desenvolvimento e a valorização dos recursos humanos;

v EIXO 4:Redinamizar a política externa, a integração regional e o enquadramento dos Guineenses no Estrangeiro.

Com efeito, quer isto convidar-nos a ter capacidade de diagnosticar, acompanhar e avaliar a performance do governo saído dessas eleições à luz desses 4 eixos centrais;

Vinte anos de democracia pluripartidária, acabamos de exercer mais um direito de voto, não obstante, as circunstâncias que condicionaram e ditaram o posicionamento político de cada um, devemos, por uma questão de exercício de cidadania e de patriotismo, ajudar a construir um clima institucional favorável. Na medida em que, como disse alguém, “não precisamos apenas de líderes fortes, mas, sobretudo, de instituições fortes”

Creio que o futuro possa nos ser risonho. Mas, confesso e espero que havemos de colocar mãos à obra, com vista a pudermos transformar esse futuro numa prosperidade, com trabalho, dedicação e humildade.

Mundos e fundos foram gastos nos últimos meses, durante a campanha político-eleitoral, o que já era previsível face ao número expressivo de formações políticas e de candidatos às presidenciais… o mais caricato dessa “metamorfose” e da “dança política” guineense tem a ver com a impressionante capacidade de trocar cores, por vezes, são mudanças de “360 graus”, de uma noite para o dia. Ou seja, temos assistido mudanças de ponto-de-vista e de carácter de uma forma assustadora… típico de país com políticos que procuram e almejam tachos e imunidade a qualquer custo… estamos inseridos numa sociedade onde a vulnerabilidade e a necessidade básicas levam as pessoas a vender a sua dignidade a preço de banana… é uma pena…

No entanto, o exercício de poder é um processo que exige, a cada um de nós, a paciência e a capacidade de espera, e por vezes custa-nos acreditar e aceitar que o povo não depositou confiança no nosso projecto, mas se quisermos construir uma verdadeira cultura democrática, torna-se necessário compreender e respeitar a vontade popular, porquanto na Guiné-Bissau, volvidos exactamente 20 anos desde a abertura democrática, já se provou que o povo sabe o que quer, pois é ele que sente os efeitos da má gestão da coisa pública na própria pele. Por conseguinte, podemos até mudar de cores político-partidárias dia após dia, por uma questão de estratégia (pessoal e/ou ideológica), entretanto, o mais importante é a consciência e o desejo de contribuir para o verdadeiro desenvolvimento da Guiné-Bissau.

Bissau, 15 de Maio de 2014.

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