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SOBERANIA, A QUEM PERTENCE?!
Bacar Queta *
São Paulo, 02 de Setembro de 2009
Um dia no terra na sabi!
Quando se falava no espaço Contributo que o envio da força de paz para apoiar na restauração das ordens democráticas como condição imprescindível para a diminuição do sofrimento do povo guineense e afirmação dos direitos humanos no País, houve os que impiedosamente afirmavam que isso constituiria uma ameaça à soberania nacional. Mas de que vale a soberania quando o povo é acordado, persistentemente, pelos tiros e notícias de assassinatos? Mas de que vale uma soberania sem a operacionalidade da ordem democrática – falta de justiça e permanente sobressalto? Mas de que vale a soberania quando o Estado não consegue responder ao Povo e à comunidade internacional sobre a campanha de tráfico de droga no País? E às vezes me parece que os matchus estão a impedir o envio da força de paz porque esta ameaçará as suas soberanias e não a do povo ou então não conseguiram ainda entender o que é a soberania e os seus valores! Hoje, como vimos na edição anterior do Projeto Contributo, a comunidade internacional perdeu a paciência com a matchundade dos nossos chefes e decidiu criar uma nova missão de paz para atender à mais elementar demanda do povo – estabilidade, paz e segurança -, coisa que o Estado não lograria fazer, defendendo falsamente a soberania do povo que nunca conheceu o seu direito. E ainda não perceberam que o mundo está globalizado de tal forma que não há espaço para impor qualquer regime que viole os direitos humanos. E o valor de um chefe é medido através de suas boas ações, e é isso que deixa viva, até hoje, a honra do nosso saudoso líder. É agradável ouvir que o País ratificou a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres (CEDAW). Isso é mais um instrumento que valida a ação da sociedade civil na promoção e proteção dos direitos das mulheres, sendo isso uma condição necessária para a construção de uma sociedade educada, solidária e humanista. Porque a mulher é a fonte de energia da paz e da felicidade e respeitar os seus direitos é um dever de todos os homens. Seria mais uma ocasião para cobrar ao governo uma política afirmativa que permita combater vigorosamente todas as formas de discriminação contra as mulheres, sobretudo no tocante à terrível prática tradicional de excisão feminina que recentemente vitimou mais uma menina. As nossas mulheres merecem carinho, amor, respeito porque são naturalmente lindas e dignas.Vamos reclamar, com respeito e humildade, a devolução dos nossos direitos, enquanto cidadãos.Estamos vivos!Bacar Queta
* Guineense, Presidente do FACOLSIDA, Intercâmbista do Programa de Direitos Humanos da Conectas em São Paulo, Brasil
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