J.TAVARES, MD, FCCP, FAASM O ÁLCOOL, A OUTRA DROGA 18.04.2010
Caso Clínico
Um Indivíduo de 51 anos de idade, veterano da primeira Guerra do Golfo (Iraque) foi admitido através dos serviços de urgência, devido a astenia, perda de peso e melena. A pressão arterial inicial era de 70 (7) / 30 (3); Iniciou-se tratamento agressivo com soro fisiológico e a hemoglobina inicial era 4.3 (normal entre 12 a 15).
O tempo de protrombina (PT) era 39.0 (mais especificamente o INR era de 4.06; normal é menos de 1.5); as enzimas hepáticas (AST/SGOT situavam-se em 2,429 (normal é menos de 60), a bilirrubina era de 3.0 e amónia de 473.
Depois dos tratamentos de ressuscitação estandardizados, foi admitido na nossa unidade de cuidados intensivos por volta das 11 da manhã; À 1 hora da tarde, quando fazia a minha segunda ronda na unidade, o paciente estava mais confuso, letárgico, com incapacidade de proteger as vias aéreas. Procedi com intubação rápida (rapid sequence intubation) e pus uma linha venosa central para melhor facilitar a administração de soro, sangue e plaquetas. O gastroenterologista fez a endoscopia e como as varizes esofágicas já estavam colapsadas, não podia fazer nada. Continuamos com transfusão (total de 16 unidades de sangue, 4 unidades de plaquetas e 12 unidades de plasma; Em menos de 36 horas, via-se que estávamos a lutar numa batalha perdida. Às 10 da manhã do dia seguinte, a mãe (de 75 anos, que parecia mais jovem do que o paciente, pediu-nos para parar tudo e desligar o ventilador); O doente faleceu 1 hora depois. Causas da morte: 1 - Choque hipovolêmico devido a hemorragia gastrointestinal massiva. 2 - Varizes esofágicas e do resto do aparelho digestivo. 3 - Hepatite alcoólica. 4 - CAUSA DE TUDO: ÁLCOOL Este foi um resumo do caso; quem quiser mais informações, pode enviar-me um email e terei gosto em discutir o caso. Infelizmente, diferentemente da droga "comum", o álcool, que é também uma droga ainda é aceite (voltamos a cara, aceitando-o como socialmente inofensivo), mas o alcoolismo é uma calamidade tão ou mais devastadora do que as “drogas”; Delapidou e está a delapidar a nossa juventude: Física e mentalmente. Há muitas razões que levam os nossos jovens a recorrerem ao álcool: Depressão, Lares divididos, “mandjuandade”, “medo” de não serem alienados por colegas que fazem do álcool uma forma de ritual, etc. Periodicamente, professores, médicos e encarregados de educação, deveriam fazer visitas guiadas a hospitais para fazerem os alunos ou filhos testemunharem as consequências das bebidas alcoólicas: Hepatite, cirrose, cardiomiopatia, varizes esofágicas, pancreatite, demência, etc., etc., etc.
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