Ainda Sobre o Doutor, Professor, e Jornalista Helmer Araújo (Episódio III - A Lenda dos Palavrões)
Por: Umaro Djau
12.02.2009
Guineenses
e Compatriotas,
Há dias prometi que não ia votar ao assunto -- e peço desculpas a tantos quantos
me solicitaram para fazer abrandar esta discussão -- mas quem faz perguntas,
também merece respostas. E fá-lo-ei de uma forma proporcional, como quem diz
"cada peso tem a sua medida."
E à medida que a Obsessão e a paranóia aumentam em relação à pessoa de Umaro
Djau e daquilo que represento, cresce, também a minha vontade de satisfazer
aqueles que se recorrem à lenda dos palavrões -- como se tratasse de uma acto de
desespero -- para fazerem vincar os seus argumentos. Deve ser o vírus do "Português
que nos Pariu" como relatou a escritora brasileira Ângela Dutra de
Menezes, também Jornalista.
E este
"jeito" de ser português marcou não só o carácter brasileiro, mas também o
guineense. E daí advém o nosso "jeitinho" de colorir e engomar as coisas (já
agora utilizando o termo de Sr. Doutor, Professor, e Jornalista Helmer Araújo),
fruto da nossa herança lusa.
Mas, desta vez, vou evitar este jeito do "Português que nos Pariu" omitindo a
Reconquista, Aljubarrota, Alcácer Quibir, Vasco da Gama, Eça de Queiroz, Camões,
Fernando Pessoa e os demais. E como Amílcar Cabral também não era português, não
procurarei uma maneira de o trazer de volta nesta história da Lenda dos
Palavrões.
E porque é que eu havia de falar sobre o livro "Os Maias"? Não! Só se deixasse
que o vírus do "Português que nos Pariu" me contaminasse. Enquanto reconhece-se
de que o recurso às peripécias de N'Tori Palan, à figura do estilo, à prosa e à
poesia sejam recursos extremamente válidos e criativos, continuo a não entender
a correlação entre a origem de toda esta discussão com a celebração de "200 anos
do nascimento de Charles Darwin" não fosse o enigma do "Português que nos
Pariu".
Caro
Sr. Doutor, Professor, e Jornalista Helmer Araújo, nunca ninguém disse que a
alegada (termo
jornalístico de salvaguarda ética) chamada de Sr. Filinto era um fruto das suas
alucinações. Como já disse por duas vezes, nunca disse que a chamada telefónica
fosse uma fabricação. Lembra-se Sr. Doutor, Professor, e Jornalista Helmer
Araújo de consultar o seu primeiro texto sobre o caso. E enquanto o faz,
gostaria de lhe perguntar porque é que se mudam as histórias quando de repente
sentimos que estamos num beco sem saída ou estamos a perder o comboio da
argumentação?
Mas, respondendo directamente à sua nova linha de ataque (leia-se reciclada),
estou inclinado para lhe perguntar uma questão que todos nós ouvimos quando
éramos crianças: "O que é que você pretende fazer ou ser quando crescer"? Já
agora, gostaria de dirigir esta questão ao Sr. Doutor, Professor, e Jornalista
Helmer Araújo... faz uma pausa e toca a pensar sobre o assunto.
Quanto ao "Contributo" -- se bem que devemos nos orgulhar do trabalho e das participações dos muitos -- já não vale a pena continuar a elogiar (em troca de acesso) o que é uma obrigação de todos nós. Mas como também há uma canção americana que nos reafirma a natureza dos homens, o de querer ser elogiado, "I Like to be Praised", quaisquer comentários nesse sentido serão bem-vindos. Aliás, a Guiné-Bissau tem esta longa tradição de "Djidiudadi". Portanto, amigo Didinho não se sinta mal. Em cada verso honraremos o seu nome e só pedimos que, em voz alta, repita o refrão "I Like to be Praised." Merecidamente, Ámen!
Voltando ao essencial, o Sr. Doutor, Professor, e Jornalista Helmer Araújo falou muito bem quando diz que "...o jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade..." uma passagem que pode ser extraída de qualquer abecedário de Jornalismo. E como sou humilde, concordo consigo quando diz que nunca devia ter utilizado o termo "açucarado" na peça que fiz há 15 anos atrás. 15 anos atrás! Aposto que o Sr. Doutor, Professor, e Jornalista Helmer Araújo nunca cometeu um erro jornalístico, mesmo antes de ter frequentado o curso técnico de 45 dias na Universidade Católica, com os outros colegas da Guiné-Bissau e dos PALOPS.
E como não tenho nenhuma referência jornalística sua, só lhe posso julgar
baseado nos textos de opinião que você tem escrito -- repletos de eufemismos,
especulações e de "savoir faire."
Bem, chega de
adjectivação, como aliás você acabou de me avisar.
E
falando do termo que você tanto gosta de usar "em
minha opinião" (palavras onde jornalistas se refugiam),
diria que Há OPINIÕES e opiniões. Quando Bill Gates, Bill Clinton, Henry
Kissinger, Mário Soares, Tony Blair, e muitos outros grandes oradores e
académicos opinam, o mundo escuta. Para mim, (ou seja na minha opinião), os
artigos de opinião do Sr. Helmer Araújo (e você tem todo o direito de se opinar)
-- e já li alguns -- não têm peso, nem fundamento, por serem desprovidos de "expertise"
e de "know-how". Bem, a não ser que esteja a opinar sobre o jogo de
Benfica e do Sporting, também na minha opinião. E como ainda não tive a
felicidade de ler nenhum dos seus textos jornalísticos, dou-lhe o benefício de
dúvida. Isto não é uma crítica, mas apenas uma constatação.
Enquanto sinto e lamento a sua prisão na altura da guerra de 1998, já lá vai
algum tempo, não acredito que o seu e o meu grau do sofrimento se comparam a
tantas milhares de almas guineenses perdidas nos confins do tempo de Canquelifá
ao Cabo Rojo e de Cacine às Colinas de Boé. Por lá se encontram pessoas, cujos
pais ou mães (na tentativa de evitar machismos) nunca foram Ministros ou
Ministras de Estado; pessoas que nunca tiveram oportunidades nas suas vidas,
muito menos serem atribuídas duas bolsas ou mais bolsas de estudo -- sejam elas
em economia ou antropologia -- que resultaram em desistências ou de frequentar
uma Escola técnica do Jornalismo tal como o Cenjor ou a Universidade Católica.
Para
mim, essas pessoas de Norte ao Sul da Guiné-Bissau -- desprovidas de "Me-Only-Syndrome"
ou do sentido de engrandecimento, são as que mais merecem o meu respeito e
admiração.
Isto para lhe fazer saber de que sei que o Sr. Helmer Araújo não é nenhum Doutor
ou Professor. E Jornalistas todos são, desde que tenham atendido um curso de
formação de 45 dias ou saibam redigir um texto de dois parágrafos e aplicar a
regra dos três c's (claro, correcto e conciso). E claro, meu amigo, jornalistas
há muitos, sejam eles funcionários da BBC ou da Rádio Sol Mansi de Mansoa.
E falando dessa rádio católica, na qualidade do antigo Director, não pensa
existir um paradoxo entre o objectivo dessa emissora e a postura do Cientista
Britânico Charles Darwin que aliás desafiara os contos bíblicos sobre a teoria
da criação?
Quem se
fascina por Darwin (na minha opinião) não se comprometeria em se envolver na
campanha da "evangelização" do país -- conforme ficou acordado em vários
encontros e seminários que o Sr. Helmer Araújo atendeu. Não é que isso seja
errado, mas contradiz, certamente as tendências de Darwin quem defende a teoria
da evolução. E como quem ostenta não contesta, é bom rever a sua escola do
pensamento – apenas uma constatação, também minha opinião.
