Por: Mamadu Lamarana Bari
12.10.2008
Caro irmão Didinho
Sarava pela sua incansável luta no direito de garantir a todos os Guineenses o direito à verdade através do seu site, mas que podemos também dizer nosso e ainda poder dizer para todo o mundo Yes, nós temos um veículo de comunicação e de verdade ao alcance mundial.
Parabéns e continue na Luta que estamos atrás com as nossas contribuições reflexivas. Falando disso, gostaria de externalizar neste site uma pequena reflexão sobre o que é a Guiné e de se sentir guineense. Meus irmãos não fazem a idéia de como sofremos cá fora a cada notícias que recebemos sobre o caminho fúnebre que estão levando a nossa querida Pátria.
Precisa-se Algo Diferente..., Pensemos todos. Esse algo virá da nossa luta interna para eliminarmos esse inimigo interno que está em nós. Faço um apelo sobretudo àqueles que estão com a direção do país em mãos. Levem, por favor a nossa Guiné para o mar da tranquilidade.
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Paz e beijos no coração de todos.
Mamadu Lamarana Bari
REFLEXÃO AOS 52 ANOS de LUTA PARA a EMANCIPAÇÃO DA GUINÉ (1956 – 2008).
Sarava
Meus irmãos de Fé e Camaradas
Irmãos que um dia a vontade do sonho de uma sorte feliz nos juntou para lutarmos por um mesmo ideal. O ideal da liberdade e da independência. Matos adentro e rios abaixo foram corridos e navegados em busca da demarcação de um território só nosso. Um território onde todos os guineenses poderiam se sentir guineenses livres e cidadãos. A UNIDADE E LUTA foi um slogan que uniu todos nessa primeira fase, mas no desenrolar da caminhada perdeu-se um elo muito importante - a UNIDADE. A LUTA ficou órfão e seguiu o seu caminho sozinho. Chegou triunfante, mas sem a UNIDADE. Quando se entrega a tarefa da reconstrução nacional, a falta do tijolo unidade apenas permitiu a edificação da estrutura política e social a malograda sorte dos que tentaram sonhar do sonho PAIGC de Libertar a Guiné e Cabo Verde. Cabo Verde que ficou distante no espaço e no tempo desta caminhada do mato à cidade se manteve incólume e, portanto, vacinado desta malograda sorte, hoje está em pé, firme e forte seguindo o seu caminho. E nós, a Guiné... não aprendemos com as experiências vividas. Permaneceu em nós ainda aquela busca fratricida de inimigos invisíveis e inexistentes externamente. Pensemos... um pouco, somente um pouco, da malograda noite de 20 de janeiro 1973 à independência. Da nossa chegada as terras da Guiné aos dias de hoje. Quantas lágrimas desceram em silêncio na face dos que não ousaram chorar alto e dos que em pranto, do tipo não quero saber gritaram e choraram os fuzilamentos e lembraram os seus mortos nos tempos da luta. Morria-se de balas perdidas durante os flagelos às tabancas para expulsar os Tugas e morria-se de torturas nas prisões da PIDE-DGS procurando-se descobrir os segredos de onde estão os nossos valorosos combatentes da Liberdade da Pátria. Quantas mães ficaram viúvas e os filhos órfãos. Raiva dos que estavam de outro lado sabendo das dificuldades dos que estavam do lado de cá. Afronta de nós os outros que, por atrevimento para os Tugas ou sorte para nós, sabíamos ler e escrever um pouco, portanto perigosos e subversivos.
Hoje, depois de tudo isso o que nos resta. Decepção ou mesmo assim a coragem de sobrevir porque o futuro promete uma manhã feliz e uma tarde tranqüila e esperançosa que a manhã seguinte o sol despontará feliz e radiante para um novo dia labutar. Pensemos como é quão bom vivermos felizes e irmanados sob a mesma bandeira. A bandeira da moral, da ética e da "guinendadi".
Como disse A. Einstein uma vez, citando SANTOS, J. R dos, 2008 in A Formula de Deus, "Subtil é o Senhor, mas malicioso Ele não é".
Um dia espero que muito brevemente, a Guiné sairá disso. Os descuidados não terão mais a coragem de desvirtuar os valores morais e éticos depois de ouvirem tantos gritos de lamentos vindo de todos os cantos do mundo. Nós não somos Judeus, mas a nossa sorte se assemelhara à deles. Hoje estamos em todos os cantos do mundo, lutando e progredindo a duras penas. Não é a falta de talentos jovens como os da geração dos Incoptés, Ricardino Jacinto, Samuel Reis e tantos os outros etc. Em todos os cantos do mundo onde estão guineenses somam talentos e empreendedorismo. Não sei por que a Guiné... não volta os olhos para eles. A sorte de Israel ser uma grande nação, sobreviver e vencer o cerco político de que é imposto está precisamente, na união do cordão umbilical entre os que estão vivendo lá e os que estão espalhados pelo mundo, sobretudo nos Estados Unidos, Canadá e na Europa. A Força de uma Nação vem, não apenas na afirmação nacionalista local, porque passa a ser Xenófoba, mas sim, da determinação de ser e se sentir igual em todos os aspectos: social, político e econômico. Para isso a Carta Magna da Nação terá que ser respeitada. Ela não pode e nem poderá ser uma simples menção jurídica do aspecto organizacional de um país.
Precisa-se Algo Diferente..... meus irmãos, para que a Guiné seja Guiné e nós continuemos sendo Guineenses, antes que a última pessoa da geração nossa pereça de esperança no Porto de Bissau ou no Aeroporto de Bissalanca. A nova geração e a vindoura só fará jus e merecedora da nossa terra da Guiné se as deixarmos como herança a história de um povo que lutou para vencer e que vencerá porque ainda tem a esperança de um dia ver a Guiné Livre e Independente...
Os nossos Valores na Guiné só serão cultivados e preservados se formos dados a oportunidade de sermos cidadãos. Isto é, de termos, no mínimo, a dignidade de morrer deitado em uma cama à sombra de um teto nosso, de termos a condição de gozar uma boa saúde física e mental, de termos condições de comer as três refeições diárias, mesmo que seja a nosso modo: Goci (Putchpach) de arroz ou de arroz com mancarra, ou "sitá" de manhã; Futti ou Cubambá ou refogado de arroz com cassequê, ou caldo blufô, no almoço; e sobra de almoço no jantar. Ou ainda, mais que isso tudo, se poder ser dito a todos que a partir de hoje passa ser o dia de combate ao Sucu de Bás em toda a Guiné. Munturus n'dadi e bari padja também deixarão de fazer parte da cultura urbana da Guiné e muito menos serem confundidos como valores da sobrevivência nossa de cada dia num mundo de djon gagos. Não se deve confundir com Sibi sinta ku sintados. A arte de uma boa convivência não é igual nem de longe com o modo oportunista de "puxa saquismo", quer dizer bari padja em crioulo. Sibi sinta ku sintados é conhecer os limites da convivência humana, ou seja, é saber onde começam e terminam os nossos direitos. Ou melhor, ainda dizendo, é saber que os direitos dos outros são os nossos deveres e vice-versa.
Que Deus nos guie em busca da natureza perdida ou escondida. “... a Natureza esconde o seu segredo devida a sua essência majestosa e nunca por ardil” In, Santos, J. R dos, 2008 . A Formula de Deus.
Saudações Fraternais.
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO