O Futuro tem que ser mais forte que o passado
Olá Didinho...
Meu caro amigo e professor que a vida me ofereceu. É muito bom saber que está bem de saúde! Eu infelizmente não tenho tido tempo para muita coisa. Desde que comecei a trabalhar o tempo não me chega. Mal saio da escola às 18:20, vou correndo para o trabalho no qual entro às 19:00 e saio às 23:00, chegando a casa por volta da meia-noite e, por ter que preparar as coisas para as aulas do dia seguinte, chego a ir para a cama por volta da 01:00 hora. Por estes motivos tenho estado um pouco "afastado" do Projecto. Mas é claro que, inspirado por si, na sua forma de organização, tento sempre arranjar tempo para dar uma olhada no site e escrever alguma coisa. Um forte abraço e força no trabalho...
Por: Edson Incopté *
10.04.2008
Parece que na Guiné-Bissau o passado persiste em ser mais forte que o futuro! Anos passam e nada muda. Continua tudo preso ao passado como se não fosse necessário trabalhar o futuro. Aqueles que hoje deveriam ser gloriosamente recordados continuam a querer fazer parte activa do presente e a destruir aquilo por que eles mesmos lutaram (parece controverso mas é verdade, os maiores inimigos da Guiné, são os que por ela lutaram). A Guiné e os Guineenses insistem em viver no atraso do passado, dispensando inúmeros caminhos para o desenvolvimento. Uma grande prova disso foi sem dúvida o regresso de Nino Vieira ao país. Depois de tudo o que aconteceu durante a Guerra de 1998 e antes disso, depois de tanta gente perder a vida naquela que muitos julgaram que pudesse ser o nosso “25 de Abril”, o senhor Nino Vieira voltou como se nada tivesse acontecido e teve direito a uma recepção digna de um Messias. Por esse motivo concordarão comigo se exprimir, com muita mágoa minha, que uma boa fatia de culpa da situação da Guiné-Bissau vai para o seu povo! Os múltiplos governantes continuam constantemente a herdar a ganância, a malícia e a má vontade dos seus antecessores! É sem sombra de dúvida importante olhar para o passado, pois só dele se constrói um futuro digno e sustentável. Quando me refiro a olhar para o passado, é olhar com orgulho do que se praticou. Mas é também igualmente importante saber desligar-se do passado e perspectivar o futuro, principalmente quando já se chegou à conclusão de que existem pessoas que mais valia terem ficado no passado. É preciso que a juventude Guineense, tanto na Guiné como na diáspora, não se deixe infectar pelo vírus do desleixo (criól fala amontóndadi). Sobretudo os que estão na diáspora, que devem se consciencializar que têm uma oportunidade que muitos que estão na Guiné não têm. Passado… toda a gente tem! Referências… todos temos! Mas é essencial não viver do passado e seguir as referências. Não podemos nunca ter as nossas referências como expositores ou fotografias, adorá-las e falar delas quando nos convém. Devemos tentar minimamente seguir as suas acções, imitar a sua forma de vida, tê-los sempre como exemplo no nosso dia-a-dia, mas sempre com a noção de que os tempos são outros. Durante o tempo que estive na Guiné em 2007 reparei que havia muitos jovens com tatuagens do Che Guevara, mas no entanto fiquei com a sensação de que muitos deles não incorporaram o espírito desde Guerreiro, desde verdadeiro cidadão do mundo tal como Amílcar Cabral. Por outras palavras, eles só têm a tatuagem por gosto não tentam sequer imitar aquele que suponho considerarem uma referência. Juventude guineense, temos que olhar a nossa vida como um desafio dum atleta em alta competição, depois do tiro de partida só a meta interessa e a nossa meta é o futuro. Temos que traçar e seguir o nosso caminho. Ter a consciência que o futuro somos nós e não os outros. É hora de apostarmos na nossa força de vontade, pois só com muita força de vontade o caminho é encurtado e a caminhada fica mais fácil.
* 20 anos de idade, estudante do Curso Profissional de Informática de Gestão VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! Associação Guiné-Bissau CONTRIBUTO |