O QUE VALE A NOSSA GUINEENDADE SEM A LIBERDADE?!
Bacar Queta * São Paulo, 11 de Setembro de 2009
"O que fica de pé, se cair a liberdade?" (Kipling)
Nha mantenha!
Fazer parte do projeto Contributo constitui para mim uma oportunidade de conhecer a grande afeição dos mais lúcidos cidadãos guineenses para com a Guiné-Bissau e restaurou em mim a esperança de que um dia o povo encontrará a felicidade almejada por aqueles dignos nacionalistas, que por essa causa sacrificaram as suas vidas. Que Allah deixe repousar as suas almas em paz. Como sempre afirmamos muitas vezes nos nossos artigos que não somos estranhos e nem estrangeiros. Não é o nosso propósito desvirtuar a imagem do País que queremos muito, mais sim mostrar ao mundo que o Guineense é respeitador e preocupa-se com a liberdade, felicidade do seu povo e com a construção de uma sociedade onde não terão lugar a ameaça de morte e o preconceito racial, religioso e étnico em relação a qualquer cidadão quando manifesta a sua guineendade – cidadania - de forma educada e inteligente. Porque, uma das principais razões que impulsionou o início da luta pela independência do País foi a reivindicação dos trabalhares de uma melhoria das condições de trabalho, entre as quais o aumento de salário. Mas a repressão sangrenta da força do colonialista português dinamizou de maneira corajosa a luta pela independência. Se desde ano de 1445 os guineenses têm vindo a brigar pela sua cidadania, sofrendo todo o tipo de repressão e uma vez que o principal propósito do projeto da luta de independência era devolver a cidadania aos guineenses, passando pela conquista da independência e construção duma sociedade na qual teriam o direito de manifestarem livremente a sua angustia e a oportunidade de participarem na vida política para a conquista de novos desafios, não têm sentido tantas ameaças... Este histórico da independência não passa de um grande paradoxo. Porque da independência até hoje não aconteceu de forma desejada nenhuma mudança no que concerne a liberdade. Os aspectos teóricos da liberdade, segurança e desenvolvimento figuram duma forma incisiva nos discursos políticos dos nossos “famosos” dirigentes políticos, enquanto a educação, saúde e emprego entram em retrocesso, empobrecendo a vida de todos. A situação sanitária obscena referenciada pelo nosso irmão, Secuna Baldé, no seu penúltimo artigo, qualquer pessoa humana que o leia, se tiver respeito pela mulher, enquanto mãe que possibilita a nossa vida e felicidade, e se quiser uma condição decente para ela, vai culpar o governo e exigir-lhe que melhore os serviços sanitários como forma de garantir uma condição digna para o parto das nossas mulheres, em especial, porque não merecem este sacrifício humilhante. Mas, Sr. kuburnel Ameaçador, deseja essa condição horrível às nossas lindas e dignas mulheres? Sr. kuburnel, será que as mulheres dos nossos chefes passam por essa condição ou fazem partos nessa mesma insegurança vergonhosa? Sr. kuburnel, enquanto cidadão acha que o irmão Secuna merece ser ameaçado por ter reclamado pelo sofrimento das nossas mulheres? E você, no lugar do irmão Secuna, conformar-se-ia com esse pecado imperdoável? Sr. kuburnel, isso também é segredo do Estado? Ameaçar de morte a um jovem nacionalista e ciente do seu direito é nojento. Acho que é a hora de se sepultar as facas, catanas e armas que os grandes matadores usavam para silenciar as vozes que denunciavam as irregularidades. E muitos desses matadores já estiveram junto daqueles que criminosamente assassinaram. A história já nos mostrou o fim dos grandes matadores. Eles esqueciam-se que a nossa vida neste mundo é temporal, todos nós havemos de voltar um dia ao Criador. Somos irmãos, devemos saber viver na diferença. A divergência ideológica é muito normal e não deve constituir entre nós factor de ódio e de separação. Ela (divergência ideológica) existe em todos os países, mesmo naqueles que se chamam de mais desenvolvidos e democratas. Os governos desses países são criticados por seus cidadãos usando todos os meios que a tecnologia lhes oferece. Um guineense que vive na Guiné não é mais guineense do aquele que vive na diáspora e nem um guineense, balanta, fula, mandinga etc., não é mais do que aquele que não pertence a estas etnias, pois elas (etnias) não fazem parte dos valores da cidadania, é algo neutro na nossa convivência. Somos irmãos! * Guineense, Presidente do FACOLSIDA, Intercâmbista do Programa de Direitos Humanos da Conectas em São Paulo, Brasil
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