Reavivar o Orgulho
Nacional
Filomena Embaló
fembalo@gmail.com
24.09.2004
Infinita é a sua beleza exuberante, num acorde perfeito de
cores e sons variados. Traz na essência a força de um ser sereno, amante da
liberdade e da justiça.
No seu seio criou consensos e deles nasceram filhos valorosos
que a dignificaram e libertaram das amarras da ignomínia. Criou e alimentou
sonhos e com eles congregou vontades que com os seus ideais se identificavam.
No campo de batalha se distinguiu, vitoriosa. Por sua
liberdade lutou e, altruísta, pela de sua irmã também. Mostrou ao mundo a força
da Unidade e a necessidade da Luta para a reconquista dos direitos que lhes
foram sonegados. Nada pôde travar a sua marcha, nem mesmo as tentativas de
decapitação da sua vanguarda. De cabeça erguida entrou na História, com um H
maiúsculo. Seu percurso marcou indelevelmente a Humanidade, tornando-se
referência universal. Espalhou a esperança nos corações dos seus e fez deles
cidadãos legítimos. Acreditou nas próprias capacidades e com os seus pés quis
caminhar...
Porém, seus filhos depressa pródigos se tornaram e para
outros sonhos partiram, deixando-a só à mercê do destino intempestivo. Sofreu na
carne e na alma as tormentas do abandono. No seu seio fervilharam discórdias,
longe dos consensos de outrora. Nova batalha conheceu, mas desta vez sem glória
e sem orgulho. Apenas a dor da impotência lhe invadia o peito e impunha o gosto
amargo da desilusão. As lágrimas, teimosamente, sulcaram-lhe o rosto cansado,
por não poder reconhecer naqueles beligerantes os próprios filhos, irmãos unidos
dos tempos gloriosos. Por instantes, quase vacilou, perdida nas suas
contradições. Quem era? De onde vinha? Para onde ia? Onde foi que errara?
Mas no fundo do seu âmago, a sua essência permanecera
intacta. O ser sereno resplandeceu novamente e hasteou bem alto a bandeira da
liberdade e da justiça. Novo desafio lançou aos seus, o desafio da última
oportunidade. Saberão eles voltar a apanhar o comboio da História e partir rumo
ao progresso sem as escalas da discórdia, da ganância e dos interesses
corrompidos?
Guiné-Bissau... mulher bonita! Mas... mal amada também?
Hoje, 24 de Setembro, comemoramos
o 31º aniversário da independência da nossa querida Guiné-Bissau. Trinta e um
anos de contrariedades registadas, trinta e um anos de experiência e
amadurecimento de um povo sacrificado e desgastado, mas sempre solidário, firme
e lúcido.
Trinta e um anos de existência de
um país pronto para o virar de página para um novo rumo que a esperança dos
sonhos dos seus filhos lhe traçou.
É com orgulho que hoje (e sempre)
saudamos e prestamos homenagem a todos os nossos heróis nacionais e ao
combatente desconhecido, que tombaram pela causa da independência do país.
É com orgulho que continuamos a
preservar os símbolos máximos da nossa independência: a nossa bandeira e o nosso
hino.
É com orgulho que continuamos a
assumir a nossa identidade de guineenses e africanos.
É com optimismo que continuamos a
encarar o futuro, sendo o momento propício para a promoção e reposição da
credibilidade do país.
Continuamos a ter
potencialidades, continuamos a merecer consideração de parceiros interessados
nas nossas potencialidades. Temos gente capaz, saibamos gerir as situações com
ponderação e, baseados no espírito de servir o país e não servirmo-nos do país,
estaremos perante a caminhada segura rumo à elevação dos níveis estatísticos que
hoje nos caracterizam negativamente a nível mundial.
Temos condições para, a curto
prazo, voltarmos a ser referência positiva. Mãos à obra! Fernando Casimiro
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