ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS ANTECIPADAS DA GUINÉ-BISSAU 28 DE JUNHO DE 2008
AS RAZÕES DA MINHA CANDIDATURA
“ZINHA VAZ”
INTRODUÇÃO
1.
A GUINÉ-BISSAU prepara-se nesta situação particularmente difícil e eivada de
desafios, para as Eleições Presidenciais antecipadas, todavia
oferecem-se oportunidades que, se bem aproveitadas, poderão abrir as
portas a uma nova etapa de crescimento económico rápido que constitua uma
base sólida para um desenvolvimento sustentável.
2. Se é verdade que atravessamos nos últimos tempos um período de grande instabilidade política, social e até mesmo moral, com graves problemas ao nível da gestão da economia do País, não é menos certo que este é o período em que nele se logrou assentar os pilares essenciais da construção de uma sociedade democrática, questionando de forma decisiva as concepções, posturas e práticas de uma política arrogante e atávica.
3. É preciso dizer claramente que apesar de tudo e mesmo após todos os esforços consentidos nos últimos dezanove anos de prática de democracia multipartidária, a nossa sociedade conserva ainda algumas sementes do monopartidarismo prontas a germinar caso as circunstâncias o favoreçam. Parafraseando o ditado popular diria que o monolitismo é teimoso “ ANÓS QUE LUTA, ANÓS QUE NA MANDA "
4. A democracia só é sustentável se, assente numa base de "Desenvolvimento e Justiça Social". Noutros termos não pode haver Democracia sem Desenvolvimento e sem Justiça Social. O grande paradoxo da sociedade Guineense nos últimos dez anos após o conflito político-militar, é que se verifica uma tentativa de "Democratização do Estado sem Desenvolvimento e com sérias Injustiças Sociais". De facto, em termos de desenvolvimento, houve mesmo uma regressão demonstrável pela evolução dos indicadores sócio-económicos mais significativos. Em 35 anos de independência, o nosso País acumulou um crescimento negativo de 17%, anual, uma dívida externa incomportável que ronda os 700% do seu Produto Interno Bruto (PIB) e um nível de pobreza absolutamente inaceitável. O País exporta em valor cerca de 200 milhões de dólares/ano e importa cerca do triplo ...
A Guiné-Bissau ocupa 0 1710 lugar na lista do PNUD de classificação de países em função do Índice de Desenvolvimento Humano!...
Verifica-se uma angustiante incapacidade de promover o desenvolvimento, o que favorece a instabilidade e põe em causa todo o edifício democrático em construção no país.
5. É absolutamente impossível avançar na construção de uma sociedade moderna na Guiné-Bissau sem que 0 trinómio "Democracia/Desenvolvimento/Justiça Social" seja equacionado de forma consequente. Este é, a meu ver, um dos pontos de estrangulamento de toda a "questão Guineense". A classe política e as instituições da República têm, uma vez por todas, de se mostrar capazes de promover o desenvolvimento socioeconómico da nação, em democracia e com justiça social, sendo este um critério essencial para avaliar 0 seu desempenho.
6. Para os povos, a Democracia tem apenas sentido se ela se traduzir na criação de uma base económica sólida que permita melhorar o seu nível e qualidade de vida. Isto significa desenvolvimento, 0 que quer dizer, assistência médica decente, mais e melhores escolas para os seus filhos, emprego e remuneração condignos, acesso à informação e à cultura e confiança no futuro. O Jovem tem que saber que há um futuro para ele, livre da perspectiva do sub-emprego e desemprego crónicos; 0 pai e a mãe têm de sentir que há um futuro em construção para os seus filhos e netos, pelo que hoje podem consentir alguns sacrifícios.
7. Hoje, cerca de metade da população activa encontra-se desempregada e mais de 40% dos Guineenses, isto é, quase um em cada dois dos nossos compatriotas, vive abaixo do limite da pobreza. Não é segredo para ninguém que mais do que um terço das crianças Guineenses sofre de malnutrição crónica e a imensa maioria das famílias é incapaz de assegurar, pelo menos, duas refeições diárias. 0 acesso à agua potável, à electricidade e ao saneamento básico é limitado, os transportes públicos são praticamente inexistentes, a oferta de jornais, revistas, livros e filmes é praticamente nula e a organização dos tempos livres esquecida ... Isso tudo é um sinal inequívoco de que o país está enrodilhado num confrangedor ciclo de atraso e miséria cada vez mais terrificante... Não se pode continuar a falar de democracia com um cenário nacional tão ultrajante.
