O Tempo nunca fez
milagres
Por:
Edson Incopté
edson_incopte@hotmail.com
07.10.2008
Inconscientes
ou eternos sonhadores, não sei qual das características se enquadra melhor ao
povo guineense. Já é mais do que frequente ouvir os guineenses dizerem que a
Guiné-Bissau um dia vai melhorar, vai ser o país com que todos os seus filhos
sonham. A fé é realmente legítima, mas muitas vezes a forma como se fazem essas
considerações levam a que se instale um infantil pensamento de que o tempo tudo
resolverá. Porém, isso é uma completa barbaridade da parte de um povo
estupidamente passivo e de todos os guineenses que assistem impávidos e serenos
enquanto o General Nino Ditador Vieira vende a terra aos traficantes e a quem a
queira comprar. O General vai vendendo a terra a retalho com altíssimos
empréstimos em nome do país, dinheiros que, permanentemente, acabam por ir parar
às contas do Nino Ditador Viera. Aliás, já se pode afirmar que muitas das nossas
maravilhosas ilhas estão na posse de traficantes de droga e de promotores da
emigração clandestina.
Meus caros, o tempo não faz milagres, principalmente quando
já vimos que a nossa terra muda a cada dia que passa, mas infelizmente muda para
pior. Não podemos achar que com o tempo tudo melhora sem que se trabalhe duro
para que assim aconteça. Isso é uma tremenda ilusão! É a mesma coisa que um
senhor de 35 anos de idade ainda acreditar no pai natal. Aliás, a Guiné-Bissau é
um exemplo daquelas famílias pobres, onde as crianças sentam-se até ao amanhecer
à espera do pai natal, porque os pais não têm dinheiro para lhes comprar
presentes.
O povo Guineense não pode fechar os olhos a esse leilão a
que o país está a ser sujeito. Ou estão a espera que daqui a algum tempo seja
anunciada pela Angola o “perdão” da dívida dos 30 milhões, tal como, por
exemplo, aconteceu com os 34 milhões que o país devia ao Brasil no ano passado?
Ingenuidade, não existe qualquer tipo de perdão! Estas dívidas muitas vezes só
não são pagas em dinheiro. Pois a maioria dos acordos que são geralmente
assinados antes da ilusória indulgência das dívidas, acabam na maior parte das
vezes por beneficiar ao país credor. Não é ao país devedor!
O povo guineense não pode manter-se calado perante esta
tamanha desgovernação. Como se admite que até agora não esteja sequer, marcada a
data para o inicio das aulas!? A função pública anda de greve em greve, com
razão, paralisando o país e a vida dos estudantes e dos filhos da Guiné em
geral. Brincadeira ou incompetência? Seja como for, quem paga são os guineenses
e a Guiné-Bissau.
Existem perguntas que não podemos deixar de fazer ao General
e também a nós mesmo, tais como:
Quem recorre a empréstimos para pagar dívidas porque não
conseguiu cumprir os prazos acordados, tem alguma margem para investir no
sentido de vir a pagar esse mesmo empréstimo?
Não me parece!
Sendo assim acaba por fazer o quê para pagar a dívida?
Pedir outro empréstimo!
E assim o país vai pulando de dívida em dívida, sem
vislumbrar o caminho de saída e sem dinheiro para pagar aos funcionários quanto
mais para investir em algo rentável de modo a pagar as dívidas.
Certamente, o senhor Nino Ditador Vieira já não se lembra
destas palavras:
“Nós, da
CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados,
insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam
explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas
pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de
exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso
país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em
Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida
de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a
disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os
salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem
construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o
conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da
nossa luta”. AMILCAR CABRAL
Sendo assim, cabe aos filhos e amigos da Guiné-Bissau,
alertar o senhor Nino Ditador Vieira que os objectivos da luta armada ainda não
foram atingidos como ele bem sabe, mas acima de tudo alertá-lo que com ele no
jugo esses objectivos nunca serão atingidos.
Guineenses, chega de esperar no tempo pelo tempo enquanto o
tempo passa. Sim, porque ele passa, não parando para resolver problemas! Não nos
achemos mais filhos de Deus, e que um dia o Nino Ditador Vieira cansará de
brincar aos poderosos, deixando trabalhar aqueles que realmente querem fazer
alguma coisa pela Guiné e assim do nada o país andar para a frente. Engano, um
verdadeiro engano!
Para que o país ande para a frente é necessário o contributo
de todos, contributo que começa com os nossos deveres de cidadania. É preciso
conhecer o que se faz no país, é preciso questionar o que os nossos dirigentes
fazem do nosso país, de todas as maneiras que encontrarmos, em todas as
oportunidades.
Nô artistas kuma mindjor dia na bim, él ku no na pêra.
A pergunta é: quando e Como?
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