SIM, CABRAL TINHA TODOS OS MOTIVOS PARA SER UM EGOCÊNTRICO, PORQUANTO, NÃO UM SANTO, MAS UM GÉNIO!

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinhocasimiro@gmail.com

21.01.2013

Fernando Casimiro (Didinho)Amilcar Cabral era um ser humano e é como ser humano que se deve reconhecer o facto de ter estado quilómetros "luz" de distância, na visão comparativa com a maioria de outros seres humanos como ele. Todos iguais, enquanto seres humanos; todos diferentes, no que toca às capacidades, às particularidades de cada um. Ninguém se impõe para fazer parte da História, senão, todos nós teríamos, antecipadamente, lugar cativo na História.

Cabral mereceu, merece, merecerá sempre, estar na História, da Guiné, de Cabo Verde, de África, de Portugal, de Angola, de Moçambique, de São Tomé e Príncipe, entre outros e do MUNDO!

Não é preciso que alguém nos diga que Cabral não era um santo, pois isso, todos sabemos!

A propósito das afirmações de Mário Cissoko sobre Amilcar Cabral, não vejo surpresas nem motivos de exaltação para contrariar tais afirmações e explico o porquê, em pequenas linhas.

1- Mário Cissoko, de facto, não viveu, nem conviveu com Cabral, como demonstra nas suas declarações. Mário Cissoko nunca foi um "próximo" de Amilcar Cabral, nunca conheceu os detalhes da vida pessoal de Amilcar Cabral!

Amilcar Cabral, quando foi assassinado, tinha 49 anos de idade e nessa altura, Mário Cissoko tinha 25. Quem era Mário Cissoko; que papel desempenhava na luta, na direcção superior do PAIGC para ser um dos "próximos" de Cabral, ao ponto de o "conhecer", ao ponto de o ajuizar?

2- Mário Cissoko, terá muitas razões, tendenciosas, porquanto de há uns anos a esta parte ser próximo, isso sim, de figuras portuguesas, que ainda durante a luta de libertação nacional tentaram eliminar Amilcar Cabral!

3- Mário Cissoko, ao que se sabe, tem em Alpoim Calvão, o comandante da operação "Mar Verde", destinada a liquidar Amilcar Cabral e destruir o PAIGC, o seu "padrinho", o que por si só, explica o posicionamento de um "historiador" que pouco ou nada fez, pela e para a História da Guiné-Bissau...

O Vaticano não recebeu nenhuma proposta ou petição para a beatificação de Amilcar Cabral, pois todos sabemos que ele era um ser humano normal, comum a todos, com defeitos e virtudes, e não um santo. Agora, o que leva Mário Cissoko a falar mal de Cabral, sem antes apresentar as provas documentais que diz possuir...?

Se Cabral era um egocêntrico, deixo aqui as seguintes questões:

- Um génio, capaz de pensar, desenvolver e pôr em prática algo que outros não conseguiram;

-Um génio que quase que adivinhava o que outros lhe tinham a propor, porquanto, com mais visão, estando anos luz de distância e à frente dos outros, em matéria de lucidez, já previa o que por exemplo, Abílio Duarte lhe queria dizer, pergunto, não deveria ser egocêntrico?

-O que é que se conhece de Abílio Duarte, comparativamente com o que se sabe de Amilcar Cabral?

O que é que se conhece de Mário Cissoko, até hoje?

Por que razão só hoje Mário Cissoko "ataca" Amilcar Cabral?

Alguém que conviveu de perto com Amilcar Cabral disse-me uma vez que "Amilcar Cabral era teimoso, ou seja, que quando estava convencido de algo, não aceitava ser contrariado..."  Pergunto, será isso um defeito ou uma virtude?

Estar convencido pressupõe ter a certeza de algo, o que não é o mesmo que estar em dúvida sobre algo. Certamente Cabral ouviu muitos aconselhamentos, aceitou uns e optou por decidir, pela sua consciência noutros casos.

O que qualquer pessoa faz, perante situações idênticas?

Estando convencidos do nosso raciocínio, abdicamos dele, para agradar aos "outros", que nem sequer nos convenceram de estar à altura do que se propôs debater?

Os génios listados na história, foram pessoas que optaram pelo raciocínio colectivo, ou "democrático", ou foram pessoas singulares no pensamento e na acção, a exemplo de Amilcar Cabral?

- Um egocêntrico que, apesar de todas as críticas, hoje, os arquivos contrariam as diversas acusações contra a sua pessoa.

Se não era Amilcar quem dirigia o partido e a luta, então, se calhar era Mário Cissoko e Abílio Duarte...?

Já agora, qual é o registo histórico de Mário Cissoko, sobre o assassinato de Amilcar Cabral?

Não seria de todo, mais importante, falar sobre isso, já que se trata de um historiador?

Claro está que Mário Cissoko, ao invés de escrever a História da luta de libertação nacional e, por via disso, do nascimento da República da Guiné-Bissau, até à data presente, descuidou-se com a defesa dos seus interesses pessoais e foi ultrapassado por historiadores guineenses ou estrangeiros; ou por simples cidadãos guineenses ou estrangeiros que foram pesquisando, analisando, avaliando, validando e publicando "notas históricas" que hoje fazem "ciúme" ao Mário Cissoko...

O que tem Cabral a ver com isso, Mário...?!

Não será, pelas divergências pessoais, entre Mário Cissoko, historiador e Iva Cabral, historiadora, (eles que foram "amicíssimos/íntimos, no passado..."  e tendo como centro de disputa "Amilcar Cabral divulgado pela Fundação Amilcar Cabral, pela Fundação Mário Soares/Casa Comum", que Mário Cissoko mostra a sua "raiva" para com Amilcar Cabral?

Estará em jogo alguma questão financeira, ou é apenas uma questão de, também o Mário Cissoko conseguir uma maior visibilidade e reconhecimento, enquanto historiador, dos idos tempos da luta de libertação nacional?

O que é que Mário Cissoko fez, enquanto historiador e Director do Museu Nacional,  para ajudar a preservar os arquivos da luta de libertação, senão, permitir a sua destruição, até que, com a Guerra de 1998/1999, pessoas, entre as quais, Iva Cabral, se decidissem pela "doação" dos arquivos de Amilcar Cabral e parte deles, do PAIGC, à Fundação Amilcar Cabral e à Fundação Mário Soares/Casa Comum?

Isso é que lhe está atravessado na garganta?

Amilcar Cabral, contrariamente ao que alguns dizem dele, acusando de favorecer cabo-verdianos em detrimento de guineenses, viajou por vários países, na qualidade de Secretário-Geral do PAIGC e levou sempre, com ele, quer guineenses, quer cabo-verdianos. Imagens patentes nos arquivos confirmam isso, desmentindo acusações tendenciosas!

Amilcar enviou quer guineenses, quer cabo-verdianos ao estrangeiro, para se especializarem em assuntos que o PAIGC achava necessário. Imagens patentes nos arquivos confirmam isso, desmentindo acusações tendenciosas!

De uma coisa não tenho dúvidas: Só mesmo Amilcar Cabral, porquanto, um génio e não um santo, seria capaz de juntar todas as etnias da Guiné e os cabo-verdianos, para a luta comum!

Entrevista: “Cabral era um egocêntrico” – historiador guineense Mário Cissoko

A Guiné-Bissau é a soma dos interesses de todos os guineenses E NÃO DOS INTERESSES DE UM GRUPO OU DE GRUPOS DE GUINEENSES! Didinho


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