8. Mas é ou não possível acabar com isto? Estaremos nós, enquanto Guineenses condenados a isto? De quem depende afinal a solução? Não será de nós mesmos? Que fazer?
UMA TRANSIÇÃO NECESSÁRIA ...
9. Na evolução recente da sociedade guineense podemos registar duas etapas essenciais: a primeira, a da Libertação Nacional e da VITÓRIA sobre o COLONIALISMO, seguiu-se uma segunda que modelou o processo de reconstrução da nação promovendo a Democratização da Sociedade; esta foi a etapa da VITÓRIA sobre o MONOLITISMO. Estas são as duas transformações decisivas que tiveram lugar na Guiné-Bissau no último quarto do Século XX.
10. Como resultado disso, vivemos hoje num País livre e soberano em que a Democracia, embora ainda jovem e frágil, é uma realidade que já passou, com relativo sucesso, por algumas provas.
11. É chegada a altura de promover uma terceira etapa que consolide e aprofunde as conquistas alcançadas até agora, rompa os veios do atraso e nos permita caminhar rumo ao progresso. Essa será a etapa da Modernização da sociedade e Desenvolvimento do país. Ele deverá, ao materializar 0 trinómio "Democracia/Desenvolvimento/Justiça Social" traduzir-se na criação de uma base económica sustentável, que permita liquidar a pobreza e criar um país moderno integrado na aldeia global que e a humanidade hoje; um País verdadeiramente democrático onde existam liberdade, justiça, paz, estabilidade e respeito pelos direitos humanos, onde os dirigentes prestem contas da sua gestão ao povo que os elegeu; uns País onde a solidariedade tenha o valor de senha que abra não apenas todas as portam mas, mais importante ainda, os corações de todos os seres humanos.
12. Guiné-Bissau, tem condições de se transformar num País sem fome e sem miséria; uma país onde a mulher tenha os mesmos direitos que os homens e veja esses seus direitos respeitados na prática do dia-a-dia no seio de famílias sólidas; um País onde os jovens sintam que têm um futuro, pois tem acesso ao ensino e a formação profissional que Lhes prepare para a vida; os reformados tenham assegurada uma pensão decente; os necessitados beneficiem da solidariedade nacional; um País, enfim, onde se promova a igualdade de oportunidades, a excelência, a competência e o mérito e onde se combata a mediocridade, a incompetência e o conformismo.
13. É necessário que os Guineenses tenham acesso aos serviços sociais básicos como educação e formação profissional, saúde, água potável, electricidade, habitação e saneamento do meio ambiente; que tenham acesso a informação e ao lazer, ao desporto e a cultura, de modo que possam viver com decência e dignidade. E necessário que as doenças endémicas, deixe de minar a saúde do nosso povo e dizimar as nossas crianças.
14. Essa democracia e esse desenvolvimento têm que ser como o sol, chegar para todos os Guineenses que no seu dia-a-dia têm que se alimentar, vestir, fazer progredir os seus negócios, ir à escola, cuidar da sua saúde e salvaguardar o seu futuro, tudo isso na dignidade.
15. Só assim se pode falar de democracia, para ser entendida pelo nosso povo sofredor... É este o desafio para a nova geração de políticos Guineenses - conduzir o País para marchar com sucesso rumo ao desenvolvimento.
16. Isto tudo é possível e está ao nosso alcance; depende antes de mais, de nós mesmos...
17. Constitui tarefa fundamental da próxima etapa congregar a Família Guineense em torno de grandes objectivos de desenvolvimento colectivamente identificados, os quais respondam aos reais problemas e preocupações da grande maioria dos jovens e crianças, dos homens, das mulheres e dos "mais velhos" deste País, objectivos esses que tenham força mobilizadora suficiente para galvanizar as pessoas, fazer calar diferenças circunstanciais, sarar feridas, consolidar fracturas e focalizar as energias da sociedade na construção de um futuro melhor para todos os Guineenses.
18. Nesse processo, há que preservar e consolidar a democracia e as liberdades que, na presente etapa, constituem a conquista essencial do nosso povo, pois que hoje a independência nacional esta consolidada. Há que revitalizar mecanismos que facilitem uma real participação dos cidadãos na gestão do seu País nomeadamente reforçar, consolidar e modernizar o poder local, com a realização das eleições antárcticas bem como promover a existência de uma comunicação social isenta e independente.
Os guineenses têm de, cada vez mais, ser chamados a se pronunciarem de diversas formas, incluindo 0 referendo, sobre as questões essenciais que determinam 0 seu futuro bem como 0 da Nação.
19. E vital impedir a todo O custo O retorno a um passado de monolitismo castrante, de Lideres incontestáveis, 0 qual ponha em causa uma democracia real e bloqueie 0 desenvolvimento ao impedir a libertação da energia criadora da sociedade a todos os níveis. Há que promover a paz e estabilidade; há que embandeirar 0 diálogo e a concertação como forma de estar e ser na sociedade Guineense; há que aprender e ensinar a viver em democracia e no respeito pela diversidade reconhecida e apreciada como valor e factor de progresso. E premente incentivar e promover os valores culturais Guineenses enquanto veiculo de ligação das populações, em particular dos jovens, com as suas raízes mais profundas.
20.
E preciso, em definitivo, moralizar a sociedade e combater de forma
sistemática e com firmeza a corrupção, narcotráfico, branqueamento de
capitais, o que constitui sem dúvidas, os cancros maiores da sociedade
Guineense. Estes flagelos associados a incompetência e a ma governação,
desvirtua todo o processo de consolidação da democracia e bloqueia 0
desenvolvimento. 0 Combate sem tréguas a corrupção, a impunidade e a
promoção do respeito pela coisa pública tem que ocupar lugar destacado em
qualquer estratégia séria que pretenda tirar 0 País do fosso em que se
encontra.
FACTORES ESSENCIAIS DO
PROGRESSO
21.
De facto, como convencer os Guineenses a apertarem mais o cinto e a
consentirem mais sacrifícios quando diariamente, tomam conhecimento de actos
de corrupção a vários níveis da sociedade, da impunidade vigente, muitas
vezes com a evidente cumplicidade de sectores bem colocados, dos quais seria
legítimo esperar posições públicas de rejeição e medidas de correcção firmes
e adequadas nos termos da lei? Como convencer os trabalhadores que nem
recebem um salário mínimo de forma a permitir-lhes uma vida com
dignidade, quando eles sabem e vem todos os dias que a corrupção gangrena o
Aparelho de Estado, sente que se usa e abusa dos bens públicos e se planeia
a luz do dia a sua apropriação indevida? Que franjas da elite dirigente se
constituem em verdadeiras sanguessugas que sugam o Aparelho de Estado até a
exaustão são campeões do roubo e o abuso do poder? Quando vem gente que não
trabalha, nada produz, e que no entanto vive abastadamente?
22. Apenas a honestidade, a transparência na gestão do bem publico e o espírito de bem servir podem fazer com que a população tenha confiança nos seus dirigentes e aceite consentir os sacrifícios necessários ao relançamento do País, que são ainda enormes.
23. Toda essa transformação da nossa sociedade exige, antes do mais, uma liderança moderna e competente; uma liderança comprometida com o bem-estar do seu povo, honesta, eficiente e possuidora de uma Visão para o País; uma Liderança que valorize 0 trabalho de equipa; que seja capaz de encontrar os pontos em que os interesses individuais e de grupos se encontram com os da sociedade em geral para, em dialogo, os promover; uma liderança com capacidade de inovação... Exige transparência e também muita capacidade técnica e gestionária.
24. Essa liderança tem de ser capaz de mobilizar a sociedade no seu todo, isto e, a sociedade politica com os seus partidos "grandes" e "pequenos"; a sociedade civil, que tem definitivamente de assumir um protagonismo visível em todo o processo de desenvolvimento; o sector privado, as instituições religiosas, mas e sobretudo os jovens, os idosos, as mulheres, e os homens nas cidades, vilas e tabancas por este país fora, em torno de grandes desígnios nacionais colectivamente identificados e adoptados. Essa tem de ser uma liderança que coloque um ponto final a impunidade e ao parasitismo e face da Justiça um verdadeiro Poder na Guiné - Bissau.
25. Nesse processo, os quadros nacionais desempenham um papel de primeira linha. Constituem uma das mais importantes riquezas da nação, pelo que uma atenção particular tem de ser dedicada a criação de condições de trabalho e de existência condignas para os quadros Guineenses, de modo a que os mesmos possam dar ao País tudo o que sabem e podem em prol do desenvolvimento. Por outro lado, a diáspora Guineense, isto é os Guineenses no exterior, constitui um factor extremamente importante em que o País tem definitivamente de passar a apostar. 0 País possui um bom número de quadros competentes e experientes exercendo funções diferenciadas em vários países e Organizações. Esses quadros são tão patriotas quanto nós e muitos dentre eles estão dispostos e desejosos de regressar para dar a sua contribuição ao desenvolvimento nacional; a titulo de exemplo, existem mais médicos Guineenses a trabalhar no estrangeiro do que no país... É dever de uma liderança esclarecida criar condições que favoreçam a mobilização desses quadros na diáspora para que, como é seu desejo, possam dar o seu contributo para a construção de uma Guiné - Bissau melhor.
26. A nível externo, essa liderança tem de ser capaz de passar uma imagem de seriedade e credibilidade; de competência, modernidade que possa induzir confiança e respeito nos nossos parceiros de desenvolvimento, tradicionais como novatos a serem mobilizados, tanto no sector publico como no privado. Só assim o país poderá continuar a contar com a ajuda e a cooperação da comunidade internacional, indispensáveis enquanto complemento dos esforços nacionais para 0 relançamento da economia e beneficiar de novos fluxos de capitais necessários ao relançamento do desenvolvimento. Essa liderança tem de, decisivamente, reforçar os laços de cooperação com os demais países africanos e promover, de forma consequente, a integração do país na nossa sub-região.
27. Na Bíblia (Exodus) há três factores que viabilizaram a travessia do deserto e a chegada a Terra Prometida: havia um objectivo claro que era a chegada à Terra Prometida; uma liderança esclarecida centrada em Moisés e noutros dirigentes do grupo, seus colaboradores mais próximos; e, entre essa liderança e 0 povo, havia muito dialogo e concertação traduzidos no grande número de vezes que Moisés reunia 0 seu povo para conversar...
28. Na situação em que nos encontramos actualmente na Guiné-Bissau quer-me parecer que, em definitivo, necessitamos também desses três elementos para "atravessarmos o nosso deserto" e chegarmos à Guiné -Bissau que prometemos ao nosso Povo aquando da luta pela Independência Nacional:
OBJECTIVOS CLAROS
29.
Em termos simples é necessário encontrarmos consenso, de uma vez por todas,
sobre as algumas questões fundamentais do Estado, de "para onde vamos
o que queremos, com que povo e nação, seguimos"?
Nesse sentido importa reflectir a realização de um Fórum de Unidade e
Reconciliação Nacional, de forma a permitiu identificar as áreas
de consenso entre as diversas forças políticas e sociais do País é
importante aproveitar essa dinâmica. Por outro lado os trabalhos de
excelente qualidade elaborados por quadros nacionais com o apoio de
parceiros de desenvolvimento multilaterais no âmbito do projecto "Estudos
Nacionais de Perspectiva de Longo Prazo" (NLTPS), bem como os documentos
produzidos no domínio da Planificação Estratégica do Desenvolvimento
representam uma boa base de partida que urge promover e valorizar.
LIDERANÇA COMPETENTE
30.
Isto é, precisamos de ter uma liderança realmente moderna e competente;
aberta ao mundo, capaz de defender os interesses nacionais de forma
patriótica e honesta; uma liderança que seja capaz de mobilizar e aglutinar
os Guineenses todos, tanto os do interior como aqueles que se encontram no
exterior do País, em torno de objectivos colectivamente definidos e, ao
faze-lo, conduzir o processo em democracia; em suma, uma liderança capaz de
gerir o País na base dos princípios da Boa Governação;
DIÁLOGO
31.
Serei capaz de promover o diálogo e o entendimento no seio da família
Guineense, pacificando a sociedade e criando assim um clima de
estabilidade que permita a democracia florescer, ganhe sentido e se
possa traduzir em melhoria concreta do nível de vida das crianças, das
mulheres, dos velhos, dos jovens e homens Guineenses, tanto no campo como
nas cidades.
