O PERCURSO DE UM GÉNIO
Por: Fernando Casimiro (Didinho)
24.06.2007
Este trabalho é uma aposta na apresentação e divulgação de referências nacionais consagradas, quadros de valor reconhecido e que se tornaram referências longe da Pátria que os viu nascer, mas, dando prestígio ao país, por serem guineenses e se assumirem orgulhosamente como tal, independentemente do exercício das suas funções e actividades, onde quer que se encontram.
Na minha opinião, o país, através dos órgãos competentes, deve elaborar um Plano/Programa de incentivo aos melhores quadros nacionais, (melhores, pelo desempenho e reconhecimento) tanto os que se encontram no país, como os que se encontram na diáspora, que são em maioria.
A Guiné-Bissau tem no exterior quadros de valor nas mais diversas áreas de formação, sendo que a nível académico temos Professores em várias Universidades ou equiparados, de países tais como os Estados Unidos, o Brasil, Portugal, Cabo-Verde e Senegal.
Temos uma particularidade que nos faz olhar o futuro de fora para dentro, pois neste momento, os nossos melhores quadros estão no exterior e é por isso que convém desenvolver um Programa que incentive os nossos quadros mais bem posicionados nas diversas áreas de formação e acção profissional e que se encontram no exterior, a serem parte do programa/modelo de desenvolvimento que se pode projectar e edificar para a Guiné-Bissau.
Se tivermos em conta que a maioria destes quadros, pela ocupação que têm não lhes passa pela cabeça o envolvimento em acções políticas, já em relação às suas participações no apoio ao desenvolvimento do país poderemos contar com as suas influências (fruto do mérito conquistado junto das entidades e organismos que representam), para a captação de apoios específicos quanto à especificidade das suas áreas de intervenção e fazer chegar esses apoios ao país.
O Governo, seja ele qual for, deveria atribuir o estatuto de Embaixador de Boa Vontade aos melhores e mais representativos quadros nacionais, incentivando-os para um desafio e uma "responsabilização" moral na captação de apoios através de parcerias com as entidades e organismos que representam, nas diversas oportunidades de apoio, que não unicamente de foro financeiro, o que tenho a plena convicção, permitiria uma melhor coordenação das diversas áreas sectoriais de desenvolvimento do país.
Os melhores quadros, fruto do reconhecimento das suas capacidades pelas entidades que representam, deveriam igualmente ser ouvidos nas grandes decisões onde as intervenções/opiniões técnicas são mais importantes do que as intervenções/opiniões políticas, de forma a darem os seus pareceres técnicos, pois se são capazes de estar no topo de instituições e organismos internacionais, também as suas competências técnicas devem ser reconhecidas e aproveitadas pelo Governo do país que também é deles.
Hoje dou-vos a conhecer um conterrâneo, colega e amigo de infância, que não vejo desde 1980, altura que veio para Portugal prosseguir os seus estudos.
Joaquim Silva Tavares, o nosso Djoca, Professor e Médico na Universidade de Nevada - Las Vegas - Estados Unidos.
Conheço o Djoca dos tempos da escola, ele da idade do meu falecido irmão Beto Casimiro, colegas de turma inclusive e eu da idade, mais coisa menos coisa, do seu irmão mais novo, o Ká, que também foi meu colega no Liceu e na Escola Nacional de Judo em Bissau.
Do Djoca posso dizer que se trata pura e simplesmente de um GÉNIO!
Foi no Liceu Nacional Kwame N'Krumah que passei a seguir, com gosto e orgulho, o seu desempenho como aluno invulgar.
Lembro-me que ele era o que se podia chamar de "Senhor Excelência, ou Senhor 20 valores"
Tenho na memória o facto de, normalmente, o Djoca conseguir tirar nota 20 em quase todas as disciplinas do ano escolar em que estava envolvido. Não me esqueço de ver grupos de pessoas em frente ao painel com as notas da turma a que o Djoca pertencia, sendo que quando essas notas eram afixadas nos painéis e não nas vitrinas, por isso, nem sempre bem protegidas, ou às vezes nem sequer eram protegidas com plástico transparente, a pauta da turma do Djoca ser massacrada, chegando ao ponto de o seu nome e notas ficarem completamente realçados pelo passar dos dedos de curiosos que queriam saber as suas notas!
Tinha orgulho em saber que um estudante guineense conseguia ser excelente no seu desempenho escolar, mas também tinha uma grande admiração por saber que o Djoca era humilde, pacato, cultivador de bons princípios, uma pessoa cordial, um manso, como costumamos dizer!
Sempre tive a certeza de que onde quer que o Djoca fosse continuar os seus estudos, seria uma pessoa especial. Tinha a certeza de que para ele não haveria condicionalismos de adaptação ao meio onde iria prosseguir os seus estudos, porque sabia que aquela cabeça que dominava a matéria escolar que lhe era transmitida, se o conseguia em Bissau haveria de consegui-lo em qualquer parte do Mundo, pois Djoca era em Bissau e é nos Estados Unidos um Génio!
De 1980 até hoje nunca mais nos vimos, pois eu também me ausentei da Guiné desde 1981.
Como mantenho um óptimo relacionamento com o Ká, seu irmão, consegui, por seu intermédio saber novidades do Djoca e inclusive o seu contacto, o que me permitiu "reencontrá-lo".
Recentemente lancei-lhe um desafio, o de dar-se a conhecer, no sentido de partilhar as suas experiências do percurso da Guiné aos Estados Unidos com passagem por Portugal, aos nossos jovens.
É preciso que referências nacionais, dignas do termo, sejam dadas a conhecer às novas gerações.
O Djoca não hesitou e aceitou o desafio.
Quero realçar o facto do Djoca ser um cumpridor (ele que à partida tem pouco tempo disponível na sua árdua missão diária), pois nos dias combinados, recebi sempre os materiais que se disponibilizou a escrever e enviar para eu desenvolver este trabalho.
Quero realçar igualmente que o Djoca não fez nenhuma relação entre a minha forma de pensar e ver a Guiné, com o aceitar do desafio que lhe lancei, pois, o que nos une neste trabalho, é o interesse em darmos o melhor de nós próprios para o país, o que não implica necessariamente uma abordagem política ou uma afinidade ideológica, como fundamento de alguma tese que possa vir a servir de oportunismo para qualquer análise interpretativa sobre este trabalho.
Espero contactar mais quadros nacionais espalhados pelo Mundo, no sentido de lhes lançar o mesmo desafio que fiz ao Djoca, estando convicto de que as suas experiências, as suas referências, serão suportes importantíssimos na orientação e formação dos nossos jovens.
Aproveito para agradecer ao Djoca toda a disponibilidade para este trabalho e felicitar-lhe pelo brilhantismo das suas prestações nos Estados Unidos.
Tal como me disse, dentro de 3 a 5 anos deve abraçar a tempo inteiro as áreas do Ensino e da Investigação, o que acredito vir a ser uma nova etapa, um novo desafio às suas potencialidades que lhe poderão, quem sabe, fazer-se destacar na área da Investigação e, ele que é um recordista de prémios, poder um dia vir a prestigiar a Guiné-Bissau com prémios de renome mundial.
Não alongo mais, pois falar do Djoca, só mesmo o próprio Djoca, tal como se disponibilizou a escrever, partilhando igualmente fotografias do seu percurso de vida.
Vamos continuar a trabalhar!
DA GUINÉ-BISSAU AOS ESTADOS UNIDOS
Por: Joaquim Silva Tavares (Djoca)
Junho de 2007
O Professor Joaquim Silva Tavares (Djoca) na companhia dos seus alunos na Universidade de Nevada - Las Vegas
É preciso dizer aos jovens da nossa terra que nada é impossível na vida (não importa se nasceste em Bissau, Pirada, Bafatá, Farim, Bolama ou Catió, "the sky is your limit - o céu é o teu limite".
Nunca devemos ter medo de lutar para concretizarmos os nossos sonhos; como disse Franklyn Delano Roosevelt: (the only thing we have to fear is fear itself - a única coisa que temos que temer é o próprio medo).
Olá Didinho!
Como prometi, hoje vou começar a fazer um relatório do meu percurso desde a Guiné até aos Estados Unidos!
Antes de mais, gostaria de clarificar alguns pontos e fazer algumas notas:
Para qualquer jovem guineense que tenha aspirações, sonhos de fazer algo na vida, o conselho é: nunca deixes ninguém dizer-te que é impossível realizares o teu sonho; na vida, nada é impossível; lembro-me da minha primeira semana em Nova Iorque em que alguns guineenses (bem intencionados, devo dizer, porque não queriam ver um conterrâneo fracassar) disseram-me que não foi uma boa ideia vir tentar fazer a especialidade nos Estados Unidos porque era mesmo quase impossível conseguir entrevista nos hospitais, quanto mais ser contratado para trabalhar, devido à aguerrida concorrência.
Mas para quem cresceu nos bairros de Bissau, testemunhando jovens estudando à luz dos candeeiros das ruas ou jovens levantando-se de madrugada (4 ou 5 horas da manhã) para aproveitar a luz natural para estudar antes de ir para a fonte apanhar água para se levar e depois ir para as aulas, nenhum desafio é impossível.
Sempre tive uma grande admiração e idolatria por indivíduos como o Abraão, o Gungo Pinhel, Francisco Gaspar, Azi Monteiro, Augusto Cassius e outros que me perdoem a falha, os nomes estão agora nublados na minha memória, que conseguiram ultrapassar muitas barreiras académicas e da vida à custa do poder do cérebro e trabalho árduo (aproveito aqui para lhes prestar homenagem, porque sem a inspiração deles, eu não seria metade do que sou agora).
Outro grupo de pessoas que também foram sempre fonte de inspiração para mim (estes já fizeram parte do meu circulo académico) como o Nado Cardoso (Padjinha), o Beto Casimiro (Pato) no ciclo preparatório e do Adulai Silá, o Júlio (Django), o António Pedro (Brice), o Augusto Mansoa, o Quintino Fernandes, o Renato Cabral, o Tolentino, o Nato (Fortunato), o Soares Sambú, o Filomeno (Cuca), o Dofi, o Bubacar Baldé, o Embaló, o Gaston Leboucher (Tom de Bolama), o Abelha, a Dulcelina Perdigão, o Vivaldo e o Jaime Delgado no liceu que pela força da inteligência, trabalho árduo e disciplina sempre nos puxamos uns aos outros até ao limite, cada um dando o seu melhor para ser o melhor, sem golpes baixos, sempre "fair game".
Sempre que ganho um prémio académico aqui nos Estados Unidos, os meus primeiros agradecimentos vão para eles!
Um ponto que queria fazer referência é a importância do núcleo familiar; grande parte do nosso sucesso devia-se a um forte núcleo familiar e o sacrifício dos nossos pais foi sempre uma fonte de inspiração para todos nós.
Outro ponto que queria abordar é tentar encorajar mais jovens para virem aqui aos Estados Unidos tentar realizar os seus sonhos; digam o que disserem, aqui ainda é uma terra de oportunidades, onde o talento académico é ainda bem compensado e é uma experiencia sem igual contactar com as melhores "cabeças" provenientes de todas as partes do globo; fico um pouco desiludido e ao mesmo tempo desapontado quando vou a conferências e apresento-me como guineense e as respostas ou perguntas são invariavelmente: oh! é o primeiro médico da Guiné-Bissau trabalhando nos Estados Unidos que eu conheço: ou ?disseste, New Guinea, ou Gana, etc.
O processo no que se relaciona à área de medicina é o seguinte, para quem estiver interessado:
1- Não há bolsas de estudo para internato ou especialidade.
2- Há um exame que é o USMLE (United States Medical Licensing Examination) que se faz em três etapas (se passares a etapa 1 e 2, não esperes pela etapa 3, porque esta se pode fazer depois de dois anos de residência)
3- Depois de passar os exames, tenta-se arranjar entrevistas com os hospitais (quanto mais hospitais contactares, melhor)
4- Depois das entrevistas, esperas pelas escolhas (geralmente em Março de cada ano).
5- Se fores aceite por um hospital, tentas aplicar para um visto (geralmente J1-visto de trabalho)
6- Para Medicina Interna, tens três anos de treino intensivo: para cirurgia, 5 anos, para ginecologia - 4 anos.
7- Depois da especialidade, podes optar por trabalhar ou fazer uma sub-especialidade (fellowship) que são mais 2 a 4 anos.
8- Neste ponto, podes seguir uma carreira privada, académica ou uma combinação das duas.
Prémio de melhor Professor do ano, distinção conseguida por 4 vezes nos últimos 4 anos!
DE BISSAU A LISBOA
Festa dos finalistas 1978 (Bissau)
Deixei a Guiné em 1980 (5 de Janeiro) rumo a Portugal, e como qualquer jovem na altura, não foi fácil.
À época, as bolsas de estudo eram atribuídas por uma combinação de dois factores (méritos académicos e méritos políticos); quanto aos méritos políticos, toda a gente sabia que eu sempre fui um desastre, nunca fui e nunca serei um animal político (há pessoas que nasceram ou se cultivaram para a política; eu não); como conclusão não consegui a bolsa.
Lembro-me na altura de que a Biblioteca de Bissau estava fechada, não havia cinema (a UDIB não projectava filmes) e era a altura das férias o que significava que não havia futebol ou colegas para jogar futebol; foi um dos períodos mais miseráveis da minha vida - passava as horas sentado nas escadas da sede do Benfica a pensar no futuro ou na falta de futuro...nada pior para um jovem de 18 anos quando pensa que não há luz ao fundo do túnel.
Nessa altura, eu, o Jaime Delgado e o Iano (Graciano Xavier), decidimos comprar bilhetes e tentar a sorte com o futebol profissional em Portugal.
Na véspera da nossa partida, lembro-me de ter tido uma longa conversa com os meus pais e acabei por desistir dessa opção.
Dias mais tarde, informaram-me que afinal tinha a bolsa (rumores dizem que foi o senhor Manuel Saturnino que os pressionou, outros dizem que foi uma outra pessoa, não sei; mas quem quer que fosse, os meus profundos agradecimentos, porque salvou o meu futuro e a minha carreira).
Djoca ao colo da mãe e na companhia do pai e irmão mais velho, Galileu, que viria a falecer mais tarde
Como tudo nessa altura (1980), quando chegamos a Lisboa, nada estava planeado: à nossa espera, estava um primo do Dofi (Domingos Figueiredo) que conseguiu fazer alguns telefonemas e conseguimos um apartamento em Entrecampos: claro que tivemos de partilhar um quarto com outros indivíduos (no grupo, éramos, salvo erro, 7: o Dofi, o Martinho, o Bubacar Baldé, eu, o Adelino (irmão do Fufú) e o Canas.
Eu e o Bubacar partilhámos um pequeno quarto com 6 outros indivíduos da Guiné que estavam a trabalhar na construção civil e os outros fizeram o mesmo.
Como esses indivíduos (trabalhadores árduos devo dizer), terminavam o trabalho às 8 e chegavam a casa só às dez da noite, desenvolvemos uma estratégia eu e o Bubacar: vínhamos da faculdade às 4 - 5 da tarde, íamos dormir até às 10 da noite e começávamos a estudar das 11-12 da noite até às tantas e depois íamos para a Universidade.
Finalmente foi possível mudar para um novo apartamento, alugamos dois quartos e esses dois quartos eram ocupados só por estudantes, sendo os restantes três quartos ocupados por dois casais de origem indiana retornados de Moçambique.
Nessa altura, era eu, o Dofi, o Martinho, o Canas, o Bubacar Baldé, o Nélson Menezes, o Adelino e o Zeca Góia.
Já lá iam 3 - 4 meses e nem sinal do dinheiro da bolsa: o proprietário do apartamento decidiu cortar a água e como podes imaginar foi um pandemónio danado: para tomar banho, íamos apanhar água aos fontanários públicos e para fazer outras necessidades, tínhamos que ir aos locais públicos.
Durante todo este período, o que nos valeu foi a nossa unidade e espírito de sacrifício (o Bubacar era o nosso líder espiritual, um indivíduo de baixa estatura mas uma vontade de gigante; o Dofi era o nosso comandante de campo - muito prático, sempre com vontade de se sacrificar pelo grupo; o Martinho era o optimista - tudo vai estar bem; o Adelino era o que conhecia os pontos fracos de cada um de nós e sempre pronto a pregar partidas e o Canas era o homem dos projectos, sempre sonhando com grandes coisas.
Apesar de tudo o que se estava a passar na Guiné desde a independência, esse grupo de indivíduos fez-me acreditar que os guineenses podem trabalhar juntos e conseguir muitas coisas positivas, sem necessidade de mentiras, ódios e cobiça.
Com todas as nossas peripécias, infelizmente alguns membros do nosso grupo ficaram afectados e não conseguiram produzir na escola, apesar de serem das melhores "cabeças" com que tive o prazer de conviver até agora (incluindo indivíduos que conheci aqui nos Estados Unidos).
Por sorte, consegui ultrapassar o primeiro ano sem problemas (não com notas extraordinárias, mas de normais a excelentes).
Ultrapassado o primeiro ano, os outros 5 anos foram excelentes e aqui também agradeço a indivíduos como o Tó Cabral, o Humberto, o Nato, o Tolentino, o Seco Seidi, o Gungo, o Chico Gaspar (da Guiné), o Nuno Abecassis e a Gioconda que me puxaram aos meus limites e me puseram no topo.
Uma nota, depois de um ano em apartamentos, conseguimos mudar para as residências universitárias (uma das outras razões do meu sucesso académico); tive a sorte de mudar para a residência do Lumiar onde tive a grande sorte de conhecer o Gungo (João Procópio Pinhel): de todos os indivíduos que tive a oportunidade de conhecer na minha vida, o Procópio é o que mais se aproxima da definição de "sábio"(wise man), sempre analisando tudo e não se deixando levar por primeiras impressões, (penso que herdou estas características através da mãe).
Depois de acabar o curso em 1985, fiz o mandatório Internato Geral até 1987; em 1986, fui de férias à Guiné visitar a família e amigos e para dizer a verdade não gostei daquilo que vi: amigos e conhecidos que na altura em que parti da Guiné tinham um futuro promissor, agora lutando só para ver o dia seguinte, sem esperança no futuro; corrupção, etc. mas o que mais me surpreendeu foi um aviso unânime de amigos e "velhos da tabanca" para eu não voltar para a Guiné para trabalhar, se quisesse ter futuro!!!.
De volta a Portugal, depois de acabar o estágio e quando me estava a preparar para fazer o exame de entrada para a especialidade, saiu uma lei (a ministra na altura era a Sra. Leonor Beleza) em que só podiam fazer o exame os indivíduos com nacionalidade portuguesa: foi um outro banho de água fria, porque não queria que o resto da minha carreira fosse um projecto inacabado.
Como disse Richard Nixon aquando do watergate scandal:"when things get tough, the tough gets going";
Fiquei algum período sem trabalhar, mas isso deu-me bastante tempo para estudar e fazer o exame de entrada para as especialidades nos Estados Unidos (nessa altura, alguns colegas portugueses aconselharam-me a não fazer esse exame porque era muito difícil e mesmo passando tinha mínimas hipóteses de ser aceite nos hospitais dos Estados Unidos, como aconteceu com mais de 90% dos que tentaram; mas, não há impossíveis na vida, nunca devemos ter medo de perseguir os nossos sonhos e como Franklin Delano Roosevelt disse: the only thing we have to fear is fear itself.
Para começar, como percebia pouco de inglês, tive que começar a aperfeiçoar-me ouvindo os relatos de futebol através da BBC, ouvindo a Rádio Voz da América e, finalmente, frequentando o American Language Institute em Lisboa.
