O SER MULHER
Por: Isabel Maria da Costa (Nety)
12.10.2008
É inacreditável que, por mais que caminhemos mais nos deparamos com mentalidades ”cerradas” no que concerne ao estatuto e ao papel da mulher como pessoa e ser humano que é, principalmente nas sociedades africanas onde persiste o absurdo do conceito “ ser servil ”, sendo a Guiné-Bissau, não de toda uma excepção. Com efeito, se profetizará a teoria dos santos: “os santos da casa não fazem milagres”, daí, ser protelada à mercê da sua sorte!
Não obstante, resultados das sinas cravadas além nos tempos remotos através das inóspitas culturas, usos e costumes vindos dos nossos antepassados, consequentemente, a educação e seus conteúdos pouco coerentes servindo-se ainda hoje de base ou elo de ligação na formação de carácter pessoal de cada indivíduo em pleno séc. XXI!
A esperança reside no facto da própria mulher ponderar a sua condição como ser vivo que é, inserida na sua categoria como gente e não como escrava!
Dadas as circunstâncias, vejo-me subjugada ao dilema do infinitamente:
1- Contextualizar-me como indivíduo pertencente ao mundo universal (cidadã do mundo), desejando milagres nas consciências para adopção de novas atitudes e posturas civilizacionais.
2- Por outro lado, ter presente os desafios e a conjuntura actual do estado de sítio do lugar donde vim!
Entretanto, caio em mim de tão infinitamente pequena ( grão de areia) que sou, na qualidade dessa cidadã que tanto aspira um mundo justo e melhor para todos que nele coabitam. De entre os infinitamente, eis-me, projectando o meu único reflexo de forma que posso para que se torne patente ainda que ofusco, no espelho que é a minha terra. Espelho esse, que carrego comigo na minha algibeira (coração) para onde quer que vá.
Sem tabus, ousemos encarar e sem o risco de cairmos no já conhecido complexo de inferioridade sobre o direito do “ Ser Mulher” e não do subserviente como muitos assim o preferem.
A razão desta minha reflexão não vem a propósito, mas em boa hora, servindo de ponte para avaliar a atitude pouco elegante e manifestamente proferida por quem se deu a conhecer ou (passar) por Andressa F... no site www.didinho. org!
Muito honestamente, não culparia a tal Andressa, por acreditar não estar no seu juízo perfeito, na eventualidade de se tratar de uma concidadã. Ora, todos nós sabemos, que na (Guiné ou por entre... a moda pega), mesmo pelos piores motivos.
Prática corrente, o facto de estarmos tão e mal habituados a que ninguém seja chamado à razão mesmo quando se trata de crimes horrendos (caprichos) deveras, avaliados e quase que sempre assegurados de ânimos leves ao ponto de caírem no esquecimento sem uma profunda análise de consciência, e posteriormente, por quem de direito subentender-se tratar de insensatezes banais e nada mais que isso!
Neste caso, é “ normal ” não responsabilizarmos ou dar ouvidos à pessoa com perturbações psicológicas por dirigir insultos às pessoas, exprimindo-se da única maneira que sabe e com muita pena, privada de valores educacionais, dos quais, a coitada nunca teve acesso e nem logra ter tão cedo!
Não mais pela reacção atípica da menina por ter preterido os insultos ao Fernando Casimiro e todos aqueles que com ele debruçam sobre a problemática e os desafios com que é confrontada a nossa Guiné, mas antes, parabenizar, louvar e agradecer por haver ainda filhos corajosos com sangue nas veias, capazes de pensar, lutar e defender com carinho e responsabilidade “ o nosso berço ”, face à imagem enlameada, impingida de forma grosseira e brutal por uns quantos que dizem seus filhos! É nessa perspectiva que faço votos para que reflictamos seriamente em todos os sentidos sobre essa problemática, por forma a contribuir para a iluminação daqueles que de alguma forma têm-se sacrificado honradamente para o mesmo fim. Numa viva voz, pronunciar resultados de reflexões sobre o conceito “ mulher-homem ” para o bem do país. Lamentavelmente, muita das vezes remetida para o segundo plano, tratando-se ela também um dos problemas de “fundo” de braços dados com o analfabetismo, saúde, trabalho... as denominadas bases estruturais para a sustentabilidade da cultura humana em qualquer sociedade.
