Guiné-Bissau: Reflexão precisa-se...(1)
Numa semana recheada de notícias sobre a Guiné-Bissau, aproveito o momento para exprimir a minha indignação sobre os temas fortes, que vão dando comentários, aqui e ali, pondo a nu uma das nossas principais deficiências, ou seja, o raciocínio político.
Começo por abordar o tema da discussão da situação referente à Guiné-Bissau, pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, que, por si só, depois do relatório apresentado pelo seu secretário-geral, criou expectativas nos guineenses, mas, que em minha opinião foram frustrantes.
As Nações Unidas, continuam a ter dois pesos e duas medidas na implementação do conceito do Direito Internacional, situando países em categorias, ou seja, ricos e pobres, ou desenvolvidos e não desenvolvidos.
Sinceramente, esperava que uma posição mais objectiva partisse desta sessão do Conselho de Segurança, pois, o momento em si era e continua a ser muito delicado para a Guiné-Bissau, mas, afinal, nada de novo nos vieram comunicar.
E mesmo a deslocação de uma missão à Guiné-Bissau para a próxima semana, não se caracteriza de factor a considerar, porque a missão fará uma ronda por outros países da região, e, por conseguinte ser meramente uma missão de contacto.
Tão irrelevante foi a declaração do Conselho de Segurança, que deu azo a que o ministro dos negócios estrangeiros, Joãozinho Vieira Có, viesse logo dizer, que, cito: " tudo o que está escrito no relatório do Secretário-Geral é normal, para um país em vias de desenvolvimento, como é o nosso caso, ainda com a agravante de sermos um país que recentemente saiu de uma violenta guerra civil."
Joãozinho Có no entanto, engana-se quando diz que a Guiné é um país em vias de desenvolvimento...Se assim fosse, talvez merecesse uma atenção diferente dos organismos internacionais e principalmente das Nações Unidas. A Guiné tem caminhado a passos largos é certo, mas para a auto-destruição e pessoas como Joãozinho Có estão contribuindo para isso.
Já agora, desviando um pouco, diga-me Sr.. Ministro Vieira Có, está a receber o ordenado de Ministro dos Negócios Estrangeiros, continua a receber o ordenado e as mordomias de embaixador da Guiné-Bissau em Portugal (que se saiba, o Sr. ainda não foi exonerado..) e, porque remexeu "a Embaixada em Lisboa colocando em serviço, inclusivamente a sua esposa...?
Mais...Cuidado com as suas" ligações italianas", o Sr. está a fazer serviço de "correio", veja lá por onde tem andado...
Passando para outra abordagem, não menos interessante, temos o manifesto entregue pela maioria dos partidos de oposição a Kumba Yalá, onde pedem ao todo poderoso presidente, que destitua o governo de gestão em funções e forme um governo de unidade nacional, que se encarregue de preparar as eleições sugerindo inclusive os meses de Novembro 2003, ou Fevereiro de 2004 para a realização de eleições legislativas.
Ora volto a perguntar...Alguém acha que é compatível algum governo de unidade nacional, ou chame-se o que se quiser, exercer o seu direito de governação com Kumba Yalá como presidente ?! Creio que não, mas fico com a ideia de que o vírus do Poder está a precipitar as coisas e, para os oportunistas, antes estar no Poder, mesmo com Kumba Yalá, do que afastado dele, e ter que aturar o Kumba Yalá como presidente...
Não seria mais sensato e objectivo, um manifesto a pressionar a renúncia de Kumba Yalá ao cargo de presidente...?!
Fernando Casimiro (Didinho)
20-06-2003 21:33