Finalmente, o Sr. Helmer Araújo, em inglês há um termo "picking a fight"
-- escolher o inimigo e provocar guerrinhas desnecessariamente -- mas quem lança
o primeiro golpe, é melhor estar preparado e ter o estômago para tal. Fico por
cá e a telenovela continua e o quarto episódio já ai vem ...
Estejam atentos!
Atenciosamente,
Umaro Djau
Jornalista
msn: afrowave@hotmail.com
skype: umaro.djau
NOTA DO EDITOR Por: Fernando Casimiro (Didinho) 12.02.2009 Caro Umaro, Sabemos como começou toda esta polémica e tal como alguém um dia disse: "Não são precisas muitas palavras para dizer a verdade, ou uma verdade". O que o Helmer Araújo testemunhou e relatou é a verdade, isto falando da denúncia da ameaça de morte de que fui alvo, bem como da conversa telefónica que tive contigo! Não percebo como é que o Umaro, depois de ter posto em causa a denúncia real que fiz sobre a ameaça de morte que recebi por telefone, ainda continua a insistir numa lógica que posso concluir que é tudo, menos favorável à minha imagem. Por favor, não te passes com a questão dos elogios à minha pessoa ou ao Projecto. O CONTRIBUTO não faz favores a ninguém, porque neste Projecto, dá-se sem receber, sem esperar vir a receber! Haja respeito e consideração pelas pessoas que têm dado os seus contributos a favor da causa guineense como até aqui no site www.didinho.org evitando a ambiguidade de um posicionamento ora pró ora contra. Também acho que não é demais pedir-te humildade na forma como tens, directa ou indirectamente pretendido menosprezar pessoas que, quer gostes ou não do que opinam ou escrevem, são livres e conscientes das suas responsabilidades bem como das suas limitações. Não passes para o lado do desespero Umaro! Aconselho-te uma nova leitura da nossa troca de mensagem de 02.09.2006. Já me ia esquecendo de te dizer que, fico contente por saber que vives e trabalhas nos Estados Unidos, país que pisei pela primeira vez, faz agora em Abril, 21 anos! A minha ESCOLA, Umaro, é a da vida, tal como a dou a conhecer num artigo escrito em 2005... que faço questão de recuperar e partilhar contigo. Nascido em terra (o fogo), sou porém, um homem do mar (a água), por isso, posso dizer-te a ti e a qualquer outro, que me dou bem com as tormentas e as marés... Mantenhas Didinho
Porque hoje faço anos (44), dou-vos a conhecer um pouco mais de mim...
Entre 1981 e 1988, tive a oportunidade de viajar e conhecer o Mundo. Este privilégio foi possível, em parte, graças à oportunidade surgida de trabalhar na marinha mercante da Grécia, onde em 1984 atingi o posto de Oficial Maquinista Naval. Foram anos de muito sacrifício, repartidos entre a dor e a alegria, o desespero e a esperança. Porém, hoje, posso dizer que foram os melhores anos da minha vida! A melhor ESCOLA, para mim, continua a ser a ESCOLA da VIDA, na sua concepção global. Pude viajar pelos países mais ricos e mais evoluídos do Mundo, bem como pelos países mais pobres e mais atrasados deste Mundo também. Pude conviver com pessoas de todos os estratos sociais. À teoria e à prática dos ensinamentos escolares, juntei aos meus conhecimentos a teoria e a prática enriquecidas e diversificadas da Escola da VIDA! A análise, o estudo e a avaliação do comportamento Humano, na vertente "ESCOLA da VIDA", são factores de influência que me permitem hoje ter uma visão alargada da complexidade existente no capítulo do relacionamento humano. O Mundo estaria bem melhor hoje, se o Homem se conhecesse mais detalhadamente, ou seja: Melhor a si próprio! Fernando Casimiro (Didinho) 15.08.2005 Estes são os países e alguns territórios autónomos que pude conhecer e tomar contacto com as suas populações, ainda que de forma limitada, devido aos condicionalismos de estadia.
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