Paz e respeito às diferenças
Ana Cláudia Menezes, Brasil
Jornalista e Mestre em Gênero e Construção para a Paz pela Universidade para a Paz (UPAZ), na Costa Rica
http://anaclaudiamenezes.blogspot.com
Malaui, Bangladesh, Egito, Noruega, Sérvia, Colômbia, República Democrática do Congo, Nepal, México, Nova Zelândia... A lista de países citados pode se parecer a de participantes de uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) ou a de etapas classificatórias da Copa do Mundo de Futebol. Na verdade, é a composição de uma sala de aula na Universidade para a Paz (UPAZ), instituição universitária fundada pela ONU em 1980 na Costa Rica, país localizado na América Central com uma população de cinco milhões de habitantes.
A diversidade cultural e de experiências é um dos pontos altos da UPAZ e um laboratório prático para desafios que hoje estão presentes no cotidiano das relações interpessoais, intercomunitárias e entre nações, como o respeito às diferenças. Apesar de uma população de apenas 150 alunos e alunas, o que contribui consideravelmente para a socialização entre os diversos cursos, o corpo acadêmico da universidade representa 50 países de todos os continentes do mundo. Cada um traz vivências variadas, línguas e conhecimentos distintos. São formas diferentes de se vestir, de falar e de se expressar.
Cursei o mestrado em Gênero e Construção para a Paz – um dos 10 oferecidos pela universidade - e durante um ano convivi diariamente com colegas que haviam passado por experiências de vida únicas, muitas delas relacionadas a guerras. Situações que vemos em filmes e no noticiário da televisão, lemos em livros e em jornais, mas que se tornam próximas quando são relatadas por alguém que está ao nosso lado. Tive amigos e amigas que foram refugiados de guerra ou que nasceram em campos de refugiados, que viram membros da família serem mutilados e estuprados, que viram suas casas serem queimadas, que perderam tudo, menos a vontade de viver e de lutar por um mundo de paz.
As guerras, por mais
diversas que possam ser as suas motivações, deixam marcas físicas e
psicológicas em quem está próxima delas. É por isso que estou cada vez
mais convencida de que não há motivo suficientemente justo para iniciar
um confronto que possa custar a vida de pessoas. Ao contrário, sobram
motivações – como os depoimentos de meus amigos e amigas – para lutarmos
cada vez mais pela paz e pelo respeito às diferenças, sejam elas de
gênero, sexuais, étnicas, raciais, político-ideológicas, religiosas e
lingüísticas.
Turma do curso de mestrado 2007-2008 em Estudos de Gênero e Construção para a Paz na UPaz
Vista do campus da UPaz com a bandeira de Ruanda a meio mastro, no dia em que a universidade lembrava os 14 anos do genocídio (Abril 2008)
Para mais informações: www.upeace.org
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO