O DOMÍNIO DO SOTAQUE NUNCA FOI, NÃO É E NUNCA SERÁ SINÓNIMO DE INTELIGÊNCIA
M’bana N’tchigna * 10.05.2013 Não se deve confundir domínio do sotaque com o domínio da língua gramaticalmente. Muitas pessoas confundem domínio do sotaque com o entendimento da língua. Expressar bem a língua portuguesa ou qualquer outra que seja, não significa necessariamente, que a pessoa entende e compreende gramaticalmente português ou outra língua melhor do que quem fala com sotaque. Quando se fala sem sotaque, é falar perfeitamente dentro do sotaque da língua. O que não significa, por si só, que haja perfeição gramatical de quem fala. Posso ser mancanhe, (uma das etnias guineenses) sem o domínio do sotaque braasa (balanta) também outra etnia do mesmo país, perfeitamente dentro da exigência dessa língua. Mas quem é braasa (balanta) pode me entender quando estou comunicando. Até o português que não nasceu e nem conviveu com a língua nativa, não é obrigado a falar perfeitamente o sotaque luso. Os guineenses, tal como qualquer outro povo de um país que sofreu ação colonizadora, não são obrigados a falar com sotaque português e muito menos, a agradar quem quer que seja com embelezamento do sotaque. Pois não nasceram e nem viveram em Portugal. Factor que poderia ser facilitador do domínio do sotaque. Os guineenses nasceram falando fula, nalu, crioulo, mandinga, braasa (balanta)... É óbvio que falamos português com sotaque. O que não significa que temos que ser humilhados ou constrangidos por alguém que vê a relevância no domínio do sotaque apenas. Sotaque não foi, não é e nunca será sinônimo de inteligência. Há dois anos através de um canal televisivo português assisti a um programa emitido a partir de Portugal cuja abordagem era o conhecimento de algumas expressões, palavras, termos e seus significados dentro da língua lusa. Alguns dos participantes no programa, mesmo nascidos em Portugal e com aparente domínio da língua, cometeram erros nas respostas sobre os significados das expressões, das palavras e dos termos em questão, relacionados com o próprio idioma materno. Se isso acontece com os portugueses, errando na definição das expressões, palavras e nos termos, da língua que é deles, que diremos então, nós que tivemos contato com essa língua no processo de colonização? A meu ver, as declarações proferidas pelo Dr. José Ramos-Horta relativamente a um pronunciamento do Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau, o Dr. Abdu Mané, só podem ser interpretadas e entendidas como a ideologia de mais um, entre muitos que conheço, que pensam que dominar o sotaque português torna-os semelhantes aos portugueses e que isso é sinônimo de inteligência. Ao Dr. José Ramos-Horta se pede que respeite o Procurador-Geral da República da Guiné Bissau Dr. Abdu Mané evitando declarações irônicas quando refere que ele não entendia a fala do Dr. Mané porque esse falava em chinês. Perguntamos: Dr. José Ramos Horta, se fosse solicitado a falar a língua crioula (kriol) da Guiné Bissau, falaria sem sotaque? Reflita... M’bana N’tchigna * Licenciado em Filosofia e bacharel em Teologia
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