O retrato de Bissau: salário é sinónimo de boa governação?
Bissau ontem, hoje e amanhã.
Convém que todos aqueles que querem algo em prol do desenvolvimento da Guiné-Bissau reflictam sobre a Guiné ontem, hoje e amanhã. “Quem não esquece o passado e nem esvazia o presente não comprometerá o futuro”.
“Beto Lopes”
30.10.2007
Durante uma análise exaustiva sobre variadíssimos ditos bons governos que o país teve, pareceu-me que as pessoas equivocadamente acham que o bom governo foram os que tentaram pagar o miserável salário aos servidores. E isso é também perceptível no próprio comportamento dos componentes desses governos que de uma forma errónea julgam que pagar salário é sinónimo de uma boa governação. Entretanto, prefiro acreditar que esse conceito jamais deveria e nem deve passar de forma equivocada pelo tálamo e muito menos pelo córtex cerebral dos que governam, porque na minha óptica, o salário é um dos componentes dos deveres que um Estado, seja ele democrático ou não, deve garantir mensalmente aos seus servidores, sendo que é um direito que todos têm de receber como remuneração pelos serviços prestados ao governo.
Na minha concepção, uma das características de um bom governo passa necessariamente pelo delineamento de planos que estruturem suas acções a curto, médio e longo prazo. E quando os planos forem implementados com rigor, o governo consegue com equidade oferecer políticas públicas de acordo com a necessidade populacional de cada região ou sector. Um governo que não tem ou não sabe quais os planos que pode fazer o país desenvolver, como pode oferecer uma boa qualidade de vida aos seus cidadãos? Espero que essa indagação seja respondida por quem de direito!
O pior de tudo é que as consequências da má governação acabam se repercutindo sobre cidadãos, que por falta de discernimento votam ou votaram a favor da permanência do nepotismo, apologia, e nos governantes e deputados com insuficiência hermenêutica (falta de poder de interpretar as leis), apesar de haver excepções , mas a maioria acaba vencendo.
Até quando a política de favorecimento familiar, étnico e religioso vai continuar? Onde está a razão disso, se não a de incentivar a corrupção?
No entanto, tenho medo que este cenário político de idiotismo seja herdado pela nossa geração. Qual é o motivo de criação de um governo com 16 ministérios e oito secretarias de Estado, num país como a Guiné-Bissau? Se não os já citados acima?
A posição que a Guiné-Bissau ocupa na classificação da boa governação entre os países africanos é muito vergonhosa. Basta observar a posição ocupada por Cabo Verde, que apesar das condições adversas, seus administradores conseguiram fazer o país ocupar a quarta posição, enquanto a Guiné-Bissau está entre os piores do ranking. Para onde o nosso país está caminhando? Hoje se percebe, principalmente, entre os jovens o medo de viver no seu próprio país. Onde está a razão da luta de libertação? Onde está a razão da nossa independência?
Será que a Guiné não possui pessoas idóneas, competentes, éticas e humanas capazes de resgatar o país da banca de área? Se for o caso, digo que não corresponde à verdade; pois, simplesmente as pessoas têm medo de demonstrar suas capacidades para não serem perseguidas pelas quadrilhas que programam assassinatos dos adversários políticos, como tem acontecido, casos de Silvestre Alves, Fernando Gomes e outros, sem falar da recente perseguição ao ativista Mário Sá Gomes que teve que se refugiar na sede das Nações Unidas com medo de represália sem mandato de captura pelo ministério publico.
Pergunto: se o medo continuar a prevalecer os crimes encapados serão descobertos?
Será que a Guiné um dia vai sair das mãos dos malfeitores?
Será que a Guiné merece ser governada por pessoas que nunca foram chefes de família?
Pergunto mais uma vez: um ministério chave de um país deve ser chefiado por um traficante, intrigante ou um interesseiro que em 98, 2003 e 2004 demonstrou ser a pessoa que toda a população conhece, ou seja, um sem carácter, cafajeste , e psicopata? Ali reside a incidência do narcotráfico que os cúmplices fingem não saber a origem.
Juntos unidos sem medo, com diferentes olhares sobre os problema e soluções, venceremos!
* Graduando enfermagem, Cent. Univ. S. Camilo
São Paulo - SP, Brasil
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO