NÃO À PERSEGUIÇÃO DE VOZES DISCORDANTES. SIM AO DIÁLOGO, PARA JUNTOS, CORRIGIRMOS AS NOSSAS FALHAS. ISTO É A GOVERNABILIDADE!
“A coragem conduz às estrelas, e o medo à morte.”
Sêneca
Por: Mamadu Lamarana Bari
08.04.2009
BRAVO DIDINHO
Bravo pela tua determinação e pela forma como analisas os problemas sensíveis e passas recado para quem é de direito saber e quem de dever se informar. Muma tem razão, todos eles são "CUBIS" da mesma horta. É o que falei, "Tap ku bangai". "Mário from Guiné-Bissau" você acertou em cheio, o nosso criol diz: "minino curridur lebal na reia". Em vez de um pequeno número sem glória dos “militares do PAIGC” ficarem fazendo serviços sujos de dar surra a quem ousar levantar a voz para protestar ou fazer perguntas, deveriam descarregar suas frustrações nas montanhas Afegãs ou nos desertos do Iraque. Ali é que estão homens lutando gloriosa e ingloriosamente. Onde que se ouviu dizer que perguntar ou manifestar a discordância ofende a quem quer que seja? Só se ofende quem é de ofensa. Minha gente, a DEMOCRACIA dá cabelos brancos para quem é de cabeleira ou dá careca para quem é de pouca "telha", ou seja, poucos cabelos. Senão, observem os ex-presidentes dos países do Terceiro Mundo onde se vive a verdadeira democracia. Devemos ser tolerantes, pois temos dois ouvidos e uma boca, já dizia a sabedoria árabe. Devemos escutar mais e falar menos. Quando uma pessoa sentir ferida a sua dignidade tem melhor maneira de cobrar a satisfação. Entra com a queixa crime na justiça contra o acusador. A civilização manda assim proceder. O falecido Presidente Nino Vieira, apesar dos pesares pelo menos deu ao mundo civilizado a prova de que um cidadão ofendido deve procurar a justiça. Estou referindo à queixa crime apresentada contra o ex-presidente Kumba Iala, ainda que por detrás disso possa estar montada toda uma trama para vingar o acusador, mas este também como não deixa por menos, arranjou a retaguarda segura e conseguiu sair do país.
Quantos quadros conhecidos que foram brutalmente espancados até à morte em suas residências. Não vou declinar os nomes para não ferir as suscetibilidades familiares das vítimas. Quantos anônimos que sofreram e tiveram a mesma fatídica sorte na calada da noite. Minha gente, a Guiné vive a cultura Bárbara implantada entre 1980 a 2009. Quantas pessoas fuziladas e enterradas na estrada de Jugudul-Bambadinca, em Cumerê, nas matas de Nhacra em direção a Encheia. Todas elas só por ousarem dizer não, talvez, quem sabe. De Cassacá à Conakry, foram cometidos assassinatos: Matança nas tabancas por vingança, ajuste de contas sob o pretexto de bruxarias, parece que estávamos na idade Média; Julgamento e fuzilamentos dos principais responsáveis, após o Congresso. Assassinato de Amilcar Cabral pela impaciência de se sentar e discutir em fóruns apropriados o problema Guiné e Cabo Verde. Julgamento precipitado e fuzilamentos dos culpados e não culpados, quanto a estes últimos por ajuste de contas, com requintes de crueldades. Quem assistiu pode dizer se estou dizendo mentira. Depois da Independência prisões arbitrárias e fuzilamentos em valas comuns aos ex-comandos africanos só porque deram muito trabalho aos guerrilheiros do PAIGC durante a Luta Armada. Prisões e fuzilamentos em público, os ex-Régulos (Chefes Étnicos) que não foram os portugueses que os colocaram lá, mas trata-se sim, de heranças ancestrais.
Após o golpe de Estado de 1980, todos pensaram que teria acabado de vez as torturas e mortes nas prisões, mas houve recrudescimentos delas com requintes de crueldades sem par. Agora com o desaparecimento em cena política do Ex-Presidente Nino Vieira e o Ex-Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, O medo e a insegurança ainda continuam tomando conta do País. Até quando continuará isso, minha gente.
Por isso, eu exorto a todos a não calarmos a boca, vamos sim, denunciar as atrocidades, a inoperância governativa, o descaso do Poder Judiciário, enfim, tudo que é imoral e tende a fazer desaparecer o nosso país no cenário político e social no mundo. Vamos botar a cara na tela e os nomes na imprensa escrita, nada de pseudônimo. Fazer que nem as mães da Praça de Maio, na Argentina, que ajudaram a colocar na cadeia os temíveis Generais da ditadura militar. O medo é sinônimo de impunidade. Ele é a tática disseminada pelo inimigo para intimidar a quem ousar fazer denúncias.
Vamos continuar a trabalhar
Nha Mantenhas ,
Mamadu Lamarana Bari
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO