SÃO AS ETNIAS QUE FAZEM DE NÓS, GUINEENSES!
Fernando Casimiro (Didinho) 03.05.2014 Faz tempo que aconteceu o que hoje partilho convosco, porém, entre o tudo faz sentido e o nada faz sentido, o tempo sugeriu-me a abordagem do assunto, porquanto ser necessário, de vez em quando, recordar a todos os guineenses, meus irmãos, enquanto filhos ou descendentes da Guiné-Bissau, que a nossa pertença e referência identitárias são suportadas pela diversidade étnica e pela sua consequente multiculturalidade, que o espaço geográfico conhecido como República da Guiné-Bissau possui como seu mais valioso atributo antropológico e histórico. Numa tarde de um domingo de verão, há cerca de dois anos, decidi ir a Lisboa, utilizando os transportes públicos para ir até à Baixa -Chiado. Na viagem de Metro consegui um lugar que me colocou junto a duas senhoras, que deduzi serem guineenses, por estarem, na altura, a falar uma com a outra, no que me pareceu ser um dos dialectos da Guiné-Bissau, mais precisamente, o manjaco, ainda que, eu não saiba falar nenhum dialecto guineense, para além do kriol, a nossa língua nacional. Fomo-nos olhando uns aos outros, eu em silêncio e as duas senhoras falando descontraidamente entre elas, até que, uma delas se me dirigiu, em português, nos seguintes termos: desculpe, o senhor é da Guiné-Bissau? Antes que saísse a minha resposta, a outra senhora diz para a sua acompanhante, então não se vê logo que sim...? Não reparaste na pulseira que o senhor tem ...? Ah!... Pois, o senhor é guineense como nós... Nós somos manjacas e pelo que vemos, o senhor é balanta, pois utiliza a pulseira "ferradia", típica dos balantas...
Pois, disse eu, meio surpreendido com a abordagem... Somos todos irmãos, todos guineenses, independentemente das nossas raízes étnicas. Sim, sou descendente de balantas, disse-lhes em kriol (veículo de comunicação que passamos a utilizar a partir daquele momento), por parte da minha avó materna (ainda que seja igualmente descendente de povos de outras proveniências) e a pulseira que uso, como devem saber, não é para justificar que sou balanta, mas sim, um traço cultural dos balantas que me foi transmitido/doado desde criança e que ao longo dos anos, incluindo os anos que estou ausente da Guiné-Bissau, tem sido renovado, mas, mais do que isso, identifica-me como um cidadão guineense, porque o balanta, a exemplo do fula, do mandinga, do manjaco, do pepel, do mancanhe e de todas as etnias existentes na Guiné-Bissau, tem as suas particularidades que servem para definir/caracterizar o contexto antropológico, histórico, social e cultural que o identifica como uma etnia da Guiné-Bissau e a razão disso foi a forma como nos reconhecemos/identificamos através deste encontro: pelo dialecto característico dos manjacos, por um lado e, pela pulseira balanta "ferradia" por outro. A conversa estava óptima, mas tínhamos destinos diferentes e por isso, ficamos pela conversa que tivemos, em concordância, sobre o facto de sermos guineenses, pela diversidade étnica que nos une mais do que nos divide! Por mais que se queira dividir o nosso povo; por mais que se queira estigmatizar uma ou outra etnia, visando a sua exclusão, enquanto parte que compõe o povo da Guiné-Bissau, negando-lhe os seus direitos fundamentais, o guineense será sempre a soma de todas as etnias da Guiné-Bissau! No dia em que tiver complexos de me assumir como descendente de balanta, ou de DESrespeitar os meus irmãos descendentes de outras etnias da GuINÉ-BISSAU, estarei SIMPLESMENTE a rECUSAR a minha identidade guineense!
A Guiné-Bissau é a soma dos interesses de todos os guineenses E NÃO DOS
INTERESSES DE UM GRUPO OU DE GRUPOS DE GUINEENSES!
Didinho
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Didinho O MEU PARTIDO É A GUINÉ-BISSAU!
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
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