A nossa luta
Por: Samper Katomuar (SKA)
18.05.2009
Nos últimos tempos ouvimos muitos discursos, entrevistas e opiniões escritas
disparatadas no nosso contributo com tendências políticas, caluniosas,
oportunistas e conotados com a defesa do interesse pessoal que reinou desde 14
de Novembro de 1980. Há uns meses atrás fiz uma carta aberta ao senhor
Primeiro-Ministro , C. D. Gomes Júnior, em que afirmei que uma nova Era começou
na Guiné-Bissau, depois das trágicas mortes de dois cidadãos nacionais, o senhor
T. Na Waié e o senhor J. B. Vieira! Muito embora tenha que ser muito cauteloso e
explícito nas minhas análises.
Qualquer cidadão que acompanhou a realidade guineense nos
últimos anos, está ciente de que, dentro da nossa Guiné vigorou e está vigorar
um SISTEMA, este sistema deve ser estudado de uma forma bem pensada, em que
todas as camadas serão incluídas neste estudo! A mudança de um Sistema
implementado em qualquer país ou organização, por vezes precisa de uma
revolução, essa revolução poder ser: Mudança de mentalidade das pessoas; ter a
coragem de deixar a História no passado; Disciplina e a Verdade!
Não estou aqui dar a lições de moral a ninguém, nem a fazer campanha política,
estou simplesmente a emitir a minha opinião e a contribuir de uma forma ou de
outra para a procura de soluções para uma nova Era!
Há uns anos atrás o senhor Didinho escreveu no Contributo que umas das soluções
para a estabilidade da Guiné era o envio de tropas ou policias internacionais
para Guiné. Esta opinião foi defendida e está a ser compartilhada por muitos
compatriotas! Na minha opinião como cidadão guineense que sou, não vejo o envio
de força estrangeira para a Guiné como uma solução. Não é uma solução, porque o
problema da Guiné não é só, os 7000 militares e paramilitares que o país neste
muito possui. Militares e paramilitares são parte de um todo. Tenho plena
certeza que, com a reestruturação das Forças Armadas e muitos outros
paramilitares, atingiremos a estabilidade que todos nós desejamos para a Guiné.
O sistema implementado desde do tempo da luta da Libertação Nacional,
enraizou-se e tem uma metástase que é preciso combater. Mas como? Quem tem
sugestões ou melhores ideias?
Se notarmos nas críticas que temos feito desde a existência da República da
Guiné, a maior parte delas são pessoais, às vezes colectivas, sem atacarmos o
núcleo do problema. Por isso a recidividade do mesmo problema, continua a ser
vista na sociedade, com o mesmo efeito e proporções diferentes. As interligações
dos actuais problemas da Guiné são complexas e as suas complexidades serão
resolvidas pelos próprios Guineenses! Por isso devemos aprender a esquecer a
palavra “bô djudano” ajudem-nos. Não existe nenhum país do mundo ou organização
que ajuda o outro sem que receba alguma coisa em contrapartida ou interesse
próprio. Portanto, temos de andar com os nossos pés. As forças internacionais
estiveram em Timor e conseguiram implementar o sistema que os Timorenses
desejavam, mas na República Democrática do Congo, ex-Zaire e Sudão a situação é
outra! Quer dizer a chave da solução do nosso problema não é a força estrangeira
e o êxito dessa força depende da realidade do próprio país.
A cada nascer do sol na Guiné-Bissau surgem novos partidos ou movimentos
políticos, mas pergunto: o porquê de tantos partidos políticos? Tantos
candidatos à presidência? Porquê que temos medo da mudança? Embora sendo um
direito de qualquer um de nós, se não tomarmos cuidado, cada cidadão terá o seu
próprio partido! Mas por outro lado faz-me lembrar essa ideia da nossa praça:
Guineense não aceita ser dirigido por um guineense, portanto temos que ser todos
chefes. Temos que pensar que, neste momento não há bases para a existência de
tantos partidos políticos. Para tal, porque é que não fazemos a união de ideias
e sugestões para encontrarmos um caminho propício para o desenvolvimento e
depois pensarmos numa política real? A política tem sentido quando o sistema
implementado funciona e satisfaz o interesse nacional ou internacional.
