AO PAIGC DE AMILCAR CABRAL

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinhocasimiro@gmail.com

21.01.2014

Fernando Casimiro (Didinho)Seria de todo, interessante, que o PAIGC esclarecesse desde já, se está ou não interessado em participar nas eleições Presidenciais e Legislativas agendadas para 16 de Março de 2014, pois o prazo legal para candidaturas presidenciais ou legislativas, segundo a Lei Eleitoral, é de sessenta dias. A meu ver, de nada adianta a Comunidade Internacional pressionar sobre a data da realização das eleições, fixadas para 16 de Março, sem que haja um posicionamento esclarecedor do maior partido político guineense, há meses à procura de consensos internos, nada fáceis, para uma nova liderança, ou para uma liderança alternativa e legalmente suportada juridicamente, face ao "exílio" do seu Presidente e principal obstáculo à viabilização do Partido Libertador e Histórico que é o PAIGC!

Se o PAIGC não participar destas eleições, estaremos perante a continuidade da crise de instabilidade, ou, de uma nova crise, com outros contornos e abrangências!

Reflictamos...

Para quem ainda não percebeu os custos e as consequências de se ter um Presidente de um Partido (que, se diz de Cabral, mas que, há muito deixou de o ser) capaz de dividir e manipular toda uma estrutura que se pode considerar de abrangência e filiação/simpatia nacional, importa questionar, se, de um Partido como o PAIGC se consegue fazer o que tem estado a ser feito, ou seja, uma humilhação aos ideais do Partido, aos seus fundadores e a todos os heróis da luta de libertação nacional; aos combatentes da liberdade da Pátria e a todo um povo que se sacrificou, e de que maneira, durante a luta de libertação nacional, em nome do PAIGC para a independência da Guiné-Bissau e o bem-estar dos guineenses, o que é que se pode, ou se poderá esperar desse Presidente, se um dia fosse, não só Presidente do PAIGC, mas Presidente da República da Guiné-Bissau?

Alguém tem dúvidas de que um país e todo o seu povo ficariam reféns desse dito Presidente...?!

Como sempre disse, o meu Partido é a Guiné-Bissau, por isso, não me vou intrometer nos assuntos partidários do PAIGC, mas que fique claro que, quando as questões partidárias assumem contornos que têm a ver com o interesse nacional, aí, tenho necessariamente que intervir!

O PAIGC que decida, a bem do interesse nacional e não dos interesses dos seus dirigentes, se quer, se vai ou não participar das eleições de 16 de Março, para que, depois, não tenhamos um novo período de instabilidade política assente em reivindicações de, o PAIGC não ter participado do acto eleitoral.

Se esta situação vier a acontecer, a culpa é, ou será, apenas, do próprio PAIGC!

Por isso, importa sensibilizarmos o nosso povo em geral, mas alertar particularmente os militantes e simpatizantes do PAIGC sobre o actual cenário político que representa a desgovernabilidade da liderança política do PAIGC situação anterior ao golpe de Estado de 12 de Abril de 2012 e o consequente "abandono" da estrutura dirigente do Partido, pelo seu Presidente (e também pela sua direcção superior, dividida e desnorteada).

O PAIGC não pode continuar a ser dirigido do exterior, ou seja, de fora para dentro, apenas porque o seu Presidente está "exilado" em Portugal desde 2012, pese embora de quando em vez, encher o peito, para afirmar que regressará à Guiné-Bissau "em breve"...!

Se Amilcar Cabral nunca resumiu o PAIGC à sua pessoa e liderança, como admitir que alguém, que nada tem a ver com o verdadeiro PAIGC, condicione todo um povo, em maior ou em menor dimensão, afecto ao PAIGC?!

Se Amilcar Cabral, assassinado que foi a 20 de Janeiro de 1973 foi substituído na liderança do PAIGC por que pode, nos dias de hoje, haver insubstituíveis no PAIGC, que nada simbolizam relativamente ao Partido?!

Estamos, de facto, a brincar com a propriedade privada, ou não será, a actual situação do PAIGC sinónima disso?

O Partido é pertença de alguém, em particular?

