O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DAS NOSSAS CRIANÇAS
Filipe Sanhá *
01.12.2009
Cedo, muito cedo, desde a cientificação da Psicologia, os psicólogos se preocuparam em conhecer os fundamentos do desenvolvimento da nossa inteligência. Evoluímos, desde a nascença, com as evidentes e notórias limitações em termos de capacidades biológicas e cognitivas, por razões que, muitas vezes, fogem à própria razão, mas outras são bem conhecidas, cuja solução está, hoje, perfeitamente, ao nosso alcance. Por isso, o conhecimento e desenvolvimento cognitivo da criança, sempre foi, uma temática que atraiu a atenção de muitos investigadores, psicólogos e educadores. As preocupações com o domínio e manipulação de símbolos, conceitos e princípios, são conhecidas, como determinantes nesta caminhada.
Apesar de outras correntes, emergentes, há décadas, com postulados, opiniões e princípios diferentes, embora não antagónicos, as teses de Jean Piaget, continuam a fazer a diferença, na esfera do conhecimento do nosso desenvolvimento cognitivo, nos momentos cruciais das aquisições dos saberes. Por isso, a interpretação do MESTRE, continua a ser uma referência, universalmente, respeitável, neste domínio do conhecimento. Designou este desenvolvimento infanto - juvenil, como “ operações conceptuais”, que vão até à adolescência. Defendia que a evolução intelectual é descontínua, com estádios sucessivos. Nesta sua investigação, coadjuvado pelos seus proeminentes colaboradores e seguidores, estabeleceu quatro estádios (períodos ou fases), com características cognitivas específicas e diferentes, que são processos de evolução intelectual (cognitivo).
Deste modo, para este MESTRE, podemos destacar o primeiro período desse desenvolvimento, como sensório - motor (do nascimento aos dois anos), seguindo – se - lhe, sucessivamente, o pré-operatório (dos dois aos sete anos), operações concretas (dos sete aos onze anos) e o formal (dos onze aos quinze anos).
No domínio da Psicanálise, Freud também postulara outros estádios de desenvolvimento intelectual da criança, apoiado e contrariado, por vezes, e, em determinados aspectos, e momentos pelos seus próprios seguidores, tais como, o Jung, Adler e Melanie Klein. No entanto, destaque – se, que estas oposições só vieram contribuir, robustecendo as suas teses.
Todos estes estádios são muito importantes, embora me pareçam ser, os dois últimos, os que mais preocupam a esmagadora maioria dos pais, por representar a entrada na vida escolar, propriamente dita, suscitando, assim, uma discussão científica mais acentuada. Por isso vale a pena caracterizar estes dois últimos estádios:
FASE OPERAÇÕES CONCRETAS (dos sete aos 11 anos): pensamento em sistemas coerentes, dando respostas coerentes e lógicos; aquisição de noções difíceis de conservação de peso e de volume; aquisição de conceitos de tempo, espaço, número, lógica, mas com limitações ao nível do pensamento hipotético.
FASE DE OPERAÇÕES FORMAIS (dos 11 aos 15 anos): abstracção, formulação, verificação de hipóteses e lidar com a realidade objectiva.
Segundo Piaget, para atingir esta última fase, que é o momento decisivo do desenvolvimento intelectual, a criança tem que passar pelos sucessivos e gradativos períodos anteriores. Todavia, as variações individuais e ambientais (destaco: factores culturais, condições sócio -económica, clima familiar, políticas públicas do sector, etc. …), contribuem, significativamente, para este desenvolvimento, dotando-o de características específicas.
Embora não devamos assumir estas posições de forma absolutista e universal, a sua observação e adaptação a cada identidade cultural, social e realidade, podem favorecer o crescimento e desenvolvimento intelectual (cognitivo), como um processo multifactorial.
Daqui apelo aos colegas, psicólogos e outros profissionais afins, nacionais e estrangeiros, residentes ou no estrangeiro, que empreendam projectos educativos nesta matéria, porque me parece, uma forma essencial, fundamental e contributiva para um verdadeiro desenvolvimento, a prazo, do próprio País.
Na realidade, no nosso País, persistem carências ao nível de quadros neste nível de ensino, bem como políticas públicas proactivas que abranjam, igualmente, as infra-estruturas escolares, materiais e didáctico - pedagógicos, mas as nossas intervenções particulares/singulares e associativas, embora casuísticas, podem colmatar as lacunas públicas, actualmente existentes.
“ DEVEMOS TER SEMPRE PRESENTE QUE O CHORO, LÁGRIMAS E O DESESPERO DAS NOSSAS CRIANÇAS, RELEVANTES Á DEPRESSÃO INFANTIL, SÓ NOS TRARÃO PROBLEMAS AINDA MAIORES, NO FUTURO, COMO GOVERNANTES, DE PLENO DIREITO QUE SERÃO, GARANTIDAMENTE”. Filipe Sanhá
Nha Mantenhas
Filipe Sanhá
* Psicólogo, Mestre e Doutorando pela Universidade de Coimbra (Portugal)
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO