Querer é poder! Veja por quê

 

Samuel Vieira  *

vieirasamuel@hotmail.com

07.05.2009

Samuel Vieira

 

Ellen Johnson-Sirleaf

 

 

Você já conhecia? Não?! Então acompanhe a história da mulher que mudou os rumos da Libéria. Pelo Palácio Presidencial passaram muitos homens, mas nenhum em tão pouco tempo chamou atenção do povo Liberiano e do mundo, como ela.

 

Primeira presidente mulher no continente, ela está mudando a face pobre e carente da Libéria e conquistando aliados importantes para sua luta.

Suas acções enérgicas repercutiram no mundo. Ela semeia a paz onde há violência, leva a esperança aonde há desânimo. Conquista confiança no exterior através de provas concretas de que está solucionando os problemas do país.

A melhor imagem para descrever esta personagem é a de guerreira. Se você nunca ouviu ou leu este nome, anote ou guarde-o na memória. Ellen Johnson-Sirleaf, 69 anos, é fortíssima candidata a mudar a história de séculos de opressão, pobreza absoluta e lutas sangrentas na África. Seu trabalho como primeira presidente mulher eleita democraticamente no continente tem sido reconhecido mundialmente e conquistado admiradores tão diversos quanto o presidente chinês Hu Jintao, e o milionário filantropo, George Soros.

 

Por que o povo da Libéria hoje a admira e manifesta sentimento de gratidão por onde ela passa?!

 

Porque o principal reconhecimento tem vindo de seus cerca de três milhões de "filhos", que carinhosamente a chamam de mãe ou mãezinha. Deste total, estima-se que cerca de 240 mil vivam refugiados em países vizinhos, sem falar nos outros tantos que fugiram atrás de melhores condições de vida em países desenvolvidos. Nas eleições, realizadas em Outubro e novembro de 2005, Ellen Johnson-Sirleaf venceu com quase 60% dos votos. Com um governo repleto de mulheres em cargos chave, como no ministério da Fazenda no Gabinete de Polícia. Deixou para trás 23 anos de uma série de governos militares e transitórios. Não foi e nem está perto do fim, a batalha desta líder que ainda é pouco conhecida no mundo. Seu antecessor, Charles Taylor, foi forçado a retirar-se em 2003, quando as Nações Unidas ajudaram a instalar um governo transitório.

 

Veja se não há semelhança entre cidadãos da Guiné-Bissau e da Libéria, nesse facto:

Anos de regimes de opressão, condições de vida paupérrimas e baixa expectativa de vida levaram milhares de liberianos a se refugiarem em outros países. Há colônias numerosas nos Estados Unidos, em países da Europa, na Ásia e também no Brasil.

 

Aqui já é diferente:

O governo faz campanha para atrair alguns destes refugiados de volta ao país de origem, tendo inclusive divulgado vídeo. Um povo alegre, que procura esquecer na música, artes e futebol as agruras de história marcada a ferro e fogo por acontecimentos trágicos. As disputas internas e com países vizinhos deixaram a cruel herança de uma legião de mutilados. E os problemas se acumulam por todos os lados.

 

 

Voz de confiança que sinaliza esperança!

Nada que desanime a presidente eleita pelo povo. "Estou aqui para ajudar o meu povo. Esta é a minha missão", disse à BBC de Londres que passou meses acompanhando seu dia-a-dia em busca de um futuro melhor para seu povo. O documentário mostrou
Sra. Sirleaf em várias frentes de batalha. Guerreira e conciliadora.

Hábil negociadora, este tem sido seu principal trunfo para reconstruir o país descoberto pelo navegador português Pedro de Sintra, em 1461, que virou destino de ex-escravos dos Estados Unidos. Filantropos compraram terras na região que hoje é a Libéria para dar a escravos que voltavam - já livres - para o continente africano. A língua oficial é o inglês e a capital chama-se Monróvia.

Numa das situações mais tensas, os seguranças pessoais da presidente a desaconselharam a receber um grupo de milicianos que apoiavam seu antecessor, Taylor. Os descontentes cercaram o palácio. Mama saiu de seu gabinete, abriu as portas do palácio e chamou um grupo para entrar e negociar.

A presidente da Libéria ouviu calada as queixas - eles queriam pagamentos que julgavam ter direito e manter privilégios dados pelo antecessor. Quando chegou sua vez de falar, retrucou no tom que marca sua gestão: explicou que entendia a angústia deles, mas ela é presidente da Libéria, não de alguns. Disse que conhecia também a versão dos oprimidos por estes seguranças. No fim do encontro, os opositores já a estavam chamando também de mãezinha.

Postura:

O tom de voz foi ainda mais severo com representantes da multinacional de pneus. Denúncias graves sobre trabalho escravo e precárias condições de trabalho fizeram com que ninguém menos do que a presidente fosse - ao vivo e a cores - vistoriar a fazenda de extração de borracha.

Confirmada as denúncias partiu para um duro diálogo com os executivos estrangeiros representantes da multinacional. Depois falou para os operários dos seringais. Saiu de lá aclamada. Tem sido assim em todo lado.

 

Como ela trabalha?

Dos seus ministros e colaboradores - a maioria mulheres - também cobra, enérgica, resultados. Há muitos problemas a serem enfrentados. Como na área de segurança, por exemplo. A chefe da Guarda, uma liberiana forte e valente, comanda um exército sem armas. A primeira arma foi doada há apenas alguns meses pela Nigéria. Há manifestações por todos os lados e violência urbana.

 

As mudanças:

Há obras de saneamento, para aumentar o número de escolas, hospitais, etc. O país mais parece um canteiro de obras hoje. É preciso cuidar também da recuperação do meio ambiente, como a erosão de solos, desmatamento de florestas e poluição nas costas.

 

Recursos naturais, cooperação e o controle de recursos:

Além dos seringais, o país produz café, cacau, explora madeira, tem diamantes, minério de ferro e outros minérios. Sem falar nos navios de bandeira liberiana. Programas das Nações Unidas e do Banco Mundial estão ajudando a região a ser reconstruída. Também George Soros se encantou pela luta e tem doado recursos. Pavarotti e Bon Jovi fizeram concerto dedicado às crianças liberianas. Numa tentativa de se fomentar a transparência e a melhor aplicação do dinheiro público foi instituído no país o Governance and Economic Management Program.

 

A vaidade dela, mas com compostura:

Vaidosa, mama não costuma repetir roupas. Seu closet é grande e bem arrumado. Tecidos coloridos, lindos, turbantes no mesmo tom, tudo para lembrar a tradição africana. Acorda cedo, faz ginástica na esteira antes do sol clarear e está pronta para começar a luta de cada dia. Não duvidem. Ellen Johnson-Sirleaf já escreveu seu nome na história. E pode, quem sabe, concorrer ao Prêmio Nobel da Paz.

Observação: O texto foi adaptado por mim para expressar a idéia de que é possível mudar a trajectória da pobreza de uma nação, só depende e muito da vontade política e o desempenho dos nossos governantes.

Um abraço a todos!

Samuel Vieira

 * Analista de Sistemas


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