Depois disso estudei e fiz o tão famigerado exame (era conhecido como o FMGEMS, agora é o USMLE), passei e comecei os preparativos para a odisseia americana.
Como um meio de continuar o adágio latino/grego de mente sã em corpo são, durante toda a minha vida sempre tentei praticar uma modalidade desportiva e em Portugal tive tempo e prazer de jogar e confraternizar com muitos amigos através do futebol; foram bons tempos.
Uma das nossas equipas de futebol em Portugal (de pé: Josué, eu - de fato de treino vermelho, Canas e Cesário; agachados: Zeca Góia, Mário Paulo e Seco Seidi)
DE LISBOA A NOVA IORQUE
A minha partida de Lisboa para Nova Iorque e os meus primeiros seis meses nos Estados Unidos.
Como que por coincidência, parti para os Estados Unidos no mesmo dia que parti da Guiné para Portugal (5 de Janeiro).
Depois de passar o exame (FMGEMS), enviei algumas cartas pedindo entrevistas para os hospitais: obtive uma dezena delas, mas o dinheiro que poupei na altura não dava para ir a todas (viajar de uma ponta dos Estados Unidos para a outra, custa uma fortuna).
De início, pensava chegar lá, alugar um quarto, ir para as entrevistas, e enquanto estava à espera para começar a especialidade, fazia alguns trabalhinhos só para sobreviver. Na véspera da minha partida, o Ká, meu irmão e a esposa Ruth deram-me o número do Daniel Almada (irmão da Ruth) e esse acto foi providencial, porque o dinheiro que poupei, como mais tarde viria a saber, só dava para comer e ir às entrevistas.
E assim, no dia 5 de Janeiro de 1991 parti para a minha aventura americana; o nosso avião atrasou-se e tive a oportunidade de conhecer um individuo do Zimbabué, falamos da infeliz realidade dos países africanos, quando os filhos da terra tinham que emigrar para poderem ter alguma formação, etc.
Chegamos ao aeroporto JFK às 6 da tarde e aí estava o Daniel à minha espera; ele e a mulher receberam-me muito bem e fiquei em casa deles durante os três meses necessários para as entrevistas.
Antes de ir às entrevistas, tive tempo de ir ate Bridgeport (Connecticut) para a vigília do falecido Manuel Tuboca e aí tive a oportunidade de ver muitos guineenses radicados nos Estados Unidos (Nando Davis, Deco, Paquete Rosário e o Adérito, entre outros).
Voltando à realidade, a minha primeira entrevista foi em Cleveland (Ohio): apanhei um comboio em Manhattan, rumo a Washington DC e de DC partimos para Pittsburg, onde mudamos de comboio, chegando a Cleveland às 2 da manha de domingo. Consegui alugar um quarto de hotel para descansar, pois a entrevista estava marcada para segunda-feira às 7 da manhã. Levantei-me às 10 da manhã e fui comprar algo ao supermercado mais próximo (nunca deparei com frio mais terrível na minha vida; esqueci-me dos meus livros de história que Cleveland estava na região dos Grandes Lagos e o frio era de matar; mas lá consegui sobreviver).
A entrevista correu bem, a competição era dura, com estudantes americanos, europeus, asiáticos, etc. competindo para 10 a 15 vagas, mas era preciso esperar pelos resultados que só seriam conhecidos 2 meses depois.
Acabada a entrevista, foi uma corrida contra o relógio para o aeroporto, porque tinha que apanhar um avião para a minha entrevista em Asheville (North Carolina); como não havia voo directo, paramos em Atlanta (Georgia) e apanhamos um outro avião para Asheville; aluguei um quarto de hotel (parecia mais o motel do filme PSYCHO) e fui para a segunda entrevista que também correu bem, mas ainda tinha que esperar 2 meses antes de saber o resultado final (o processo é sempre o mesmo: tinham que rever 300-500 aplicações, etc.)
O meu comboio de volta a Nova Iorque saía de Greenville (South Carolina) às 10 da noite; como não tinha dinheiro suficiente para um táxi, andei 3 milhas (4 quilómetros) com a minha mochila (até parecia o rambo) para a estação de autocarros.
Foi ali, enquanto estava à espera do meu autocarro, que vi e ouvi na televisão o George Bush (pai) declarar a primeira guerra do golfo.
Finalmente partimos e chegamos a tempo de apanhar o comboio em Greenville e voltar a Nova Iorque.
Depois de alguns dias de descanso, fui para a minha última entrevista (desta vez em Queens - New York); ali, depois de falar com um médico entrevistador (Dr. Pizzolla, um grande amigo mais tarde), fui contratado à primeira.
Estava lançada a primeira pedra!
Como já não tinha mais dinheiro, enquanto estava à espera para começar a trabalhar/especialidade, resolvi voltar para Portugal em Março e trabalhar por 3-4 meses, poupar mais algum dinheiro e voltar (não podia trabalhar nos Estados Unidos, porque não tinha visto de trabalho).
De regresso a Portugal, mais um contratempo: o agente do serviço de fronteiras pensou que algo estava mal com os meus documentos e não acreditou quando lhe disse que ia regressar aos Estados Unidos para trabalhar como médico (mostrei-lhe o cartão que me deram no hospital, mas ainda assim não acreditou) e fiquei detido no aeroporto até que o Francisco Gaspar (Chico) deu algumas voltas, falou com alguns indivíduos bem posicionados no Serviço de Estrangeiros e finalmente fui libertado 4 horas depois.
Depois de 3 meses a trabalhar no Centro de Saúde de Benfica e a fazer alguns atendimentos domiciliários, consegui juntar algum dinheiro que ainda não era suficiente (aqui o Gungo e o Chico Gaspar deram-me ajuda para completar o orçamento, comprar um bilhete e ainda ter algo para sobreviver ate começar a receber ordenado nos Estados Unidos.
Voltei a Nova Iorque e depois de uma semana em casa do Daniel, mudei para mais perto do hospital e começamos uma semana de orientação. Ia tudo de vento em popa, até que recebi a notícia de que o processo de aprovação do visto de trabalho estava muito moroso e que tinha de ir ao Canadá para acelerar o processo.
Eu e mais um amigo, agarramos nas maletas e partimos para Toronto, mas contrariamente ao que nos tinham dito no hospital, era necessário ter visto para passar a fronteira (lá fomos apanhados na fronteira e recambiados para Buffalo - New York).
Em Buffalo, deram-nos o visto e partimos para Toronto onde ficamos em casa de alguns amigos do Beto (Ledo Pontes Landim), era o Epifânio, o Tcherno e o Geraldo Furtado. Aí também tive a oportunidade de ver um tio meu (Sebastião de Carvalho) que não via há séculos.
Na embaixada dos Estados Unidos em Toronto, recusaram-nos o visto e para mim tinha que ir de volta a Portugal ou à Guiné para obter esse visto de trabalho.
Lá tive que voltar a Portugal, obter o visto no mesmo dia e partir 2 dias depois de volta aos Estados Unidos.
24 horas depois, começava a minha jornada como médico nos Estados Unidos.
Muitas peripécias, mas é para que quem quer que venha a ler estas páginas, saber que nada na vida é gratuito, a vida é uma luta constante, há sempre pessoas e acontecimentos a testarem a tua vontade de triunfar, o teu espírito de luta; mas quando tens um objectivo na vida, um plano, não pares, vai até ao fim!
Didinho!
Obrigado por me teres enviado um resumo do teu percurso desde que saíste da Guiné!
O facto de teres viajado por 60 países dá-te uma vantagem tremenda em relação a todos nós, porque sempre fui da opinião de que quanto mais contactos tivermos com outras culturas, outros povos, mais sabedoria acumulamos e mais cientes/sensibilizados ficamos com as aspirações, as ambições de outras pessoas e mais respeito temos pela vida dos que nos rodeiam.
Na altura em que comecei a residência em Medicina Interna, pensei que estava preparado para tudo; mas estava muito enganado; em Portugal, na altura, o Internato Geral era como um passeio (entravamos às 8 da manha e saíamos à 1-2 da tarde se não estivéssemos de banco; não contando com o problema da nacionalidade, uma das razões que me fizeram optar pelos Estados Unidos, era que na altura em Portugal, não senti que estava a desenvolver os meus potenciais ao máximo; estava muito relaxado e não nos exigiam muito.
Os primeiros meses de residência foram árduos, fatigantes, torturantes, mas muito frutíferos (entravamos às 6 da manhã: começávamos com os "sign out rounds", em que os colegas que trabalharam à noite nos davam um apanhado dos acontecimentos, novos doentes, etc.; às 7 , tinha que ver os doentes, escrever as minhas notas e estar preparado às 9 para o "morning report" onde um de nós era torturado durante a apresentação de um caso clínico, e devias estar sempre preparado ou eras "lançado à fogueira"; às dez, íamos outra vez acabar de ver os doentes e fazer rondas com um attending até às 12 , hora do "journal club", em que discutíamos os últimos avanços que um de nós leu no New england journal of medicine ou num outro jornal médico qualquer.
Da 1 até às 6 da noite era continuar com os doentes, fazer "procedures - procedimentos", falar com os familiares dos doentes, etc. depois das 6, se estavas de banco, continuavas até ao dia seguinte às 9 da manhã e ias para casa; se não estavas de banco, ias para casa às 6.
Foi cansativo, mas gratificante, para mim foi o que sempre sonhei!
Depois de tanto trabalho árduo, finalmente os prémios e louvores começaram a chegar: no segundo ano recebi um prémio de investigação e no terceiro (último) ano, recebi o prémio do melhor residente do ano.
No ano seguinte, tive que tomar uma decisão: seguir para uma sub-especialidade ou começar a trabalhar (para começar a trabalhar, como tinha um tipo especial de visa, tinha que ir para Alabama ou Mississipi, o que não me agradava muito).
Decidi ir para uma sub-especialidade (na altura; fui aceite no Memorial Sloan Kettering Cancer Center em Nova Iorque (na altura, o melhor centro de câncer na América e no mundo). Foi excelente o tempo que passei lá, sempre aprendendo e aperfeiçoando-me.
Depois disso, fiz mais duas outras especialidades em Queens (New York) e em Stony Brook (Log Island, New York)
Numa dessas especialidades, pela primeira vez, durante a cerimónia de graduação, houve uma ovação unânime, com todos os médicos e estudantes de pé como prémio pelo meu trabalho e contribuição para a qualidade de care - cuidado dos doentes; foi muito emotivo (nunca imaginei, crescendo nas ruas de Bissau que um dia isso veria a acontecer).
Durante este período, ainda tive tempo de continuar a praticar desporto (futebol em particular) o que me permitiu relaxar e trabalhar melhor.
Na minha última especialidade, conheci a Mashiko e 2 anos depois casamo-nos em Las Vegas (1999).
Djoca, a esposa Mashiko que é sul-africana e o filho de ambos Joaquim Tavares Júnior
O único acontecimento triste e que me deixou abalado por um tempo, foi a morte do meu pai em 1992 quando estava no meu segundo ano: aproveito aqui para lhe prestar homenagem: como muitos pais na Guiné de então, o único objectivo dele era que os filhos viessem a ser melhor do que ele nunca foi; lutou toda a vida e morreu trabalhando para que viéssemos a ter um futuro (por vezes, não tinha calças novas durante anos, mas para ele isso não era nada, desde que houvesse dinheiro para comprar livros para os filhos; não sei se virei a ser ou a representar para o meu filho a infinitésima parte do que ele foi para mim e para os meus irmãos; a minha maior pena foi ele morrer sem me ver no apogeu da minha carreira; mas, aonde quer que estejas "Jon Batalon ", tudo o que consegui até agora é fruto do teu trabalho e sacrifício.
Depois da morte do meu pai, fui à Guiné por 4 semanas e não reconheci o que vi: tudo era diferente, as ruas, os amigos os sítios de encontro, os ideais (amizade, lealdade, trabalho árduo) parecia que se tinham perdido no horizonte. Como dizia Nicholas Ray:"you can't go home again"-tradução literal - não podes voltar a casa outra vez (sentido figurativo).
Só tive as memórias da juventude para me reanimar: a antiga "rua das canalhas", a equipa "das canalhas" com o Lubu como treinador e dono da equipa, a equipa dos "onze africanos" (o Avelino -Tibi, o Mário João Burgo, o Guto, o Caló captain, o Toni Burgo, o Franklyn, o Nhama, o Enceler, o Nchancho, o Flávio).
De regresso aos Estados Unidos e depois de concluir as minhas especialidades, consegui um emprego (50% ensino e 50% privado) em Las Vegas, Nevada.
Como sempre quis conhecer a América de perto, resolvemos viajar de carro (cerca de 4160 quilómetros) de Nova Iorque a Las Vegas. Passamos pelos Estados de New Jersey, Pennsylvannia, Maryland, Virginia, North Carolina, South Carolina, Georgia, Tennessee, Arkansas, Oklahoma, Texas, New Mexico e Arizona, ficando assim a conhecer melhor a América (um país de contrastes, onde o melhor dos melhores coabita com o pior dos piores); muitos dias depois, chegamos a Las Vegas, concretamente no dia 19 de Dezembro de 1998.