O PORQUÊ DA MINHA
CANDIDATURA
32.
A condição de injustiça social, que obrigou o País a ter que programar
eleições Presidenciais antecipadas, alheadas ao ciclo de instabilidade
crónica que tem vindo a marcar a história deste martirizado povo há mais de
uma década. Após a grande conquista da Libertação nacional, não houve
sucesso na etapa de democratização da sociedade Guineense.
33. É chegada a altura de uma natural e necessária transição de gerações na liderança dos destinos da nação. A geração de políticos "mais velhos" que liderou com eficácia indiscutível o processo de libertação nacional tem de, definitivamente e sem subterfúgios, reconhecer que cumpriu o seu dever e que, doravante, é-lhes reservado um papel diferente na história da Guiné -Bissau. É chegado o momento em que a nova geração rende homenagem à geração dos históricos pelo contributo que, cada um em particular e quase todos, deram para vencermos as etapas de luta contra o colonialismo e chegarmos onde estamos. Porém, o momento em que a nova geração é chamada a assumir as suas responsabilidades na condução do processo de desenvolvimento nacional, a maior e melhor homenagem que esta geração mais nova pode prestar aos combatentes da Liberdade da Pátria é aprofundar com esforço e abnegação a democracia e sobre os seus pilares erguer o edifício de uma Nação Próspera, Solidária e desenvolvida.
34. Tendo em consideração tudo o que ficou acima descrito e após a auscultação dos militantes e simpatizantes do partido e muitas pessoas no seio da sociedade Guineense, pessoas como eu, preocupadas com o futuro do País, decidi aceitar o desafio de participar activamente nesse processo, candidatando-me ao exercício das funções de Presidente da República.
A minha trajectória de vida que me conduziu, após a minha formação, a trabalhar em várias áreas no País aos mais diversos níveis; Pedagoga, Funcionária de Empresa, Presidente de várias associações femininas (AMAE/BAMBARAM e RAMAO), Presidente da Câmara Municipal de Bissau, Deputada da Nação, Ministra Conselheira da Presidência, Líder do Partido Politico UPG - União patriótica Guineense, permitiu-me ganhar formação, experiência, maturidade e competências que podem ser úteis ao meu País neste momento, pelo que achei por bem, dar assim a minha contribuição.
35. Na vida tive o privilégio de poder estar presente e dar o meu modesto contributo em etapas decisivas para o meu País. Assim, estive presente e participei na luta clandestina de Libertação nacional; estive presente em 1974/75 quando era preciso enfrentar a ira do colonialismo moribundo e mobilizar e incentivar o povo a manter-se firme na última etapa de luta que nos conduziria à independência; estive presente nos primeiros anos da reconstrução do País; revoltada com as injustiças, reivindiquei e fui presa politica de 1977/1980, estive presente na altura em que se tornou necessário forçar as mudanças que marcou uma viragem definitiva no regime de partido único e culminaram na abertura democrática em 1991/92; contribui na Comissão de Mediação, durante o conflito político militar de 1998, na busca de pontos de convergência entre os Guineenses, com vista a viabilizar um clima de entendimento que permitisse terminar os conflitos de forma a permitir o avanço do País.
36. Desejo continuar a estar presente agora e contribuir para que, todos juntos e de mãos dadas, possamos dar o grande salto, rumo ao desenvolvimento. É fundamentalmente na juventude Guineense, que encontramos seguramente as potencialidades necessárias para ser o motor das transformações necessárias, a fim de relançar o País e construir a nação em que queremos viver; é com ela na mente que sinto ser meu dever de patriota pôr à disposição do país as experiências que acumulei, em mais de meio século de vida no País e no estrangeiro, ajudando a construir uma Pátria renovada onde seja bom viver. É nessa juventude, é nos rapazes e raparigas Guineenses de hoje que radica a esperança de uma Guiné Feliz. É em nós mães Guineenses, no seu abnegado esforço quotidiano enquanto mãe solteira ou casada, chefe de enormes agregados familiares sem qualquer ajuda; trabalhadora da Função Publica, “bideiras”, horticultoras, lavradoras, empregadas domésticas, quantas vezes sem perspectivas, mas sempre combatentes pela vida e por um futuro para os seus filhos que bebo a inspiração e força para avançar...
37. Apresento-me como uma candidata da UNIDADE, JUSTIÇA E DESENVOLVIMENTO com filiação partidária, que comunga com vários Movimentos e Instituições da Sociedade Civil, Partidos Políticos e diversos Actores da vida Social e politica Guineenses princípios e valores pelos quais estou disposto a me bater. Sei poder contar com o apoio de vastas franjas da nossa sociedade, desde vários sectores e actores políticos a agentes da sociedade civil, passando por um bom número de gente humilde que, das cidades e vilas, “tabancas” do País vieram comigo conversar e manifestar o seu apoio, ao tomarem conhecimento da minha decisão em apresentar a minha candidatura às eleições presidenciais.
38. A minha candidatura é o reflexo da vontade firme das Mulheres, Homens e Jovens em jogar um papel mais interveniente no desenvolvimento socioeconómico da nação; ela resulta da convicção de que em democracia é necessária a existência dos partidos políticos, mas ela não pode todavia ser reduzida apenas a eles, sob pena de a sociedade Guineense ver-se reduzida à condição de refém das elites políticas. Resulta ainda no facto de estar convencida de que é na articulação dinâmica e patriótica dessas diversas componentes, que está, sem dúvida, o caminho para a vitória sobre o subdesenvolvimento.
39.
Apresento-me como uma candidata com ideias firmes e concretas sobre os
caminhos para 0 progresso do País, mas aberto à sociedade Guineense na
diversidade cultural das suas componentes, disponível para partilhar
ideias e estabelecer os compromissos
necessários a forjar os consensos possíveis, para aglutinar vontades numa
vontade colectiva de vencer a estagnação e a miséria que infelizmente
convivemos hoje. Assumo-me como a porta-estandarte de um movimento e de um
projecto que pretende aglomerar todos os Guineenses desejosos de "avançar e
olhar em frente" sem rancores e do passado tirar lições e ensinamentos de
modo a não repetir os erros cometidos; daqueles que estão decididos a não serem
escravos do passado e estão convencidos de que temos que ser nós os construtores
do nosso futuro...
Para esses, o futuro
começou e tem um nome: "Guineendadi".
POR UMA ÉTICA NA POLÍTICA
40.
Como sentimos, o País necessita desesperadamente de PAZ e ESTABILIDADE, COESÃO e
CONSENSOS, por isso, temos de aglutinar em vez de dispersar e desmembrar as suas
forças. Tudo isso só é possível através do respeito mútuo, com muito diálogo,
tolerância e participação.
A minha campanha e futura acção enquanto Presidente da Republica, será decisivamente marcada por esse espírito de inclusão em vez de exclusão de pessoas, pelo diálogo e pela tolerância; respeitarei os meus adversários e o seu direito da diferença; esforçar-me-ei, em qualquer dos casos para apreciar na sua justeza e associar 0 seu contributo para o desenvolvimento do País; sobretudo, respeitarei o povo e os eleitores na sua dignidade de cidadãos... Não comprarei votos...
41. Estes são, em linhas gerais, os princípios na base do meu pensamento político e do meu posicionamento em relação aos problemas e questões fundamentais que se colocam hoje ao desenvolvimento da Guiné -Bissau e que nortearão a minha conduta como futura Chefe de Estado. Oportunamente apresentarei o meu "Projecto de Sociedade" que, ao ser um documento de carácter programático, constituirá o meu compromisso para com a nação Guineense, em torno do qual se articularão as posições da minha candidatura e da minha campanha. Nele desenvolverei este pensamento e apresentarei propostas de trabalho mais detalhadas.
Abraço a todos os Guineenses em sinal da tão necessária UNIÃO.
ZINHA VAZ
INDI BASS
AMINATA SUMAI
FRANCISCA VAZ TURPIN
Todos esses nomes se unem para representar uma só cidadã Guineense que refuta a teoria da raça SOU APENAS UMA GUINEENSE e SEREI ATÉ MORRER UMA GUINNEENSE.
VIVA A GUINENDADI
VIVA O POVO MÁRTIR
VIVA A NOSSA GUINÉ-BISSAU
ESPAÇO PARA OPINIÕES E COMENTÁRIOS SOBRE AS PRESIDENCIAIS DE 28 DE JUNHO DE 2009
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO