SANTO DA CASA MAS QUE SÓ FAZ "MILAGRE" EM CASA ALHEIA
Por: Djiudigalinha
13.01.2007
Recentemente, o General Presidente da Guiné-Bissau deslocou-se em visita de Estado à nossa vizinha Guiné-Conakry.
Objectivo da viagem: Aconselhar o seu homólogo, também General Presidente Lansana Conté a encetar o caminho do diálogo e da concertação para alcançar a paz social e a estabilidade na Guiné-Conakry.
Constatação: Afinal de contas, o General Presidente, conhece o termo diálogo, conhece o termo concertação e também o termo estabilidade e paz social.
Conclusão: Esta máxima não se aplica no entanto, na Guiné-Bissau, pois, é um produto de exportação inacessível aos anseios dos guineenses.
O General Presidente, disse à comunicação social, que ia fazer em Conakry, aquilo que não se dignou fazer na Guiné-Bissau, seu país.
Na sua terra, o General Presidente nunca dialogou com ninguém, nunca concertou com quem quer que fosse, nunca uniu coisa alguma e nunca ouviu quem um dia o quis aconselhar. Como se ouve dizer, o General Presidente, quis dar-se ao papel de um santo a fazer milagres em terras alheias.
O General Presidente, com mais este gesto teatral e cínico de se vestir com a pele de cordeiro encenando o papel de paladino da paz mostrou ao povo da Guiné-Bissau, que este não lhe merece a mínima consideração e respeito.
Quando se lhe implora no seu país para o diálogo, a concertação social e a criação de condições básicas para a estabilidade social, faz ouvidos de mercador e fecha os olhos à miséria e lamúria daqueles que aparentemente o elegeram deixando-os a mercê de um Governo corrupto, incompetente e incapaz de satisfazer as mais elementares necessidades dos seus tutelados.
Conhecendo-o bem, ouvi a "tanga"... e belisquei-me para ter a certeza de que não estava a sonhar. Não estava a dormir e nem tão pouco a sonhar. Estava sim, bem acordado.
Porém, como conheço bem a peça e por estar já estar velho de tantas desconfianças e certo das certezas das minhas dúvidas, torci o nariz às verdadeiras razões da viagem do General Presidente para se encontrar com o seu amigo e vizinho Ditador do pais dos "nanias". E..., num trago do café duplo e amargo, indago para mim mesmo !?
Que raio de conselhos poderá um Ditador dar a outro Ditador...???
À surdina o "Senhor Passado", sempre omnipresente nas minhas cogitações sobre o presente, sussurra-me aos ouvidos as palavras proferidas, em tons imperiais pelo General Presidente aquando do conflito militar de 7 de Junho de 1998: "Guerra é Guerra" (em crioulo= kim ku ka mama pa i sinta). Esse exercício de arrogância ditatorial, foi dada em resposta a um jornalista que se esforçava para lhe acompanhar o passo aprumado de militar pelas ruas de Bissau fustigado por bombas, quando lhe perguntou se o General Presidente estava disposto a dialogar com a Junta Militar do General Mané. Resposta, curta e clara: "Guerra é guerra", ditador "dixit".
O General Presidente na altura das suas declarações pensava ter a guerra ganha devido aos apoios em homens e materiais dos "nanias" de Conté, os "woloff-n'djais de Diouf e os seus eternos patrões franceses. Porém, o General estava equivocado e... meses depois, sofria a mais humilhante e amarga derrota da sua vida que, também marcava o começo da queda do "mito Kabi Na Fantchamna" pese ainda teimar em infernizar-nos a vida.
Os resultados e as consequências dos bons ofícios e conselhos do General Presidente ao seu homónimo não se fizeram esperar...
A Guiné-Conakry estava a ferro e fogo. Seguem-se mais de centena e meia de mortes, prisões arbitrárias, sequestros e desaparecimentos, perseguições e pilhagem... enfim o caos.
As nossas tropas entram em cena e fazem-se de algozes do povo irmão de Conakry.
Apesar dos desmentidos, a realidade foi escarrapada na imprensa da Guiné-Conakry e nos médias internacionais e fez-se prova mais do que evidente que os nossos militares: da Marinha, Pára-Comandos e o Batalhão de Gabú, estiveram e alguns ainda estão, particularmente os antigos "anguentas de Nino" transformados na elite da guarda pretoriana de Conté... e fizeram um trabalho sujo e assassino nas terras de Conakry, matando inocentes e pilhando propriedades.
Essas evidências tiveram respaldo nas retaliações contra os investimentos imobiliários do General Presidente e também da vivenda que o General Presidente, através do General Conté ofereceu ao também General, Baptista Tagmé Na Waye.
A diáspora Conakry-Guineense reagiu ao massacre do seu povo e a nossa embaixada em Paris, foi alvo de manifestação anti Conté e Vieira com cartazes com um único apelido: ASSASSINOS.
A Guiné-Bissau, vendia assim ao mundo a imagem de um povo sanguinário que mata o povo vizinho e irmão. Povo, que outrora o acolhera e ajudara a atingir a independência nacional. As nossas tropas vendiam ao mundo a imagem do mercenarismo e da barbárie.
A imagem da Guiné-Bissau foi ultrajada por um bando de assassinos que só vêem o dinheiro à frente. Dinheiro esse, cujo levantamento de 600.000 USD$ dos cofres do Banco Central foi comandado por Conté em pessoa, sobre o qual foi também denunciado por fontes bem informadas de Conakry que o General Presidente da Guiné-Bissau recebera um soldo de 250.000 USD$ pelo envolvimento dos seus mercenários na "limpeza da insurreição".
Nino Vieira, o General Presidente, na sua saga de cumplicidades marginais com Conté, acaba por vender a dignidade e o respeito dos Guineenses por uns míseros dólares e hipotecou assim, a convivência e a irmandade de dois povos que ao longo da sua história comum habituaram-se a se respeitarem e a solidarizarem-se quase que espontaneamente.
O Povo de Conakry deu o mote e demonstrou que os tiranos e ditadores também se vergam... espero e faço votos que o Povo da Guiné-Bissau lhes siga o exemplo e, um dia façam sentar os Generais Ditadores Conté e Vieira no banco dos réus para pagarem pelos crimes que estão a cometer contra os nossos povos.
A historia e o tribunal dos Povos das nossas Guinés julgá-los-ão um dia!
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO