SOBRE
CRIANÇAS TALIBÉS
Umarú Baldé
*
umaru.idriss.balde@gmail.com
22.06.2013
As
crianças são consideradas como adultos em miniatura pois as suas estruturas
físicas e mentais não lhes permitem suportar muitas dificuldades. Como tal,
qualquer forma de opressão contra elas deve merecer o nosso total repúdio,
independentemente da classe social a que pertencem. Com efeito, não bastam
meras palavras. É preciso que se faca investigação para apurar as principais
causas deste problema. O que pressupõe, desde logo, na minha opinião, atacar
a ineficácia do nosso aparelho educativo. É preciso não esquecermos que o
nosso sistema educativo é comparável à velha manta do tio “Mberto”. Além de
apresentar muitos buracos, é demasiada curta para cobrir a extensão do
território nacional. Por conseguinte, alguns pais preocupados com a educação
dos seus filhos, recorrem às escolas madrassas, como forma de vedarem, aos
seus menores, o caminho ao vandalismo.
Entretanto, o
problema parte do principio que, nem o Estado, na sua forma institucional,
nem a sociedade guineense, reconhecem tais escolas como instâncias
educativas. Basta recordarmos que houve alturas em que cidadãos que
assinavam os seus nomes em lingua árabe, eram considerados analfabetos. Como
se não bastasse, os mesmos tinham no verso dos seus B.Is, em letras
encarnadas NÃO SABE ASSINAR. Ora bem, se olharmos para o sector económico do
nosso país, verificamos que os principais agentes económicos são formados em
tais escolas. Nomeadamente, Mamadu Djabi, Djaquité, o próprio Botche Candé,
entre muitos outros que durante longos anos a esta parte, asseguraram por
inteiro a nossa balança de importação de produtos de primeira necessidade.
Com efeito, fazem devidamente os registos das receitas e das despesas, bem
como, assumem por completo a gestão das suas empresas, graças à formação
adquirida nessas escolas. Posto isto, é importante referir que nos tempos
que correm, o conceito de analfabetismo, aplica-se mais a nível do uso das
novas tecnologias do que a nível literário. Partindo desse pressuposto,
conclui-se que os cidadãos em causa, foram vítimas de islamofobia. Na minha
opinião, este assunto da forma como é tratado, denuncia atitudes demagógicas
contra o sofrimento dos menores.
Tudo pesado e
medido, oferece dizer o seguinte: O Ministério da Educação abdica
sistematicamente do seu papel de principal responsável pela educação e
formação dos cidadãos. Por outro lado, a própria sociedade guineense não
reconhece nem valoriza o papel das escolas madrassas no contexto da nossa
civilização.
Porém, o teatro
não termina por aí. Cidadãos que se casam pela igreja são reconhecidos pelas
instituições e pela sociedade Guineense. Até aí tudo bem, não há nenhum
pecado. De contrário, cidadãos que se casam pela mesquita, olha... continuam
solteiros. Mas o que me irrita face a esta atitude nunca fundamentada nos
termos da lei, é o facto de que muitos quadros, filhos de pais muçulmanos,
preferem casar-se pela igreja. (permitam-me rir para não chorar)
Fazer o quê?
Na Guiné assim se canta o fado.
Na mesma, VIVA a unidade NACIONAL
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Birmingham, 19-06-2013
Umaru Balde (penso, logo existo)
*
Mestre
em Ciências de Educação pela Universidade de Lisboa
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