Guiné-Bissau: Reformas precisam-se nas Forças Armadas   

 

Falar da Guiné-Bissau, implica necessariamente falar das suas Forças Armadas. Com um historial brilhante e exemplar, as Forças Armadas Revolucionárias Do Povo (FARP) tornaram-se ao longo dos anos, no orgulho dos guineenses e numa instituição de prestígio, reconhecida além fronteiras.

 

O alastrar da crise socio-económica e política na Guiné-Bissau começa a transpor a divisão nas Forças Armadas, com consequências negativas imprevisíveis. Divisão que aliás começou ainda no regime de Nino Vieira, ganhou fôlego no pós conflito 98/99 e se enraizou com a morte de Ansumane Mané, alterando drasticamente os princípios de conduta até então demonstrados.

 

Ansumane Mané, que ao discordar de promoções por decreto presidencial ao posto de general de várias altas patentes, viu-lhe ser retirada a confiança, a "cidadania" e a própria vida, foi a vítima de maior peso na mudança de comportamento das Forças Armadas.

 

As promoções foram efectivadas, as mordomias foram concedidas e as exigências pessoais passaram a ter solução fosse de que forma fosse, tudo isso a troco da neutralidade política.

 

Hoje, a maioria dos guineenses admite que o poder e a hierarquia militar estão de mãos dadas. É esta cumplicidade que faz com que haja rumores de levantamento militar, porque as Forças Armadas Revolucionárias Do Povo, não são um bem pessoal de nenhum guineense e as altas patentes deviam ser as condutas de referencia para toda a instituição, só que, algumas, as de maior peso não têm sido, o que está a causar um mal-estar nos quartéis, mas também na própria sociedade civil, condicionando de certa forma, a liberdade de movimentos de quem quer mudar alguma coisa...

 

É urgente reformar as Forças Armadas, estruturando-as num novo conceito de participação na vida do país.

    

    

Fernando Casimiro (Didinho)

 13-05-2003 23:48    

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