vamos reflectir Fernando Casimiro (Didinho) 30.08.2013 Por que razão, nós, guineenses, ouvimos, lemos, por diversas vezes, "ameaças" da Comunidade Internacional" de que " (...) esta é a última oportunidade para a Guiné-Bissau"? Por acaso o nosso país deu tantos problemas ao mundo, como outros, que tiveram guerras entre irmãos, durante anos, mas que não chegaram a receber ameaças, nem foram abandonados pela Comunidade Internacional? Será que, essas ameaças, traduzem vontade e querer da Comunidade Internacional em continuar a ajudar na busca de soluções para a Guiné-Bissau, ou significam "fim de linha", impaciência e consequente determinação em abandonar, de facto a Guiné-Bissau (e o seu povo) à sua sorte? Se alguns guineenses acham que, cultivando, promovendo ou apoiando directa ou indirectamente a instabilidade política, social e militar na Guiné-Bissau, isso será argumento para que a Comunidade Internacional em geral, ou a Organização das Nações Unidas em particular, decidam por uma intervenção militar ou por uma tutela administrativa territorial da Guiné-Bissau, creio que, nada há de mais irrealista nesta pretensão. Basta recorrer a inúmeras intervenções, em jeito de ameaças, de abandono da Guiné-Bissau, por diversas instâncias internacionais, para se concluir que o abandono a que se refere é mesmo de retirada, que não estratégica, para que os guineenses se entendam entre si, através de ajustes de conta nas suas diversas formas... Mas o abandono da Guiné-Bissau pela Comunidade Internacional, também pode significar o "sacrifício" cerimonial dos vários interesses reunidos à volta dessa Comunidade Internacional, para um "benefício" fora do contexto do Direito Internacional e das Relações Internacionais, que favoreça aos mais poderosos o controlo directo ou indirecto das riquezas e das potencialidades de um país "virgem" como é o caso da nossa Guiné-Bissau... Ou seja, quanto mais provocarmos a instabilidade na nossa terra, mais azo estaremos a dar aos nossos parceiros para nos abandonarem ao invés de nos apoiarem, como alguns pensam e, a meu ver, de forma errada. A Guiné-Bissau, quer se queira ou não, admitir, é um Estado soberano. Falhado ou em vias de falhanço, mantém a sua soberania e é um Estado membro das Nações Unidas. Olhemos para o caso da Somália... As Nações Unidas tutelaram a Somália? A Somália (bem assim o povo somali) foi ou não abandonada à sua sorte...?! É isso que nós guineenses queremos para a nossa Guiné-Bissau e para nós mesmos? Qual deveria ser, na verdade, a melhor postura da Comunidade Internacional na procura de soluções de estabilidade e apoio na edificação e afirmação de instituições fortes na Guiné-Bissau? Não será por esta questão que devemos começar, ainda que, todos saibamos que, a nós guineenses, se impõe a obrigação, a responsabilidade e o dever de resolvermos os nossos problemas (quiçá, os problemas da nossa Guiné-Bissau) sujeitando-nos às diversas normas de participação e integração, regionais, continentais e mundiais, afim de nos sentirmos parte do mundo e termos a nossa representatividade no concerto das Nações? Tenho sido confrontado com questões relacionadas com intervenções do General António Indjai, consideradas preocupantes. Mas é clara (sempre foi) a minha posição sobre o General António Indjai. Sempre fui claro relativamente a todas as estruturas do poder na Guiné-Bissau, bem como, sempre fui claro na sustentação do meu apoio às instituições da República e não a fulano, beltrano ou sicrano. Penso ter sido explícito nesta matéria ao longo de todos estes anos que me dedico à causa guineense e reafirmo hoje, tudo o que constituiu meu posicionamento ao longo dos anos! A Guiné-Bissau não se resume ao General António Indjai, ao ex- primeiro-ministro Carlos Gomes Jr. e outros, que, cada vez mais, confirmam tudo quanto escrevemos ao longo de anos, sobre suas participações negativas, no percurso de aprendizagem do conceito teórico e prático da democracia, como também, da construção e afirmação de um Estado de Direito no nosso país. Porém, as prestações negativas de vários irmãos nossos, não devem servir para produzirmos e promovermos "resoluções" irreflectidas, igualmente, de carácter negativo, a meu ver, em jeito de confrontação de "modelos", sempre em prejuízo do nosso país e do nosso povo, quiçá, das gerações vindouras. Alguém acha que as Nações Unidas vão tutelar um Estado soberano, independentemente da dependência desse Estado e de quem representa a autoridade desse Estado, com que legitimidade e com que recursos? Já expliquei anteriormente as diferenças, no meu ponto de vista, entre a Guiné-Bissau e Timor-Leste, nesta matéria, já que, alguns guineenses continuam, a meu ver, a equivocar os estatutos da República da Guiné-Bissau desde o seu reconhecimento como Estado-membro das Nações Unidas e o território de Timor-Leste, anexado pela Indonésia, e não reconhecido como Estado-membro das Nações Unidas. Alguém acha que se pode simplesmente decretar o fim das Forças Armadas na Guiné-Bissau, ou o aniquilamento de todos os militares guineenses, porquanto ser esse o juízo de um "julgamento" que permitiria "salvar" o país? Li por estes dias, a propósito da utilização de armas químicas na Síria, que os Estados Unidos tinham dado a conhecer que tinham interceptado comunicação de um alto comando militar do regime sírio, dando ordens às suas tropas para a utilização dessas armas, ou seja, que a ordem de utilização dessas armas não tinha partido directamente do Presidente da Síria. Pergunto: Se as autoridades dos Estados Unidos consideram a Guiné-Bissau um narco-estado com ligações terroristas, de onde têm sido feitas conspirações contra os Estados Unidos, etc., etc., por que razão, o país da máxima força mundial ainda não divulgou, como matéria de prova, comunicações interceptadas relativamente à Guiné-Bissau, sobre presumíveis "prevaricadores" e até agora não se disponibilizou a agir em conformidade, contra autoridades guineenses consideradas conspiradoras contra os Estados Unidos da América, ou contra os interesses dos Estados Unidos da América e que estão num país tão fragilizado, como é a Guiné-Bissau? Apetece rir quando se diz que há conspiradores guineenses, na Guiné-Bissau, contra os Estados Unidos da América, ou contra os interesses dos Estados Unidos da América, sem que os Estados Unidos façam valer a força da sua determinação, quando, de facto, se está perante situações do género... Isto quer dizer que o problema que se alimenta sobre a Guiné-Bissau, não é, por assim dizer, tão preocupante para as autoridades dos Estados Unidos, ainda que a prisão de Bubo Na Tchuto, tenha dado a pensar que sim. Mas e se um dia destes, as autoridades norte-americanas resolverem usar Bubo Na Tchuto, para atingir outros fins, ligados aos seus interesses na sub-região e decidissem pelo seu repatriamento "controlado" à Guiné-Bissau, com missão pré-definida...?! Os americanos sabem muito, obviamente, mas o saber, neste mundo globalizado, não se limita apenas ao espaço geográfico! Vamo-nos pautar pelo bom senso, tendo em conta o realismo do actual contexto político, social e militar do (e no) nosso país. O que é que queremos, o que é que podemos fazer, como fazer, já que, o tempo não é questionável, quando o trabalho se impõe, e na Guiné-Bissau, temos trabalho de gerações, para edificarmos a NAÇÃO GUINEENSE! Temos que ser inteligentes, mostrando-o na prática, com acções concretas e eficazes, sobre o que queremos e desejamos para o nosso país, quiçá, para o bem-estar comum. Quanto mais divididos, mais afastados estaremos, das soluções para os nossos problemas! Condenamos o golpe de Estado, mas fomos realistas desde a primeira hora, sobre o que poderia criar mais obstáculos à Guiné-Bissau do que o próprio golpe de Estado, consumado. Fomos mal interpretados, para largos meses depois, se chegar à conclusão de que estávamos certos! Hoje, conclui-se que perdemos tempo, perdemos muito tempo e continuamos a perder tempo, por não termos sido suficientemente inteligentes, na abordagem do contexto pós golpe de Estado de 12 de Abril de 2012. Mas nesta questão, torna-se oportuno questionar, nos dias de hoje, qual a posição pública dos que se perfilam como candidatos à Presidência da República da Guiné-Bissau, sobre o 12 de Abril - Golpe de Estado e sobre o processo de transição consequente, até aos dias de hoje. É que uns, que nada disseram publicamente sobre assuntos delicados do país, de 12 de Abril de 2012 aos dias de hoje, surgem do "nada" como "profetas" prontos a salvarem a Guiné-Bissau e os guineenses. Enquanto uns poucos, dando a conhecer publicamente as suas opiniões, foram simplesmente apelidados de "golpistas", mas dando opiniões, sugerindo ideias para a busca de soluções pacíficas, de estabilidade e de retoma da normalidade constitucional na Guiné-Bissau! Vamos continuar a trabalhar! A Guiné-Bissau é a soma dos interesses de todos os guineenses E NÃO DOS INTERESSES DE UM GRUPO OU DE GRUPOS DE GUINEENSES! Didinho VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Didinho O MEU PARTIDO É A GUINÉ-BISSAU!
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
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