O POVO TEM MEMÓRIA!

 

 

Samuel Vieira  *

vieirasamuel@hotmail.com

29.11.2009

Samuel VieiraO povo tem memória, o povo pensa! Para que você seja lembrado por ele e estimado por ele na vida e na morte, valorize os ensinamentos daqueles que deram certo fazendo pelo seu povo, isso ou aquilo que você não pode deixar de fazer pelo seu!...
 

O que dizer e o que escrever em nome dos que influenciaram na mudança do comportamento político africano e na melhoria de vida do povo africano, através de suas próprias idéias como políticos ou líderes?!

 

O que dizer:

 

Muitas vezes gera enorme expectativa ou decepção em reuniões, comícios, discursos ou debates sobre o que o fulano vai dizer ou disse e o que o sicrano gostaria de ouvir ou se gostou do que ouviu. Algumas pessoas públicas por serem muito experientes e por terem habilidade em oratória, não precisam previamente preparar o que vão dizer, ou seja, escreverem ou fazerem um rascunho do que vão dizer. Por vezes o indivíduo em questão, por ser muito conhecido pela sua história de vida e pela habilidade com as palavras que as pessoas gostam de ouvir, denota-se suas qualidades através de saudações aos gritos quando sobe a um palanque ou a uma tribuna. Há toda uma grande preocupação entre os presentes na cerimônia, para convencer o colega do lado para falar baixo e prestar atenção no que vai ser dito pelo orador. Como exemplo, podemos fazer uma mera comparação simplória entre um discurso a ser pronunciado pelo Líder Mandela e o ex-Presidente Nino Vieira. O que certamente teríamos mesmo sendo na Guiné, é que muitos participantes de um “meeting” teriam o prazer de ouvir Nelson Rolihlahla Mandela, pela sua história de vida, pelas transformações que gerou na sociedade sul-africana e no mundo africano ao invés do Nino que é cidadão nacional. Seu discurso sem dúvida despertaria entre grupo de curiosos no “meeting”; mais interesse pela sua história de luta, história dele como líder do ANC, pelo combate sistemático que fez frente ao apartheid, pela unificação do povo sul-africano na superação de barreiras raciais e pelo direito a liberdade. Embora Nino tenha feito muito pelo seu povo liderando batalhas entre as quais a de Guiledje; tudo pela liberdade do nosso povo, porém, ao longo do tempo que se seguiu a independência, ele sujou suas mãos com sangue e manchou sua dignidade com o sofrimento do seu próprio povo. As grandes conquistas que o projetaram como um grande líder do PAIGC, durante a luta armada; infelizmente desfizeram-se ao longo do caminho percorrido por ele, até a sua morte. Os dizeres de grandes líderes que ficam na mente do povo:

 

 

Enquanto estava na prisão, Mandela enviou uma declaração para o CNA (e que viria a público em 10 de Junho de 1980) em que dizia: "Unam-se! Mobilizem-se! Lutem!  

 

 

 

Amilcar Cabral: “Nós queremos democracia, paz, progresso, justiça social no nosso país. Naturalmente nós não podemos conseguir isso em dois dias ou em três dias. Nós temos que ir passa a passo, rumo a esse objetivo.”

 

Patrice Émery Lumumba, fundador do Movimento Nacional Congolês (MNC). Em dezembro de 1958 ao intervir na Conferência dos Povos Africanos, como membro da delegação do MNC, tinha ao lado dele; Kwame N'krumah, da recém-liberta Gana - país anfitrião do 6º Congresso, o primeiro realizado em solo africano; Tom Mboia, líder do Kenia; Sekou Touré, da Guiné; Julius Nyerere, da Tanzânia. No congresso, Lumumba proclamou a tarefa a ser cumprida: a despeito das fronteiras que nos separam, a despeito de nossas diferenças étnicas, para fazer o continente africano livre e feliz, resgatado da insegurança, do medo e do jugo colonial”.

 

 

O que escrever:

 

Grandes escritores ou historiadores sempre fizeram questão de correr atrás de histórias de certos personagens ou de pessoas públicas, para registrar e reproduzir em grandes volumes para que nada seja esquecido e nem ignorado. Em geral histórias desse gênero são registradas por escritores renomados que buscam todos os detalhes da história do personagem, quer seja ele homem público, um inventor, um professor, um cientista, um político influente, etc, etc. A eles interessam escrever, por exemplo, história do Presidente Lula do Brasil ao invés de escrever história de Mugabe do Zimbabué. Duas personagens políticas totalmente diferentes em idéias, pensamentos e atitudes. O primeiro tem uma trajetória política de causar inveja a qualquer um, enquanto este último mergulhou o seu próprio país no caos e transformou a vida do seu próprio povo em vida de um povo miserável. Escrever em nome de líderes africanos faz tempo que não se pública um só livro falando de líderes africanos na contemporaneidade. Os líderes africanos ou pelo menos um líder africano de grande magnitude deve aparecer até o final do século XXI, creio eu, para resgatar nomes daqueles que já foram como Lumumba, Amilcar Cabral, N`krumah, Agostinho Neto, etc., tudo para que o museu da história africana mantenha-se renovada. Nas sede da ONU faz tempo que não surgem ovações a um líder africano quer por sua trajetória política, quer por ações inovadoras que influencia na mudança da vida social do povo africano.

 

 

Falar ou escrever em nome dos que influenciaram na mudança do comportamento político africano:    

 

Hoje escolhemos a dedos de uma só mão políticos africanos que se destacam na mídia, imprensa escrita ou falada. Eles fazem pouco para chamar atenção desses órgãos que produzem informações tanto nacional como internacional. Outrora víamos e líamos nas TVs e nos jornais, notícias importantes reveladas de fora para dentro, isto é, em conferencias internacionais, onde líderes africanos não gaguejavam na tribuna quando defendiam veementemente o direito a independência, a liberdade e a unificação do continente como um todo, dentro de princípios propostos pelos africanos. Assim como muitos já foram, certamente Mandela que ainda sombreia o continente com boa reputação terá que partir como qualquer um de nós. Não se vê em nenhuma parte do continente, pelo menos até agora, nenhuma ação concreta de um político africano que exerce influencia em todo o continente e cujas idéias ou reformas podem ser tomadas como referência para os demais países do continente. Muitos demagogos temos sim, porém, suas idéias ou ações nem sempre são bem quistas sequer no seu próprio país, quanto mais no país dos outros. Quero dizer que ainda vamos a tempo de resgatar essas perdas, cabe ao político contemporâneo, quer guineense, quer de qualquer outro país africano exercer ações que dignifiquem a vida do seu povo. Tudo nesse universo é passageiro, construímos riquezas usurpando os outros, mas nossa tranquilidade na partida só se sustenta com boa reputação que deixamos junto do nosso povo. Várias estátuas são erguidas no mundo para que o povo em memória não se esqueça de figuras importantes que se revelaram ao longo da história do país. Para que sua estátua não seja apedrejada amanhã, no lugar de receber coroa de flores ou algum distintivo, pense no seu povo e faça pelo seu povo!...

 

Um abraço a todos!

                                                                                                     

* Analista de Sistemas

 


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