RESPOSTA A UMA QUESTÃO SOBRE A ANEMIA DE CÉLULAS FALCIFORMES
J.TAVARES, MD, FCCP, FAASM
23.03.2009
Resposta a uma questão sobre a Anemia de Células Falciformes
From: Date: 2009/2/16 Subject: transplante de Medula Óssea To: joaquimtavares15@gmail.com O meus respeitosos cumprimentos Dr. Joaquim Meu nome é ----- , sou Angolana, tenho um casal de gémeos, com 3 anos de idade nascidos em 20 de Junho de 2005, dos quais a menina sofre de células falciformes do tipo SS, estuou muito apavorada, fui informada que existe o transplante até aos 5 anos de vida da criança, informaram-me também q os países q estão a fazer este tipo de tratamento são Estados Unidos e França não sei ate q ponto esta informação é verídica gostaria q me desse uma orientação porque estou a pensar muito seriamente em fazer o transplante à minha filha porque não quero que ela sofra no futuro, aguardo resposta breve. Obrigada |
Cara senhora da CPLP (Angolana) - Vamos publicar esta resposta no Contributo www.didinho.org , porque de uma forma ou de outra forma, este é um assunto de interesse geral: Antes de mais, desculpe a demora; indo directamente à sua pergunta: Transplante de medula em pessoas com Anemia de Células Falciformes?
Consegui rever alguns jornais e revistas médicas: crianças e adolescentes com menos de 16 anos de idade e com complicações sérias como AVC, frequentes dores do peito ou dores generalizadas resistentes a tratamentos com medicamentos; se tiverem um doador com HLA compatível, são os melhores candidatos para o transplante. Até 1999, somente 100 pacientes receberam transplantes: 90% deles sobreviveram (70-85% não tiveram complicações, 15 % rejeitaram a medula transplantada).
As maiores complicações são de origem neurológica: ataques epilépticos ou derrame cerebral. Devido ao facto de a maioria dos pacientes viverem para além dos 50 anos com outros tratamentos, a maioria das sociedades médicas recomenda o transplante somente no contexto de investigação clínica.
Tendo dito tudo isso: Há notícias muito encorajadoras vindas da Universidade de Pittsburgh (Pensilvânia), em que o Dr. Krishnamurti e colegas relataram casos de 6 de um total de 7 crianças que receberam transplante de medula óssea na última década e estão CURADAS da doença, livres de sintomas…
Usaram a técnica de RIC (Reduced Intensity Conditioning - preparação do recipiente com quimioterapia menos intensa); tradicionalmente, os recipientes da medula transplantada recebem elevadas doses de quimioterapia com o fim de destruir a medula para assim não rejeitar o produto transplantado; mas, com a medula destruída, o recipiente ficava mais vulnerável a complicações.
O Dr. Krishnamurti foi o primeiro médico no mundo a usar O RIC em 1999 na Universidade de Minnesota.
Se a senhora estiver interessada, posso contactar o Dr. Krishnamurti e assim poderá receber mais informações sobre as perspectivas para os seus filhos.
Sem mais, agradeço a sua paciência e não desespere, porque mesmo sem transplante, com os tratamentos actuais, os seus gémeos vão ter um futuro brilhante.
Djoca!
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