SISTEMA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA NA GUINÉ-BISSAU

 

 

Alberto Oliveira Lopes      

Lopesoliveira27@yahoo.com.br

08.09.2010             

Alberto Oliveira LopesAbordar a situação da Vigilância Sanitária na Guiné torna-se muito complexo, dada a inoperância ou descumprimento do seu papel preponderante na promoção e prevenção das doenças e possíveis complicações, que simplesmente poderiam ser sanadas, caso a entidade competente cumprisse com as suas atribuições.

 

Entendo pouco ou nada sobre a estruturação do sistema de saúde guineense, mas neste momento, é o que menos importa. É sabido que na maioria dos países do mundo, a vigilância sanitária desempenha um papel crucial na fiscalização de ações que trazem riscos à população, principalmente no que diz respeito ao saneamento básico; melhor: podemos caracterizar  a Vigilância Sanitária como um conjunto de ações capazes de sanar, amenizar ou prevenir os riscos à saúde e intervir, sempre que  necessário, na resolução dos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens materiais, assim como intervir na prestação de  serviços de interesse da saúde pública, o que abrange o controle de bens de consumo que de forma direta ou indireta estão relacionados com a saúde da população.

 

O principal teor desta reflexão, consiste em analisar a ineficiência da vigilância sanitária  e o seu impacto negativo no combate aos problemas básicos de saúde pública guineense. Primeiro, vamos começar a analisar a forma como as frutas são comercializadas no maior mercado do país (mercado de Bandim); Duvido muito se existe um Guineense , que vive em Bissau, que não sabe como funciona o mercado de Bandim e outros mercados que existem no país; como são comercializados mangas, cajus, bananas etc.. Isso demonstra, mais uma vez que os inúmeros problemas que afetam a Guiné Bissau não resultam da falta de  indivíduos capazes, mas sim da falta de vontade dos nossos governantes e gestores e da falta de conscientização da sociedade civil.

 

Quais foram as medidas acionadas pela Vigilância Sanitária em conjunto com a Câmara Municipal, com vista a pôr fim a essa pratica vergonhosa?

 

Um outro assunto muito preocupante, pensando numa alimentação saudável baseada na boa higiene, são os restaurantes e bares e a forma como são comercializadas comidas e bebidas  nesses lugares, sem nenhum tipo de fiscalização pela vigilância sanitária. Se fomos analisar, dos bares e restaurantes que existem no país, 95% funciona em condições precárias, sem fiscalização e com instalações inadequadas. Onde está a Vigilância Sanitária, órgão que representa o Ministério da Saúde no que diz respeito à matéria em questão?

 

Onde estão: a Câmara Municipal, o Ministério das obras Públicas etc.?

 

Um dos aspectos  que deixa muito a desejar, são as comidas comercializadas dentro do mercado de Bandim; Do ponto de vista sanitário, aliás não é preciso ser especialista na matéria para se perceber que  não existem mínimas condições para essa prática, independentemente de ser um lugar tumultuado que carece de condições de higiene, o que de certo modo acaba contribuindo de forma significativa  na propagação das doenças ou dos agente causadores das doenças, entre as quais  a cólera que ceifa a vida a centenas de pessoas todos os anos.

 

Na qualidade de guineense e profissional da área da saúde, preocupado com a saúde dos guineense, gostaria de solicitar a Vigilância Sanitária, como órgão representante do Ministério da Saúde, em conjunto com a Câmara Municipal, que accionem medidas que  regulamentem o funcionamento de restaurantes e outros lugares de alimentação pública, como forma de promoção e prevenção da saúde, partindo do pressuposto de que é mais fácil e menos custoso investir na prevenção  do que investir no tratamento.

 

Sabemos como estão fragilizadas as nossas instituições de saúde, facto que convida cada guineense a tomar medidas necessárias, como forma de evitar possíveis enfermidades, partindo do principio de que não existe uma politica nacional de saúde que vá de encontro às necessidades das populações.

 

Analisando a precariedade  da saúde  na Guiné, podemos tirar ilação de que isso se deve à falta de comprometimento dos nossos governantes com a saúde publica, pelos seguintes motivos:

 

            1- Quando os nossos   governantes sofrem de uma simples cefaleia (dor de cabeça), lá vão eles correndo para o estrangeiro  para receber umas 40 gotas de dipirona, como se na Guiné não existissem médicos. Nesta circunstância, como fica a maioria de população que não tem nem sequer 100 XOF para custear a passagem de camioneta (famoso tóka-tóka) para o hospital Simão Mendes?

 

            2- Se os nossos  governantes nunca deram prioridade à saúde, aí vem a pergunta: como almejar o desenvolvimento de um país, sem levar em consideração um dos principais indicadores  de desenvolvimento de um país?

 

            3- Mulheres desses governantes vão dar à luz no estrangeiro, porque sabem as condições precárias em que estão os nossos hospitais.  É bom que fique  claro que a falta de atendimento condigno não se deve simplesmente à falta de qualificação profissional, mas sim, a uma gama de factores, tais  como, falta de meios e materiais para que esses profissionais exerçam  as suas profissões  adequadamente.

 

Na área da saúde, podemos possuir conhecimentos técnicos e científicos, mas quando não possuímos meios e materiais, ficamos muito limitados em atender as necessidades dos pacientes, razão pela  qual devemos agradecer aos profissionais de saúde que atuam na Guiné, pois, exercer a medicina, e a enfermagem na Guiné exige muita coragem, determinação, criatividade e perseverança.

 

Apelo ao Ministério da Saúde que dê um balão de oxigênio à população guineense.

 

Apelo à Sociedade Civil para que cobre o que lhe  é devido, porque não podemos cobrar dos profissionais de saúde a prestação dos cuidados adequados sem cobrar do governo a criação de condições mínimas para que esses profissionais passem a exercer a profissão com eficiência.

 

É chegada a hora de a Sociedade Civil deixar de emitir notas de imprensa depois das desgraças, e promover ações de reivindicação pacífica em relação aos diversos problemas que afetam a sociedade guineense.

 

Chegou a hora de mostrar ao mundo que não só sabemos fazer a guerra, mas sim existem Guineenses comprometidos com o desenvolvimento do país, sem derramamento de sangue.

 

Vamos continuar meditando nos problemas que afetam a nossa querida pátria.

 

 


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