A nossa luta é: A Guiné-Bissau precisa de um presidente lúcido, experiente, que
tem postura, que conhece as necessidades dos cidadãos, que não possui o passado
comprometedor, reconciliador, que aceite as ideias dos outros, que não tem
complexo perante a sociedade, que tenha uma visão inovadora e coragem para
implementar as normas e valores guineenses, preparado para os novos desafios e
que tenha um pensamento e a visão nas potencialidades para um curto, médio e
longo prazo.
Mandar é administração, as pedras devem ser colocadas nos próprios lugares,
independentemente do grau académico, porque cada um de nós possui qualidades
próprias. Só que o senhor Administrador tem que possuir espírito de equipa e
tirar da cabeça a ideia que nos foi incutida pelos nossos colonizadores de que
temos que saber tudo! Na realidade, essa ideia é utópica porque, ninguém neste
mundo pode saber tudo! E se fosse assim, não precisaríamos de especialistas em
diferentes áreas e domínios da nossa vida. Como exemplo cito a visita de uma
comissão do país motor da economia europeia, que esteve cá, neste pequeno canto
da Europa, para perguntar, copiar e inteirar in loco do sistema
sócio-político. Recebeu o alicerce do mesmo sistema e foi implementá-lo
consoante as realidades do país, começando a receber fruto no espaço de dois
anos. Para tal, pergunto por que é que temos medo ou vergonha de copiar os
princípios e caminhos seguidos por países como Cabo Verde, Botsuana, Mali,
Libéria e muitos outros? No controlo em diferentes áreas vitais de um sistema
são mais eficientes que Portugal, Grécia e Itália segundo dados dos órgãos
competentes. Estes países são africanos e têm as suas realidades mais ou menos
próximas às nossas. Têm as suas potencialidades nas áreas de organizações e
implementações de algumas regras do jogo e essas potencialidades devem ser
aproveitadas.
Como afirmaram Sir Tom Peters e Bob Waterman, conselheiros de
organizações, no livro IN SEARCH OF EXCELLENCE (1982), o sucesso é composto de 4
elementos:
“Team-spirit”, espírito de equipa
A execução perfeita das tarefas fulcrais
Um plano determinado
Clareza ou Nitidez e Fidedignidade ou Credibilidade
A equipa está sempre à frente, ninguém é mais importante do que a equipa.
Qualquer jogador pode jogar ou mostrar o seu melhor, mas quando não há um
resultado satisfatório, quem perde, é equipa e não um indivíduo. Por isso a
melhor equipa é aquela que é composta por todas as pessoas, começando pelos
homens da limpeza, voluntários e até ao presidente República. Há vedetas em
qualquer equipa, mas para se formar equipa com vedetas, tem que se certificar se
elas possuem ambições.
A disciplina é a base do sucesso de qualquer organização, partido ou empresa,
tem que haver regras e essas regras devem se cumpridas, porque ninguém está
acima da lei. Numa organização onde a disciplina reina, qualquer decisão é
aceitável para os superiores. Há que determinar a fronteira e todos devem
movimentar-se dentro deste espaço e quando cada um reconhece que este espaço
existe, não tirando a movimentação individual, todos estarão felizes.
Se o sistema estivesse a funcionar, muitos dos candidatos aceites para as
próximas eleições presidenciais, não teriam aval do Supremo Tribunal porque,
alguns são cadastrados e uns ainda têm processos pendentes (talvez foram
arquivados, que nos façam saber)!
A perfeição faz sempre a diferença.
A vida só tem sentido se, para além de nós, outros também puderem viver…
(Didinho)
Djitu tem ku tem
ESPAÇO PARA COMENTÁRIOS AOS DIVERSOS ARTIGOS DO NÔ DJUNTA MON -- PARTICIPE!
A TER SEMPRE EM CONTA: Objectivos do Milénio
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO