"Lendo é que se pode
abrir os olhos para o mundo, mas também para dentro de si e de seu próprio
país." Moema Parente
Augel
(...) "A formação de novas abordagens de cidadania e a busca
de perspectivas para o futuro do país não devem e não podem ser deixadas somente
a cargo dos políticos e dos órgãos governamentais."
(...) "e é justamente a visão alternativa, vinda de um outro
lado, representado por escritores, estudantes, intelectuais de modo geral que,
com sua voz crítica, intervencionista e cheia de idealismo e esperanças, está
hoje em dia narrando a história da Guiné-Bissau para os "meninos de amanhã",
expressão tão cara a Amilcar Cabral."
(...) "É dentro do discurso literário que a Guiné-Bissau
está aos poucos processando o campo do pensamento identitário e a configuração
do carácter nacional, distanciando-se seus escritores da dicção hegemônica,
restritiva, monolítica, que interpreta a nação como aparato do poder ideológico
do Estado."
(...) "Pois, na verdade, no momento presente, os escritores
guineenses estão escrevendo para o futuro, uma vez que não são muitos os
leitores na Guiné-Bissau!
A Literatura deveria ter um papel construtor da identidade
nacional, poderia exercer influência na formação de uma identificação nacional,
mas presentemente, são ainda muito poucos os que têm o costume de ler."
(...) "Também a Internet está desempenhando um papel de
divulgação e não é de se desprezar a penetração, a popularidade, a
aceitabilidade desse moderno meio de comunicação. Há alguns sites bastante
informativos, inclusive seções que contemplam a Literatura e a História. Há
também sites de qualidade lamentável, perigosamente transmissores de informações
falsas ou reducionistas.
(...) "Concluirei, trazendo um exemplo positivo de um
intelectual guineense no trabalho em prol de desenvolver esse sentimento que
chamei de guineidade, mas que pode ser traduzido por patriotismo, sentimento
nacional, "Projecto Guiné-Bissau", dando afinal no mesmo. Refiro-me ao
jornalista Fernando Casimiro, mais conhecido como Didinho, autor de importante
página na internet, com um programa muito variado, do qual destaco o item
CONTRIBUTO. Pedirei emprestado, para finalizar esta minha comunicação, as
palavras de Didinho que expressam muito bem o que desejei apresentar:
"Esta é a mensagem! O primeiro compromisso de todos os
guineenses deve ser para com a Guiné-Bissau. Cabe ao povo guineense a acção da
Mudança! (...) Temos potencialidades, falta-nos disciplina! Precisamos de mais
empenho, mais dedicação, mais seriedade, mais rigor, enfim, precisamos avivar
mais o espírito patriótico. Temos que sentir o país... Temos que reconhecer que
somos nós a principal solução para os nossos problemas. É preciso que
continuemos a acreditar em nós próprios."
E prossegue no mesmo diapasão:
A politização é sinónima de consciência nacional. Uma
consciência política nacional em que as vertentes social e institucional devem
ser referências dos direitos e deveres dos cidadãos. Um povo que não tem noção
do que é a política é um povo que está sujeito à demagogia, à manipulação. É um
povo que não pode aspirar a ser participativo nas decisões que a ele próprio
dizem respeito! Não tenhamos medo de fazer uma nova revolução na Guiné-Bissau.
Não uma revolução com armas de fogo, mas a revolução da consciência cívica, a
revolução de mentalidades, que dará ao nosso povo o direito à liberdade do
saber, do conhecimento e quiçá, do pensamento e da acção! É urgente fazer ver
aos guineenses que o medo de mudar ontem é a razão dos males de hoje e o medo de
mudar hoje será a razão dos males de amanhã..."
Ser
referenciadoatravés duma extraordinária intervenção num Simpósio Internacional que
reuniu trezentos participantes, provenientes de todas as regiões do Brasil bem
como de países africanos e europeus, por alguém renomado e habilitado a falar da
História e Cultura da Guiné-Bissau e que se dá pelo nome de Moema
Parente Augel, é uma grande honra e reconhecimento para mim!
É também, um compromisso, uma grande exigência, pois tudo
farei para nunca desiludir quem apostou tão alto no meu exemplo para explicar o
conceito de "Guineidade/Guinendade" e da sua importância na formação da
identidade nacional da Guiné-Bissau, até porque, meu compromisso para com a
Guiné-Bissau e os guineenses é eterno!
Não é a primeira vez que a Professora Moema faz referências
à minha pessoa e ao Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO, pois no seu livro "O
Desafio do Escombro" deixou registos do seu apreço pelo trabalho que temos vindo
a desenvolver ao longo destes anos.
A Professora Moema Parente Augel, que viveu na Guiné-Bissau entre 1992 e 1998 é
mais do que uma amiga da Guiné-Bissau. Ela é filha adoptiva da nossa Mãe Guiné,
ela é nossa irmã oriunda do Brasil, que não tem poupado esforços no sentido de
ajudar a construir a Nação Guineense, disponibilizando para isso, todo o seu
conhecimento, capacidade e experiência, através de trabalhos literários de cunho
científico, na promoção e valorização da história e culturas da Guiné-Bissau.
A Professora Moema Parente Augel também ajudou e tem ajudado
a promover diversas obras literárias de autores guineenses, por este mundo fora.
Foi durante o período em que esteve na Guiné-Bissau, trabalhando no INEP que
foram publicadas várias obras inseridas na colecção "Kebur", sob sua
coordenação.
Há cerca de um mês, o Professor Ricardino Teixeira, ilustre
colaborador da nossa Associação deu-me a conhecer o facto de terem sido
publicadas na Revista "Estudos de Sociologia", intervenções do "Simpósio Brasil
- África de Educação Superior" realizado em Pernambuco - Brasil em Abril
de 2009. Falou-me da intervenção da Professora Moema Augel e da referência que
tinha feito ao Fernando Casimiro nessa intervenção. Prometeu enviar-me 1
exemplar da Revista e a promessa cumpriu-se.
Depois da leitura, decidi escrever ao
Conselho Editorial da Revista
solicitando autorização para a reprodução no site
www.didinho.org de 3 das intervenções
publicadas na revista.
De pronto os autores responderam favoravelmente, faltando
contudo a autorização do Conselho Editorial da Revista "Estudos de Sociologia",
autorização que chegou poucos dias depois!
Os 3 trabalhos serão disponibilizados na secção "Estudos e
Pesquisas" do nosso site, sendo que decidi homenagear a Professora Moema Parente
Augel, dedicando-lhe este trabalho e a música "Tchebendo/Ora di Kanta Tchiga",
ela que é autora do livro "Ora di Kanta Tchiga:
José Carlos Schwarz e o Cobiana Djazz", publicado em 1997, Edição 6 da Colecção
Kebur.
Da leitura que fiz da intervenção da Professora Moema
Parente Augel, pude concluir que estamos perante um dos mais valiosos manuais de
aprendizagem e de consulta obrigatória, sobre questões que se prendem com a
construção da Nação!
Estamos perante um dos mais valiosos manuais de aprendizagem
e de consulta obrigatória, sobre questões de cidadania!
Moema Parente Augel, nossa irmã, ensina-nos, sugerindo e
apontando caminhos/rumos.
(...) "A formação de novas abordagens de cidadania e a busca
de perspectivas para o futuro do país não devem e não podem ser deixadas somente
a cargo dos políticos e dos órgãos governamentais."
A Guiné-Bissau precisa dos ensinamentos e aconselhamentos da
Professora Moema Parente Augel, todos nós precisamos de ser sensibilizados por
visões, ideias e opiniões esclarecidas. A intervenção intitulada DESAFIOS
DE ENSINO SUPERIOR NA ÁFRICA E NO BRASIL: A SITUAÇÃO DO ENSINO UNIVERSITÁRIO
NA GUINÉ-BISSAU E A CONSTRUÇÃO DA GUINEIDADE
é uma lição
de cidadania, de cultura e identidade que servirá, sem dúvida, para uma
melhor compreensão e aprendizagem dos guineenses sobre estes temas, de grande
importância para o país.
Muito obrigado Professora Moema Parente Augel por tudo o que tem feito pela
divulgação de uma Guiné-Bissau Positiva, bem como pela consciencialização e
valorização dos guineenses!
Mantenhas di ermondadi
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
(...) " Deve-se, contudo, estar atento para não se
perder o olhar crítico quanto ao conteúdo das informações virtuais. Há
atualmente muitas home pages e blogs mantidos por guineenses, infelizmente,
muitas vezes completamente desinformadas sobre o panorama atual da
literatura do país. Também os dados históricos com frequência não
correspondem à realidade. Um exemplo positivo é a "Breve resenha da
literatura da Guiné-Bissau", noticioso artigo de Filomena Embaló, com um
balanço resumido mas abrangente, desde a literatura colonial até obras
publicadas no ano 2000. Alguns desses sites estão alistados nas Referências,
sendo o mais importante, na minha opinião, o organizado por Fernando
Casimiro, pela atualidade das notícias, pela variedade dos assuntos tratados
e pela seriedade de seu organizador. Fernando Casimiro criou na rede
eletrônica o projeto CONTRIBUTO em 2003, como se pode ler na apresentação.
As secções são, entre outras, as seguintes: um tipo de editorial com
comentários sobre a atualidade, sobre a vida e os discursos de Amilcar
Cabral (a partir do acervo da Fundação Mário Soares, de Lisboa); um espaço
literário; um espaço com "sínteses históricas"; uma secção aberta a outros
colaboradores. Como ele mesmo esclarece na apresentação desse projeto, sua
intenção foi escrever
(...)
artigos sobre a Guiné-Bissau, tentando assim, passar mensagens de
sensibilização pela causa guineense, não só para os guineenses, mas também
para o Mundo. CONTRIBUTO é um
projecto de orientação pessoal, de carácter reflexivo, não
necessariamente noticioso, ainda que informativo, apartidário e sem fins lucrativos. É um projecto
que visa incutir e desenvolver o espírito de reflexão e debate
de ideias na Guiné-Bissau e nos guineenses. (http://didinho.no.sapo.pt).
Moema Parente Augel- "O desafio do Escombro". Pág. 104