Haja dignidade; haja respeito por todos quantos deram suas vidas; se sacrificaram de várias formas, para que, o PAIGC conseguisse libertar a Guiné-Bissau, entre outros países e povos...

Os discípulos de Amilcar Cabral; os seus verdadeiros discípulos, onde quer que se encontrem e independentemente das estruturas onde estão inseridos, não devem permitir, jamais, que, pela primeira vez na história do nosso país, o PAIGC fique de fora das eleições!

Djito ten ku ten!

Cabral jamais aceitaria que alguém se apropriasse do PAIGC como sua propriedade pessoal e que dividisse o Partido tal como está neste momento!

Haja coragem  e consensos internamente, para se libertar o PAIGC e escolher um novo líder que até pode nem ser da lista das actuais candidaturas à liderança do Partido!

Para um PAIGC de Amilcar Cabral, importa que o Partido seja liderado por um digno discípulo de Cabral e dos heróis da luta de libertação nacional.

Ao PAIGC não se exige a vitória nas eleições agendadas para 16 de Março, face ao estado de desorganização em que se encontra o Partido, mas sim, a sua reorganização/reestruturação, tendo em vista uma nova postura e imagem, para com o país e os guineenses, bem como a participação efectiva na busca de soluções para os problemas do país e do nosso povo!

Não tenhamos ilusões, quando falamos de estabilidade para a Guiné-Bissau, sem a participação do PAIGC!


 

Fernando Casimiro (Didinho)Estará, de facto, o PAIGC interessado em participar no processo de transição e que este, tenha um desempenho satisfatório?

Para quando o reconhecimento, oficial, pelo PAIGC, das autoridades de transição?

Que propostas, com carácter de negociabilidade e expressivas da vontade de dialogar, tem apresentado o PAIGC, para além de continuar a insistir no retorno ao poder institucional anterior a 12 de Abril de 2012 e, consequentemente, pelo regresso de Raimundo Pereira e Carlos Gomes Jr. ao poder?

Como encaram os militantes do PAIGC a participação do seu partido nas eleições gerais, previstas para Abril/Maio de 2013, quando o partido continua dividido em, pelo menos, 2 alas e depois de ter anunciado o adiamento da realização do seu Congresso para Janeiro de 2013?

Face a tudo o que aconteceu na Guiné-Bissau, com o golpe de Estado de 12 de Abril, justificava-se ou não a realização imediata de um congresso extraordinário do partido, ao invés de se propor um congresso para Janeiro de 2013?

É ou não importante a liderança (Presidente) partidária?

É ou não importante o dirigismo (direcção superior) partidário?

É ou não importante a confiança das estruturas de base em relação à cúpula do partido?

Quem organizará e como será organizado esse congresso, na ausência (não se sabe até quando) do "dono" do partido e do dinheiro; quem presidirá aos destinos do PAIGC depois desse congresso, se é que alguém poderá desafiar a liderança do ainda "dono" do partido e que tempo terá para preparar, reorganizar e motivar o partido, os seus militantes, para as disputas pelo poder, tendo em conta as eleições gerais?

Como pode um partido com a importância e responsabilidade do PAIGC, face ao "exílio" do seu Presidente e de outras suas destacadas figuras, em Portugal (não se sabe até quando) participar activa e responsavelmente, na convivência político-partidária que se exige aos partidos políticos, no terreno, enquanto entidades que têm como principal objectivo, a conquista e a manutenção do poder?

Como estará o PAIGC a organizar-se (estará?) neste período de transição, tendo em vista as eleições gerais de Abril/Maio de 2013, quando, na Guiné e, particularmente, em Bissau, onde está sedeado e deveria funcionar o partido, nada se decide, pois, o partido, afinal, é do seu Presidente e tudo continua a passar por ele e, por Lisboa, onde se "exilou" e a prova disso, foi a recente vinda a Lisboa de 3 altos dirigentes partidários, para consultas com o Presidente do partido...

Até quando os militantes do PAIGC continuarão reféns de Carlos Gomes Júnior? Didinho 15.08.2012

 

 

 

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