Não comecei a trabalhar logo de seguida, porque tinha que mudar de visto e tive que ir a El Paso (Texas) e Ciudad Juarez (México) para obter a autorização de trabalho no consulado americano (senão, teria que ir, uma vez mais, à Guiné ou Portugal para o efeito).
Antes de começar a trabalhar, casei-me com a Mashiko em 1999; um ano depois compramos uma casa, 2 anos depois tivemos o júnior; 4 anos mais tarde vendemos a casa e compramos uma outra mais espaçosa e ainda aqui estamos.
Entretanto, tive tempo de viajar duas vezes para Portugal (2002 e 2005) para conviver com familiares e amigos, o que foi muito reconfortante (só para mencionar nomes, tive a honra de rever amigos de longa data e fazer novos amigos: o Chico, o Procópio, o Jaime Delgado, o Vivaldo, o Augusto Cassius, o Nato, o Seco Seidi, o Pipi Cunha, o Carlos Jesus (o mister da nossa equipa pamparrira)o Caló, o Mansoa, o Celso, o Beto, a Zita, a Carlota, a Gioconda, o Nuno Abecassis, o Ângelo Dias, o Carlitos, o Quintino e muitos outros amigos e colegas).
Quanto ao meu percurso profissional e académico, tudo excedeu o que sempre imaginei/sonhei, estudando à luz dos candeeiros de Bissau: para mim, foi um sucesso completo; nos últimos quatro anos fui eleito como o melhor professor e também médico do ano, sendo que, em relação aos dois últimos prémios vale a pena contar: no ano lectivo de 2005-2006, como já tinha ganho dois prémios consecutivos, alguns colegas decidiram convencer os residentes e estudantes a não colocarem o meu nome na lista dos candidatos à nomeação; mas ao fazerem a lista, deixaram um espaço em branco onde os residentes podiam pôr o nome de qualquer outro médico e "surpresa, surpresa", foram unânimes a porem o meu nome, e acabei por receber o prémio de melhor médico.
No ano lectivo de 2006-2007 ensinei só parte do ano, porque estava muito ocupado com a parte privada; mesmo assim, ainda fui outra vez eleito como professor do ano.
Por outro lado, tenho estado bastante activo em comités (sepsis, rapid response team, etc.) tudo tendo em vista aperfeiçoar-me, ao mesmo tempo que tento ajudar a melhorar a qualidade de serviço que damos às populações.
Ainda estou esperançado que algum dia vou poder ajudar os meus conterrâneos, seja de que forma for; porque a Guiné-Bissau é a nossa terra e podemos contribuir de dentro ou de fora e de todas as formas possíveis.
Como te disse durante as nossas conversas, espero que esta minha narrativa possa servir para motivar os jovens da nossa terra e dar-lhes coragem para enfrentarem o futuro; nada na vida é fácil e o que vem fácil, evapora-se rapidamente.
Penso que um dois maiores problemas da nossa terra hoje é a falta de "modelos": crescendo, necessitamos de alguém (pais ou outros) a quem possamos olhar e dizer: quero ser como ele, honesto, trabalhador, justo e com aspirações e ambições na vida: não há substituto para o poder mental, a capacidade intelectual, o poder do diálogo.
Um outro ponto que queria realçar: não importa em que área da vida estás a trabalhar, não deixes a estagnação, a rotina, tomar conta do teu diário: procura sempre melhorar aquilo que fazes; por mais inteligente ou justa que seja uma pessoa, se não houver pessoas á volta questionando as suas acções, fazendo sugestões, essa pessoa fica estagnada, encasulada e perde o comboio da vida. Falo por experiência própria, porque quando estou com os estudantes e residentes, fazem sempre perguntas, dão sugestões, porque é que não fazemos isto desta forma? Deparado com estas situações, tenho que estudar, ler e voltar com uma resposta...
Para terminar, gostaria de homenagear os meus antepassados: da parte materna: a minha bisavó Arqueta de Bolama, a minha avó Nhima (Domingas Semedo), o meu avô Joaquim (Nbapa), a minha mãe Utoia, a minha tia Teresa e o marido Nobre, as minhas tias Iano e Rosa, Sábado, Honorata, o meu tio Marcelino Mata. Da parte paterna: infelizmente, não tenho memórias ou nomes dos meus bisavós paternos, o meu pai João da Silva (Jon Batalon), os meus tios: Silva, António, Armando, Conduto, Antoninho, Elói e Sebastião; sem eles, nunca seria o que sou hoje!
Por agora é tudo; mais capítulos virão no futuro!
Um grande abraço e força no teu trabalho (um dos ditos que sempre me acompanhou nos meus dias difíceis pertence a Bertold Brecht: há homens que lutam um dia: esses são bons; há homens que lutam muitos dias: esses são muito bons; há homens que lutam muitos anos, esses são excelentes; mas há aqueles que lutam toda a vida: esses são imprescindíveis).
Djoca!
CURRICULUM VITAE EM PORTUGUÊS
Joaquim Silva Tavares, Doutor em Medicina Subespecialista Distinto do Colégio de Médicos das Doenças do Peito Subespecialista Distinto da Academia Americana da Medicina do Sono
ESTATUTO ACADÉMICO: Novembro de 2006 à data presente - Professor Clínico de Pneumologia e Cuidados Intensivos, na Universidade Touro em Nevada, Colégio de Medicina Osteopática Julho de 2005 a Junho de 2006 - Coordenador de Educação de todas as Subespecialidades de Medicina do Programa de Internato Complementar de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da Universidade de Nevada Setembro de 1999 à data presente - Professor Clínico de Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de Nevada em Las Vegas Julho de 1997 a Junho de 1998 - Instrutor Clínico das Patologias do Sono na Faculdade de Medicina da Universidade do Estado de Nova Iorque, em Stony Brook Ano Académico de 1978-1979 - Professor de Matemática do Terceiro Ano do Liceu Kwame N'Krumah, Guiné-Bissau
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: Julho de 2002 a Dezembro de 2006 - Chefe da Divisão de Pneumologia, Cuidados Intensivos e Patologias do Sono nas Clínicas Privadas de Redrock e Eldorado, Las Vegas, Nevada Julho de 200 a Junho de 2006 - Director Clínico da Goldering, Laboratório das Doenças do Sono, Las Vegas, Nevada Julho de 2006 à data presente - Director Clínico do Laboratório das Doenças do Sono do Hospital Desert Springs em Las Vegas Janeiro de 1999 à data presente - Internista/Pneumologista/Intensivista e Subespecialista das Patologias do Sono nas Clínicas Privadas Redrock/Eldorado Julho de 1998 a Dezembro de 1998 - Subespecialista Voluntário e Instrutor Clínico no Centro das Patologias do Sono, Secção de Psiquiatria, da Universidade do Estado de Nova Iorque em Stony Brook 1987-1991 - Médico de Família no Centro de Saúde de Benfica em Lisboa, Portugal 1985-1987 - Internato Geral no Hospital Santa Maria, Faculdade de Medicina de Lisboa, Portugal
INTERNATOS COMPLEMENTARES E TREINO ADICIONAL: Julho de 2002 a Junho de 2003 - Treino adicional em Broncoscopia de Intervenção com o Dr. J. Francis Turner, do Centro Médico Universitário em Las Vegas Julho de 1997 a Junho de 1998 - Internato Complementar na Subespecialidade das Doenças do Sono no Centro para o Estudo do Sono do Departamento de Psiquiatria da Universidade do Estado de Nova Iorque em Stony Brook Julho de 1995 a Junho de 1997 - Internato Complementar na Subespecialidade de Pneumologia, Hospital de Nova Iorque em Queens, Colégio Médico de Cornell Julho de 1994 a Junho de 1995 - Internato Complementar na Subespecialidade de Cuidados Intensivos, Departamento de Anestesiologia no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, Hospital de Nova Iorque - Universidade Cornell, cidade de Nova Iorque Julho de 1991 a Junho de 1994 - Internato Complementar na Especialidade de Medicina Interna - Hospital de Flushing, Colégio de Medicina Albert Einsten
LICENCIATURA: 1980-1985 - Licenciatura em Medicina - Faculdade de Medicina de Lisboa, Portugal
CERTIFICAÇÕES/DIPLOMAS (Os certificados devem ser renovados a cada 10 anos)
2007 - Obtenção do Diploma na Subespecialidade das Doenças do Sono, emitido pelo Colégio Americano da Especialidade de Medicina Interna 2005 - Reobtenção do Diploma na Subespecialidade de Pneumologia, emitido pelo Colégio Americano da Especialidade de Medicina Interna 2005 - Reobtenção do Diploma na Subespecialidade de Cuidados Intensivos, emitido pelo Colégio Americano da Especialidade de Medicina Interna 2004 - Reobtenção do Diploma na Especialidade de Medicina Interna, emitido pelo Colégio Americano da Especialidade de Medicina Interna 2000 - Obtenção do Diploma na Subespecialidade de Doenças do Sono, emitido pelo Colégio Americano da Medicina do Sono. 1998 - Obtenção do Diploma na Subespecialidade de Cuidados Intensivos, emitido pelo Colégio Americano da Especialidade de Medicina Interna 1997 - Obtenção do Diploma na Subespecialidade de Pneumologia, emitido pelo Colégio Americano da Especialidade de Medicina Interna 1994 - Obtenção do Diploma na Especialidade de Medicina Interna, emitido pelo Colégio Americano de Medicina Interna 1992 - Exame para obtenção da Licença Federal (FLEX) 1991 - Exame em Ciências Médicas realizado a Médicos formados fora dos Estados Unidos
LICENÇAS PARA O EXERCÍCIO DE MEDICINA:
1985 - Portugal (Ordem dos Médicos) 1991 - Nova Iorque 1997 - Michigan 1998 - Florida 1999 - Nevada 2002 - Ohio
PRÉMIOS: 2006 - 2007 - Prémio para Melhor Professor, Departamento de Medicina da Universidade de Nevada, Las Vegas 2005 - 2006 - Prémio para o Melhor Médico, Departamento de Medicina da Universidade de Nevada, Las Vegas 2004 - 2005 - Prémio para Melhor Professor, Departamento de Medicina da Universidade de Nevada, Las Vegas 2003 - 2004 - Prémio para Melhor Médico, Departamento de Medicina da Universidade de Nevada, Las Vegas 1997 - Ovação em pé, por parte da plateia de Médicos e Professores, na altura da Graduação na Subespecialidade de Pneumologia 1993 - 1994 - Prémio para Melhor Especialista no Internato Complementar de Medicina Interna 1992 - 1993 - Prémio de Distinção no Campo da Investigação
ALGUNS TRABALHOS DE INVESTIGAÇÃO CLÍNICA:
- Avaliação dos Efeitos de Valsartan na Microalbuminuria em Doentes Hipertensivos - Investigação Clínica Comparativa entre 12 e 24 Microgramas de Formoterol em Adolescentes e Adultos com Asma Persistente - Avaliação da Eficácia e Efeitos Acessórios do Infliximab em doentes com doença obstrutiva crónica dos pulmões de média e alta gravidade - Osteosarcoma com Invasão dos Pulmões
MEMBRO DE: - Colégio Americano dos Médicos das Doenças do Tórax (ACCP) - Sociedade Torácica Americana (ATS) - Sociedade dos Cuidados Intensivos (SCCM) - Academia Americana das Doenças do Sono (AASM) - Associação Americana de Broncologia (AAB) - Sociedade Europeia dos Cuidados Intensivos (ESICM) - Ordem dos Médicos (Portugal) - Associação dos Médicos de Raça Negra em Nevada (Designada Fundação West-Crear, em homenagem aos dois primeiros Médicos de Raça Negra a exercer a Profissão em Las Vegas)
MEMBRO DISTINTO DE: - Colégio Americano das Doenças Torácicas (ACCP) - Academia Americana da Medicina do Sono (AASM)
OUTROS: - Membro Fundador do Comité da Septicémia do Centro Médico Universitário de Las Vegas - Membro da Equipa de Resposta Rápida do Centro Médico Universitário de Las Vegas
DADOS PESSOAIS: Local de Nascimento: Freguesia de Nossa Senhora da Candelária - Bissau Estado Civil: Casado Domínio de Línguas: Inglês: Fala, Lê, Escreve Português: Fala, Lê, Escreve Espanhol: Fala, Lê, Escreve Francês: Lê, Escreve, Compreende Italiano: Compreende Crioulo: Fala, Lê, Escreve CURRICULUM VITAE EM INGLÊS JOAQUIM SILVA TAVARES, MD, FCCP GENDER MALE MARITAL STATUS MARRIED, ONE SON LANGUAGES: ENGLISH: SPEAK, READ, WRITE PORTUGUESE: SPEAK, READ, WRITE SPANISH: SPEAK, READ, WRITE FRENCH: READ, WRITE, UNDERSTAND ITALIAN: UNDERSTAND CRIOULO (GUINEA-BISSAU, CAPE VERT): SPEAK, READ, UNDERSTAND
HOMETOWN: GUINEA-BISSAU ACADEMIC APPOINTMENTS: NOVEMBER 2006-PRESENT ASSISTANT CLINICAL PROFESSOR - PULMONARY AND CRITICAL CARE MEDICINE TOURO UNIVERSITY NEVADA COLLEGE OF OSTEOPATHIC MEDICINE JULY 2005-JUNE 2006 SUBSPECIALITY EDUCATION COORDINATOR INTERNAL MEDICINE RESIDENCY PROGRAM UNIVERSITY OF NEVADA SCHOOL OF MEDICINE SEPTEMBER 1999-PRESENT ASSISTANT CLINICAL PROFESSOR SCHOOL OF MEDICINE UNIVERSITY OF NEVADA LAS VEGAS, NEVADA JULY 1997-JUNE-1998 ASSISTANT CLINICAL INSTRUCTOR SCHOOL OF MEDICINE STATE UNIVERSITY OF NEW YORK - STONY BROOK, NEW YORK ACADEMIC YEAR 1978-1979 ALGEBRA TEACHER SEVENTH GRADE KWAME N’KRUMAH HIGH SCHOOL - BISSAU, GUINEA-BISSAU
PROFESSIONAL EXPERIENCE: JULY 2002-DECEMBER 2006 CHIEF, DIVISION OF PULMONARY AND CRITICAL CARE REDROCK/ELDORADO MEDICAL CENTER LAS VEGAS, NEVADA JULY 2000-JUNE 2006 MEDICAL DIRECTOR - GOLDERING SLEEP LABORATORY LAS VEGAS, NEVADA JULY 2006-PRESENT MEDICAL DIRECTOR - DESERT SPRINGS SLEEP LABORATORY LAS VEGAS, NEVADA JANUARY 1999-PRESENT IM/PULMONARY/CRITICAL CARE/SLEEP MEDICINE - REDROCK/ELDORADO MEDICAL CENTER LAS VEGAS, NEVADA JULY 1998-DEC.1998 VOLUNTEER FELLOW AND ASSISTANT CLINICAL INSTRUCTOR SLEEP DISORDERS CENTER STONY BROOK, NEW YORK 1987-1991 FAMILY PHYSICIAN - BENFICA HEALTH CENTER LISBON, PORTUGAL 1985-1987 INTERNSHIP, INTERNAL MEDICINE HOSPITAL SANTA MARIA-SCHOOL OF MEDICINE LISBON, PORTUGAL
RESIDENCY, FELLOWSHIP AND ADDITIONAL TRAINING: JULY 2002-JUNE 2003 TRAINING IN INTERVENTIONAL PULMONOLOGY DR. J. FRANCIS TURNER UNIVERSITY OF NEVADA SCHOOL OF MEDICINE LAS VEGAS, NEVADA JULY 1997-JUNE 1998 FELLOWSHIP, SLEEP DISORDERS CENTER FOR THE STUDY OF SLEEP AND WAKING - DEPARTMENT OF PSYCHIATRY STATE UNIVERSITY OF NEW YORK AT STONY BROOK STONY BROOK, NEW YORK JULY 1995-JUNE 1997 FELLOWSHIP, PULMONARY DISEASES - NEW YORK HOSPITAL OF QUEENS CORNELL MEDICAL COLLEGE FLUSHING, NEW YORK JULY 1994-JUNE 1995 FELLOWSHIP, CRITICAL CARE MEDICINE AND ANESTHESIOLOGY - MEMORIAL SLOAN KETTERING CANCER CENTER/NEW YORK HOSPITAL-CORNELL UNIVERSITY NEW YORK, NEW YORK JULY 1991-JUNE 1994 RESIDENCY, INTERNAL MEDICINE FLUSHING HOSPITAL-ALBERT EINSTEIN COLLEGE OF MEDICINE FLUSHING, NEW YORK
MEDICAL SCHOOL: 1980-1985 MEDICAL DOCTOR SCHOOL OF MEDICINE, UNIVERSITY OF LISBON - LISBON, PORTUGAL
LICENSURE AND CERTIFICATION: 2005 BOARD RECERTIFICATION IN PULMONARY DISEASES 2005 BOARD RECERTIFICATION IN CRITICAL CARE 2004 BOARD RECERTIFICATION IN INTERNAL MEDICINE 2002 OHIO STATE MEDICAL LICENSE 2000 DIPLOMATE OF THE AMERICAN BOARD OF SLEEP MEDICINE 1999 NEVADA STATE MEDICAL LICENSE 1998 BOARD CERTIFIED IN CRITICAL CARE MEDICINE 1998 FLORIDA STATE MEDICAL LICENSE 1997 BOARD CERTIFIED IN PULMONARY DISEASES 1997 MICHIGAN STATE MEDICAL LICENSE 1994 BOARD CERTIFIED IN INTERNAL MEDICINE 1992 FLEX 1991 FMGEMS
AWARDS: 2005-2006: AWARD FOR BEST OVERALL PHYSICIAN INTERNAL MEDICINE RESIDENCY PROGRAM UNIVERSITY OF NEVADA SCHOOL OF MEDICINE 2004-2005: AWARD FOR EXCELLENCE IN TEACHING INTERNAL MEDICINE RESIDENCY PROGRAM UNIVERSITY OF NEVADA SCHOOL OF MEDICINE 2003-2004: AWARD FOR OUTSTANDING COMMUNITY PHYSICIAN INTERNAL MEDICINE RESIDENCY PROGRAM UNIVERSITY OF NEVADA SCHOOL OF MEDICINE 1993-1994: AWARD FOR OUTSTANDING PGY3 RESIDENT 1992-1993: AWARD FOR EXCELLENCE IN RESEARCH
MEMBERSHIPS: AMERICAN COLLEGE OF CHEST PHYSICIANS AMERICAN THORACIC SOCIETY SOCIETY OF CRITICAL CARE MEDICINE AMERICAN ACADEMY OF SLEEP MEDICINE AMERICAN ASSOCIATION FOR BRONCHOLOGY
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Stony Brook University Hospital (onde fiz a última especialidade)1997
Malta do futebol em Nova Iorque1997
Prémio para melhor investigador (1993)
Prémio para melhor residente do ano (1994)
Último dia de residência (com enfermeiras e residentes)1994
Imagens da época de estudante em Portugal
Festa de aniversário do Pina no Lumiar (1982-83) (o Pina, o irmão dele, Rufino, o Tátis Sá, o Johnny Mendonça, o Gungo, eu e o Djonjon Adureza (mano João)
Outra equipa de futebol (de pé: eu, Mulano, Namuano, não me lembro do nome, Beto; Agachados: Cassius, Lolote, Flora
A malta na cantina nova (Camilo, Daniel, Tonecas, Ernesto D' Alva, mano João, eu, Lolote)
Eu e o Jaime Delgado em Lisboa (1984)
No meu quarto em Odivelas (1991)
Estados Unidos
Prémios
Referências
Família
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO