A CORAGEM DE DAR A CARA

 

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

30.05.2007

António Mazzitelli, responsável do Gabinete das Nações Unidas para o combate à Droga e ao Crime na África ocidental e central, personalidade várias vezes referenciada nas questões relacionadas com o combate ao narcotráfico na Guiné-Bissau, reagiu, corajosamente, ainda que resumidamente e numa abordagem geral, ao artigo de opinião intitulado "QUEM ACUDIRÁ À GUINÉ-BISSAU?" da autoria de Domingos Pereira e publicado no site www.didinho.org a 24.05.2007

Soube o Sr. António Mazzitelli dirigir-se aos guineenses, mostrando ter consideração por eles e pela Guiné-Bissau, compreendendo a indignação dos que não querem ver o país transformar-se num narco-Estado e, por isso, pedirem explicações a quem de direito.

Hoje, no livro de visitas do site www.didinho.org o Sr. António Mazzitelli deixou a seguinte mensagem:

30.05.2007 13:58, Antonio Mazzitelli:
Dear All,

just to let you know that , despite of all, I and this Office follow with a lot of interest what is happening in the country and that we do our best to help Guinea Bissau in facing the narco scourge. In other words, be sure you' re not alone any longer.
Antonio Mazzitelli
Regional Representative West and Central Africa
UN Office on Drugs and Crime
Meus caros,

Quero apenas fazer saber a todos que, apesar de tudo, eu e todo o Gabinete seguimos com muito interesse o que está acontecendo no país, sendo que fazemos o nosso melhor para ajudarmos a Guiné-Bissau a enfrentar o flagelo do narcotráfico. Por outras palavras, estejam certos de que não estão sozinhos.

 

O narcotráfico e a corrupção têm dominado os acontecimentos na Guiné-Bissau, sendo que, à medida que o cerco se aperta, lançam-se estratégias de charme, no intuito de se tentar mostrar ao mundo, que de facto, as autoridades guineenses estão a envidar esforços no sentido positivo de lutar contra esta praga.

Que cabe às autoridades agir, disso não tenho dúvidas, nem devo criticar. No entanto, não posso ficar indiferente a todas estas movimentações quando há referências sobre o envolvimento directo de altas figuras do Estado ligadas ao narcotráfico e que continuam tranquilamente as suas negociatas, sem que alguém faça alguma coisa, pois, nada melhor como uma estratégia de charme para desviar as atenções sobre as referências que circulam de boca em boca pelas ruas de Bissau, sobre os principais senhores do narcotráfico na Guiné-Bissau, estratégia essa, rotineira, a que nos habituamos ao longo dos anos e a vários níveis.

Se a Guiné-Bissau tem o Presidente que tem e que no passado fomentou o negócio do tráfico e venda de armas, que no passado aceitou que a Guiné-Bissau fosse um aterro do lixo industrial perigoso de outros países a troco de dinheiro, que aceitou receber cidadãos africanos expulsos de Espanha, também a troco de dinheiro,  um Presidente que no passado delegou em si as decisões sobre os investimentos estrangeiros na Guiné-Bissau, impondo como condição para qualquer negócio, uma comissão de X % (ou então não se fazia o negócio), hoje, com o mesmo Presidente a dirigir os destinos do país, ele que o ano passado, sem consultar o povo guineense, decidiu oferecer uma das ilhas do arquipélago dos Bijagós à Líbia, para um alegado investimento na área do turismo, não é difícil seguir o rasto, da proveniência dos novos negócios!

Hoje, é cada vez mais evidente o alastramento das raízes maléficas do poder de Nino Vieira, que encontrou em Baciro Dabó, o Ministro da Administração Interna por ele proposto, o suporte ideal para a estratégia de disfarce e cobertura das suas negociatas!

O tempo nos julgará!

Vamos continuar a trabalhar!

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