OU TE CALAS OU ÉS CALADO À CATANADA...
Objectos que os exterminadores deixaram em casa do jornalista Mama Saliu Sané...
Jornalista Mama Saliu Sané
Fernando Casimiro (Didinho)
25.02.2010
Não conheço o jornalista Mama Saliu Sané, nem tão pouco ouço a Rádio Bombolom. O jornalista em causa é um cidadão guineense, um compatriota. Um ser humano, e por isso, um irmão no contexto da universalidade humana. Merece toda a minha solidariedade!
A Constituição da República da Guiné-Bissau é clara no seu Título II - Dos direitos, liberdades, garantias e deveres fundamentais.
Vejamos no caso do cidadão e jornalista Mama Saliu Sané o que diz o ARTIGO 51°
1 - Todos têm direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento por qualquer meio ao seu dispor, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informado sem impedimento nem discriminações.
2 - O exercício desse direito não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.
3 - A todas as pessoas, singulares ou colectivas, é assegurado, em condições de igualdade e eficácia, o direito de resposta e de rectificação, bem como o direito da indemnização pelos danos sofridos.
No caso da Rádio Bombolom, o ARTIGO 56° é claro:
1 - É garantida a liberdade de imprensa.
2 - As estações de rádio e televisão só podem ser criadas mediante licença a conferir nos termos da lei.
3 - O Estado garante um serviço de imprensa, de rádio e de televisão, independente dos interesses económicos e políticos, que assegure a expressão e o confronto das diversas correntes de opinião.
4 - Para garantir o disposto no número anterior e assegurar o respeito pelo pluralismo ideológico, será criado um Conselho Nacional de Comunicação Social, órgão independente cuja composição e funcionamento serão definidos por lei.
Sem estar a acusar o Estado ou quem quer que seja pela tentativa de assassinato do jornalista Mama Saliu Sané, volto a insistir em como a estabilidade que se apregoa existir na Guiné-Bissau é uma falsa estabilidade assente na intimidação dos cidadãos. O medo continua a impedir a maioria dos guineenses de manifestarem as suas opiniões. O medo continua a condicionar muitas pessoas, incluindo cidadãos estrangeiros em representação dos seus países ou de organismos internacionais, acreditados na Guiné-Bissau.
A catana substituiu a Kalashnikov, os grupos de homens fardados, inicialmente numerosos, deram lugar a pequenos grupos e sem farda, de exterminadores, que continuam, sempre que necessário, a cumprir ordens de pessoas poderosas, contra todos aqueles que lhe são incómodos.
Os membros desses grupos de exterminadores não temem ser detidos, julgados e condenados a penas de prisão. O que se lhes exige e é o que lhes importa, é o cumprimento das operações que lhe são transmitidas, pois sabem que quem lhes ordenou a eliminação física de alguém, tem poderes para evitar que sofram qualquer castigo na prisão e passado algum tempo, soltá-los mesmo da prisão, sem que alguém fique a saber do assunto.
Recordo aqui com tristeza o assassinato, em pleno espaço público, do cidadão Dr. Vital Incopté, ex-Director-Geral da Função Pública, à catanada, a 08 de Agosto de 2009, por um exterminador de nome Franklin António da Silva, que foi recentemente condenado a 12 anos de prisão...
O Dr. Vital Pereira Incopté, jovem e promissor quadro guineense foi barbaramente assassinado 3 dias depois do Ministro da Função Pública e Trabalho ter denunciado a existência de três mil funcionários "fantasmas", após um processo de recenseamento biométrico financiado pela União Europeia e coordenado pelo Dr. Vital Incopté...
Recordo-me das investidas de grupos armados e fardados que depois das matanças de 1 e 2 de Março, que vitimaram o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagme Na Waie e o Presidente da República, General João Bernardo "Nino" Vieira, se impuseram contra vozes críticas de cidadãos que se posicionaram abertamente contra o comportamento suspeito de altas figuras das Forças Armadas e do próprio Governo.
Quando, nos dias de hoje, continuamos a alertar para a propaganda que sustenta a estabilidade que se apregoa na Guiné-Bissau, não estamos a denegrir a imagem da Guiné-Bissau, nem tão pouco a fomentar intrigas entre os guineenses. Estamos a alertar no intuito de se evitarem repetições de situações de fresca e má memória para todos nós!
Que ninguém pense estar a salvo de acções criminosas na Guiné-Bissau. Basta haver desencontro/disputa de interesses e o poder da força proclama a sua (in)justiça, sem olhar a quem.
Os guineenses não devem aceitar a "lei da rolha"!
O Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social, para além da condenação da tentativa de assassinato e da solidariedade manifestada ao jornalista Mama Saliu Sané, à sua família e à Rádio Bombolom, deveria também, convocar uma manifestação pública de repúdio à tentativa de silenciamento ou condicionamento da Comunicação Social na Guiné-Bissau!
Volto a dizer: Somos optimistas, mas realistas. Temos esperança e acreditamos na Guiné-Bissau, com quem estamos comprometidos, por isso, vamos continuar a trabalhar, aguardando pacientemente por melhores dias, em função da assimilação, pelo nosso povo, do trabalho de consciencialização que temos vindo a fazer, em nome da cidadania e por uma Guiné Positiva!
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Onda de criminalidade na capital
Quinta, 25 Fevereiro 2010 11:41 Jornalista da rádio Bombolom vítima de violação domiciliária O jornalista da rádio
Bombolom-FM, Mama Saliu Sané, foi vítima, nas
primeiras horas do dia 22 de Fevereiro, de uma flagrante violação
domiciliária, por pessoas desconhecidas, que supostamente tinham a
intenção de assassiná-lo. Segundo as explicações da
própria vítima, os agressores violaram a sua casa, penetrando no
quintal, munidos de catana, faca e pedra grossa, dirigindo-se para o
seu quarto. Estes ao abrirem a porta com um certo barulho, o Mama
Saliu acordou e levantou-se com uma lâmpada acesa focalizada contra
eles e daí saíram apressados, deixando os materiais na sala.
Volvidos minutos depois, os mesmos regressaram para a casa
tendo deixado o aviso de que vão matá-lo,
depois ele dirá isto ao
Amine Saad, o Procurador-Geral
da República. Tendo em conta o carácter da
ocorrência, a Polícia Judiciária visitou o local e neste momento
está a investigar o caso. Entretanto, o Sindicato de
Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (SINJOTECS) após ter
tomado conhecimento do sucedido condenou veementemente este acto que
considera de cobarde e bárbaro e manifestou a sua solidariedade para
com o jornalista Mama Saliu Sané, a sua família e a estação emissora
Bombolom-FM, chamando atenção às autoridades no sentido de
garantirem segurança aos cidadãos, em geral, e em particular aos
jornalistas. Fonte: Jornal Nô Pintcha |
COMENTÁRIOS AOS TEXTOS DA SECÇÃO EDITORIAL
Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Fernando Casimiro (Didinho) |
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO