O CARTEL DE BISSAU
Por: Djiudigalinha
10.03.2007
A Guiné-Bissau, outrora país de brandos costumes, transformou-se de dia para a noite, num país de hábitos marginais.
Num virar de página, a Guiné-Bissau, tornou-se num país virado para o crime organizado, um pais de vendetas políticas, assassinatos à moda do "far-west", um país onde impera o tráfico de influências, negócios obscuros e enriquecimentos ilícitos e,...ultimamente poiso predilecto de gente ligada ao tráfico internacional da droga.
Neste naipe de energúmenos que abalam ao nosso pacato país, temos os mais conhecidos guineenses ligados ao "bas-fond" da droga e que, em tempos andaram foragidos da mãe pátria. Hoje, mercê das cumplicidades emergentes e do dinheiro fácil e sujo com que corrompem as mais altas esferas do poder, semeiam o seu poder e influências pelas ruas e recantos da Guiné-Bissau.
Esses abutres do vício têm poder e dinheiro. Espalham os seus tentáculos pelo triângulo da circulação da droga na Guiné-Bissau situado no eixo:
Quinhamel-Biombo/Arquipélago dos Bijagós/Cufar-Caiar. Essa gente de dinheiro fácil comanda o tráfico da droga de forma impune na Guiné-Bissau... Também aliciam as nossas populações em particular os nossos jovens a enveredarem pelo negócio sujo da droga, recrutando-os para a sua recolha em alto mar e nas nossas costas marítimas, assim como para servirem de "correio" para o seu transporte para destinos europeus e da sub-região onde acabam na sua maior parte nos calabouços de Lisboa ou Dakar.
A meu ver, essa súbita transumância de hábitos deve-se a um só facto: O regresso compulsivo do General Presidente ao poder na Guiné-Bissau.
Esse homem cruel, sem escrúpulos e sedioso do dinheiro fácil, trouxe à colação dos seus interesses obscuros e compromissos inadiáveis, homens e grupos de má reputação, trouxe com ele, toda uma escumalha de marginais, dependentes e errantes da vida.
Trouxe a vilania, o vício do dinheiro e o negócio da droga... enfim, a figura da seriedade do General Presidente espelha-se nos homens que compõem o seu (des) governo e a sua "entourage" política e social.
Como cidadão atento, mas impotente às desventuras do meu povo, vou constatando com imensa tristeza, que a nossa Guiné-Bissau que em tempos recentes estava a submergir e a respeitar-se, voltou a afundar-se irremediavelmente e está a tocar no fundo do descrédito como Nação.
É neste cenário de descrédito e pouca vergonha, que vejo com imensa mágoa, o General Presidente a eliminar os seus adversários de outrora de forma impune, a perseguir e a vexar os seus opositores vivos, a reconstruir o seu império imobiliário como se de um jogo de "puzlle" se tratasse, enquanto o Povo esse morre à fome e de desespero... Vejo-o viajar pomposamente pelo mundo fora levando, acreditem, na sua comitiva oficial até traficantes-biliris; vejo enfim, o nosso General Presidente na sua avidez de dinheiro envolver-se em desavergonhadas negociatas e mesquinhez patrimonial.
Quotidianamente, no trago amargo do meu café da manhã ou da tarde, num qualquer café da urbe... vejo invariavelmente os nossos imponentes "super-ministros" a passearem as suas traficâncias e sinais de enriquecimento rápido. Ora é o da Defesa que mais parece o Noriega do Panamá, ora é o fala-barato das Pescas e Economia Marítima,... De vez em quando o da Energia e Recursos Naturais e quase sempre... o mundano Nado das Finanças... todos eles, ricos de dia para a noite.
A pândega é tanta que vejo os nossos ministros amigos íntimos e "partenaires" dos nossos mais conhecidos traficantes da praça; vejo os nossos governantes a exibirem com desavergonhada opulência carros de luxo e de grande cilindrada pelas ruas degradadas de Bissau; vejo governantes a comprarem vivendas atrás de vivendas, quer em Lisboa ou Dakar e, pagando "cash"; vejo ministros a engrossarem o seu harém de amantes e a espalharem gratuitamente vícios e males incuráveis às nossas jovens raparigas; vejo governantes, colaboradores do regime e os novos ricos da droga a construírem mansões e palacetes de forma desenfreada... enfim vejo na Guiné-Bissau o retorno ao "rabata-rabata" do erário público e a "canhacracia" do mama taco, e agora... a oficialização do Narco-Estado da Guiné-Bissau. Enfim, vejo o Guineense na sua forma original à imagem do General Presidente.
Também vejo, altas patentes militares no Mar Azul em confraternizadas bebedeiras e negociatas de vedetas apreendidas aos traficantes de droga; vejo a nossa tropa a mandar no tráfico da droga; vejo os nossos soldados da Marinha de Guerra apesar dos seus magros salários, prosperarem do dia para a noite (um sargento anda num imponente último modelo coupé da Mercedes, qualquer soldado é proprietário de pelo menos um Táxi Mercedes 190 na praça... Vejo a Marinha de Guerra como o epicentro do tráfico da droga na Guiné-Bissau.
Na actual Guiné-Bissau, o General Presidente não manda, o Estado não manda.
A tropa é que manda, a tropa é que investiga, a tropa é que apreende a droga, a tropa é que guarda a droga, a tropa é que revende a droga, a tropa é dona do país e da droga que circula no pais... O Ministro da Justiça naquele seu ar patético, encolhe os ombros e acha tudo normal... até soltar criminosos.
Minha gente, é fácil de ver de onde vem toda essa "pipa de massa" a circular na Guiné-Bissau.
Sabemos que, em parte vem do erário público, mas também sabemos, que este já não é suficiente para sustentar tão variados e insaciáveis vícios,...porém todos nós sabemos que, a maior parte vem do negócio ilícito da droga. Nesse negócio todos enriquecem, desde o mais alto magistrado da nação, os ministros, os juízes, os militares, os polícias, enfim é o ciclo do novo Cartel a dar cartas em Bissau.
Vejo tudo isso, é verdade, mas também sei que: as Nações Unidas, a CEDEAO e o Gabinete da Interpol, também estão ao corrente da situação, mas... ninguém diz nada!
No Feudo do General Presidente tudo é permitido... até matar impunemente.
Assim, pergunto: Afinal, quem tem medo do General Presidente?
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO