Porque será, Guiné-Bissau?

 

 

Por: Isabel Maria da Costa (Nety) 

11.11.2008

 

Qual sua origem, como e quem a terá inventado?

O que terá herdado?

Actualmente, numa perspectiva mundial, a Guiné-Bissau figura-se bem abaixo no degrau do patamar-limiar da pobreza, sendo dos países mais pobres do mundo no que toca ao nível do desenvolvimento do capital humano e material.

Pela evidência dos factos tudo indica que não é por merecimento de provas dadas que ocupa esse lugar, pois, tudo o que se vê e possível de conseguir está enraizado sobre bases orgânicas deficitárias, a contar que esse quadro ou panorama aportará e por tempo indeterminado, em todo o seu circuito gerador, uma operacionalidade debilitada sem recursos ou poder de credibilização por parte dos intervenientes, assim como dos servidores que, dela, muito necessitam para uma orientação condigna.

Numa tentativa de ajustar as melhores definições que assentam melhor numa perspectiva óptica e reflexiva considerando a evolução integral da sua história, é pertinente questionar e reflectir antes de mais, sobre os muitos (porquês?) das inconstâncias que hoje em dia a caracteriza, de entre as razões: a ausência de princípios básicos transmitidos e não assimilados, acomodação, obstruções por teimosia, o não reconhecimento das incompetências pessoais, abusos de poder, retalhamento, falta de humildade...

Preconiza-se que, a evolução e as mudanças pressupõem choques de ideias e até mesmo rupturas na forma de pensar para que realmente se efectivem e atinjam o auge.

Segundo a história que caracteriza o nosso passado humano, é de referir que as ciências fundamentam ou colocam hipóteses da origem do homem actual ter sido em África. Por outro lado, subsiste o paradoxo da teoria popular que afirma: “ Os últimos serão os primeiros”, a considerar essa teoria, a realidade é bem aterrorizadora, a pobreza, o flagelo por excelência em África, que abarca a fome, resultado das secas que se complementam aos conflitos que culminam quase sempre em guerras, com efeitos devastadores sobre as vidas humanas (dizimadas ou em fuga-refugiados).

O continente que na sua globalidade apresenta uma estrutura física singular, compacta, aludindo uma certa ordem, sendo na realidade o mais instável e ameaçado, sujeito a desaparecer do mapa! Não pretendendo com isso desvalorizar os feitos alcançados por alguns países que a ele pertencem, deveras, à custa de muito esforço e sacrifício.

A Guiné-Bissau, assim como (muitos que se prezam) deve colocar a mão na consciência, meditar, e às tantas, perder uma noite de sono como muitos já fizeram e com resultados à vista, para definir o que realmente deseja para si mesma. Aprender sim, até mesmo com os erros, mas, descartando rotundamente as possibilidades de imitação e, como salvaguarda, não se permitir guiar às cegas pelas conquistas alheias. Nessa perspectiva, admitindo a inexistência de facções ou (inimigos declarados), considerando que cada caso é um caso, tal e qual, advertir para as diferenças que devem ser respeitadas e compreendidas, e por isso, valorizadas para as respostas às questões futuras.

Dadas as circunstâncias, por que não aprender a construir a cana e aprender a pescar, em vez de ficarmos à espera que nos dêem a cana e nos ensinem a pescar?

Já é tempo de trilharmos o nosso próprio caminho, conscientes das nossas próprias limitações, ambições e limites a elas associadas, sem no entanto, desperdiçarmos ajudas e oportunidades sob pretextos ou pretensões. Manifestando vontades em cooperar com quem quer que seja caso assim justifique, tirando maior partido da troca de experiências para o benefício comum.

Da análise, pressupõe-se que o percurso para a estabilidade-desenvolvimento talvez tenha a ver simplesmente com o facto de querer e desejar essa mesma estabilidade e partilhá-la com os demais, seja com os bruxos ou com os fidalgos. Basta que para isso haja boa vontade e fé de ambas as partes para a necessidade e o bem estar recíproco.

No entanto, para muitos, o culminar da estabilidade resume-se efectivamente na realização e nos escrutínios das eleições, que por conseguinte, encarregar-se-ão por si sós, da resolução de todos os problemas e males que assombram o país. É preciso admitir que, governar não é tarefa fácil, pois, a sua dinâmica e complexidade requerem uma visão ampla e alargada da sociedade em questão e dos governados (não se resumindo a dar a cada qual o seu quinhão) como também, exige um esforço conjunto em todas as vertentes. Contudo, é preciso saber ouvir e respeitar. Além disso, as boas vontades têm que ser expressas afim de traçar objectivos bem definidos e por sinal bem claros, com determinação e concordância  de todos.

Denota-se que, pelos critérios de governação até então exibidos na Guiné-Bissau, as elites da governação são isentas ou dispensam conselheiros no exercício de suas funções, sendo esses postos contemplados ou assegurados por aqueles que não exercem cargos políticos (sofás)!!!

A considerar um ponto de partida, a Guiné-Bissau, numa amostra populacional de um milhão e meio de habitantes e ostentando um nível de analfabetismo de quase 70%, seria sensato e prioritário que se delineassem mecanismos que conseguissem suprir as ditas carências de fundo (Educação, Saúde...) ou melhor, priorizar as áreas de carácter básico (água, electricidade...) com o objectivo de cimentar uma base sólida para o relançamento ou alavancamento térreo da cultura política, económica e social do país.

Aproveito ainda para apelar a alguns dos muitos intervenientes da vida política guineense, certamente aqueles que por razões de força maior são obrigados a expressar publicamente suas vontades, projectos políticos e informações relevantes, que invistam no aprimoramento ou manejem razoavelmente a ferramenta de comunicação utilizada como suporte para que o receptor (povo) a quem é destinado o discurso, aprenda e compreenda com clareza, os raciocínios apresentados. Em destaque, a herança linguística de expressão portuguesa, que a própria colonização fez questão de nos impingir como condicionalismo para aculturalização ou civilidade, por conseguinte, a nossa língua oficial com a qual intercomunicamos com os demais povos além fronteiras. A valer isso, sugere-se, que parte dos milhões investidos nas viaturas de luxo para os passeios infindáveis e os fins-de-semana passados na Europa, se destinasse também à aquisição de estantes e livros para suas vivendas, a fim de se cultivarem mais para o enriquecimento da nossa cultura! Agora pergunta-se, que adiantaria se não há “luz”?  Uma bela justificativa, mas não plausível!

Das eleições, pouco se adianta, espera-se transparência e resultados justos, respeitando a vontade da maioria dos eleitores directos. Desejando que tudo corra na mais aparente calma e que não haja motivos maiores que venham a fustigar ânimos para a instabilidade. Que o povo seja respeitado e dignificado ainda que na miséria, não servindo as campanhas eleitorais somente para aliciar os coitados com ferros e carcaças dos nazistas da 2ª Guerra Mundial e muito menos instigar, com ninharias, as pobres consciências daqueles que são lembrados de eleições em eleições, com a finalidade de angariar os seus valiosos votos para um lugar no pelourinho da governação. Da ocasião, aproveitar para conhecê-lo melhor e os recursos mágicos a que tem acesso para se manter em pé e sobreviver na tão hostil realidade-sociedade que é a nossa actualmente.

Abram os vossos corações e sintam suas angústias e misérias, só assim poderão pensar por eles e querer o melhor para o bem de todos.

Que a fome não nos impeça de querer o melhor!

Ousemos ser livres para sonhar!

 

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