O conceito de “ Ser Mulher “ não é sinónimo de “ ser inferior “ nem o subscreve ou subjuga como o mais vulnerável, inculto e incapaz. É sobretudo, ser livre para pensar, agir e ter opções como qualquer outro ser, ainda que, na sua condição. Ou seja, ser tudo isso, sem no entanto perder-se na vaidade comparativa com os demais seres.
Particularmente, para minha orientação, parto do princípio na qualidade de um ser humano, com as suas dúvidas, seus temores, fraquezas...muito embora, é na pele de mulher que felizmente procuro a razão da minha existência, entretanto, imbuída de anseios, planos, sonhos... e a necessidade de viver em paz e na harmonia .
Por força da natureza, foi-nos concedido a priori, a dádiva e a liberdade de optarmos como: mães (“ geradoras ” de vidas), filhas, amigas e na melhor das hipóteses como companheiras dos nossos semelhantes, para que juntos encontremos o guia e a inspiração na nossa difícil e árdua tarefa que é caminhar.
Menina Andressa F., nós somos mulheres sim, não porque os homens assim querem, mas, porque Deus assim quer. Com suas “ memórias de elefante ”, que de quando em vez, querem-nos fazer crer que somos meros “ cérebros falantes ” que pecamos no anseio de conhecer o verdadeiro sentido do amor. Por sua vez, pecam pela hesitação quando confrontados com a verdade e (vice- versa)! Por isso, tenha o bom senso e vontade própria, mesmo que isso implique ser ridícula, até porque, essa é uma virtude no meio de tantos devaneios e psicoses!
Contudo, devo dizer que o objectivo deste meu simples exercício quanto mais não seja, centra-se essencialmente na “ simbiose ” do conceito (mulher-homem) na busca do equilíbrio e da comunhão estreita com os seus semelhantes, sob o olhar atento e não desigual da compaixão e do altruísmo, não limitando somente ao comum conceito dos que lutam ferozmente pela sobrevivência do seu ganha-pão e dos seus, e o resto que se vire!
“ Ser Mulher ”, é acima de tudo, ser humano na essência; a “ missionária ” pela complementaridade.
Ah! Adoraria estar lúcida quando não poder mais!
E você, e os seus confrades, também?
Portanto, urgem-se a delegar responsabilidades a quem realmente sabe fazer, mais e melhor. Já estamos cansados do mesmo ciclo vicioso. já desperdiçamos bastantes, altos e verdadeiros mentores (que até um dia chamaram-lhes de promissores), hoje em dia , reduzidos a simples “trigueiros” ou freelances! O Nino “ orquestrador” munido dos seus fiéis e inseparáveis braços amovíveis: o direito, Helder-You “o negociador “ que assume a pasta dos assuntos exteriores na (banca dos tesouros) para fluxo de caixas. Por seu turno, Cadogo o “polivalente” para assuntos internos da confraria.
A mim muito me admira, como é possível, haver pessoas privilegiadas com boa educação e inteligência, conformadas com tão pouco, sujeitas a papéis tão escusos?!!! Será caso para dizer que é obra do (Irã)? Haja dó, por cá já nos bastamos, certamente dirão que sim, talvez pela curiosidade, inquietação e inconformismo que nos invadem! Parece-lhes pouco? Mas atenção, o que está em causa não é a vossa brincadeira de adultos, mas um Estado, por conseguinte, uma nação!
O buraco é tão profundo e negro para os nossos olhos, possivelmente, não haverá luz que sustente tamanha escuridão!
O tempo escasseia e não perdoa!
Sejamos o ORGULHO ( homens e mulheres ) da nossa terra.
Unamos o nosso “ cordão ”em nome da GUINÉ-BISSAU. Certamente, ela agradecerá!
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