FILOMENA EMBALÓ
Serás tu?
Serás tu a dar-me de beber o cálice do Amor e fazer-me provar a ternura dos afagos interditos?
Serás tu a entrelaçar-me nos teus braços e embebedar-me com o extâse dos teus beijos?
Serás tu a estender-me a tua mão e guiar-me pelos campos floridos de amores perfeitos?
Serás tu aquele por quem suspiro o amor perfeito dos meus sonhos insatisfeitos?
Ou por ventura meu amor serás tu apenas a projeção da minha ânsia a ilusão dos meus temores o fruto da minha demência na busca de um amor perfeito...?
Filomena Embaló
Paris, 20/07/09
SALVÉ O DIA 15 DE AGOSTO
Pelas tuas primaveras Aqui vamos celebrar Reservei o melhor champanhe A festa vai começar! Brindo eu, brindamos todos É festa ó minha gente! Não venham cá com tristezas Só alegria pode entrar!
Digam lá o que quiserem Isto é mesmo de arrombar Didinho faz anos hoje Impossível ignorar! Ninguém daqui arreda pé Há bolo com velas e tudo Oh! Didinho vem assoprar !
Feliz aniversário, querido Amigo, que habitem sempre em ti a crença, a força e o entusiasmo que te movem nesta luta por uma Guiné justa e próspera!
Filomena Embaló - 15.08.2010
Nem botas nem canhõesTrago no corpo as marcas da vida No coração Os sonhos abortados Na pele as chagas do sofrimento
Meus olhos cegaram De tanta dor enxergarem Meus ouvidos ensurdeceram Com o choro da criança faminta Minha boca se calou Para não mais clamar minha dor
Mas no âmago do meu ser Na minha essência mais profunda Guardei a força do querer E nem ventos nem marões Nem botas nem canhões Nem sórdidas tentações Minha marcha travarão
Sigo em busca da verdade Novos sonhos brotarão Novos mundos se abrirão Em cada riso de criança acalentada Colherei um pedaço de vitória E de riso em riso De vitória em vitória Se vai edificando um mundo melhor! Charenton le Pont, 22/01/05 Decadência a acácia murchou Secou As pétalas caíram uma a uma Sublimaram-se esperanças magnânimas Legítimas A realidade tombou Com o seu manto da morte Miséria Fome Cóleras…
A fome apertou O pai protestou O filho chorou A mãe amparou
A fome matou O pai protestou A policia chegou E o pai levou O filho sem forças Já não chorou A mãe desamparada Chorou ! Bruxelas, 20/12/96 ACRÓNIMOEsperança acalentaste Num futuro risonho Terra Mãe – Filha de África Em tuas entranhas Ressuscitaste o sonho Razão do teu viver Armaste teus filhos Rumo à liberdade Acreditaste na vitória Mas os ventos mudaram Os homens também...
Sem escrúpulos nem pejo O teu sonho derrubaram Num cíclico jogo de armas Honrado seja o teu nome Oh! Pátria mil vezes violada
De onde vem tanto ódio Entre teus filhos amados?
Corre o sangue derramado Abrem feridas mal saradas Bate em teu peito a chamada Recobre as forças Terra – Mãe Ainda é longa a caminhada Levanta-te
Guiné e desenterra o teu sonho! Charenton le Pont 19/10/04 DESILUSÃO Abate sobre mim O peso angustiante De esperança perdida Da crença desmentida
Desmorona-se o mundo de sonhos Alicerçado em ideias juvenis Que o correr da vida Transformou em utopia
Nego-me a engolir O nó da desilusão Que me estrangula Me sufoca
Nego a entregar-me A esse pranto vencido Que me invade o peito Me deixa muda Estupefacta Impotente!
Reservo-me o direito de acreditar Que se sonho existe Se sonho existe É o pesadelo em que me encontro! Bissau, 27/05/93 IDENTIDADEBusco raízes profundas no sangue das Ilhas a semente germinada em terras fartas do Maiombe a flor desabrochada nas Colinas do Boé e encontro os caminhos cruzados do meu eu!
Caminhos de ontem caminhos de hoje horizontes infindos que fazem do meu eu o Ser de Amanhã
Caminhos cruzados do meu eu trilhados por riquezas sem fronteiras criastes um Ser que é ele o outro e sou eu! Bruxelas, 15/3/93 O menino ganhou a guerraJuro que não sonhei Vi com os meus olhos O menino ganhou a guerra ! Matou o monstro da fome Com a arma da comida Sentou-se à mesa da Paz Sua barriga fartou Fartou também seu coração Por saber farto o amanhã E no acalento da fome A barriga desinchou Os olhos voltaram a sorrir A esp’rança sorria no seu rosto O menino ganhou a Guerra! Paris, 20/12/02 OS MESTRES DO MUNDOVieram levaram tudo o sonho a esperança a vida até a realidade varreram e na azáfama da fuga o vazio arrancaram com medo que engendrasse os genes da vida a luz e os seus gestos denunciassem
Eles... os mestres do mundo afogaram o sonho enforcaram a esperança apagaram a vida com um sopro um estalar de dedos um sacudir de ombros altivo…
Senhores de todos os destinos intocáveis nas suas torres de cristal roubadas ao suor alheio vieram levaram tudo o riso o pranto o fôlego até os rostos desfigurados pela dor e na azáfama da fuga os olhos arrancaram para que não os vissem e com o olhar os condenassem
Eles… os mestres do mundo prenderam o riso amarraram o pranto asfixiaram o fôlego num gesto louco de um estalar de chicote o olhar altivo...
Deuses do universo senhores de todos os destinos decidindo a vida e a morte vieram levaram tudo a dignidade a modéstia a honestidade até o pensamento esvaziaram e na azáfama da fuga a consciência perderam por não lhe suportarem o peso
Eles… os mestres do mundo violaram a dignidade enterraram a modéstia venderam a honestidade num abrir e fechar de olhos como num truque de magia o semblante altivo…
Senhores absolutos inverteram a escala de valores à luz da própria imagem vieram levaram tudo o pão da boca do faminto o tecto do desabrigado até a História apagaram deixando apenas no seu rasto humilhação impotência revolta que o povo na dor afoga por iguais armas não possuir para combater tal violência que de igual só tem o ódio fruto mudo da fúria destrutiva !
Eles os mestres do mundo criminosos impunes de consciência tranquila barriga farta de ganância o peito inchado de razão da legitimidade usurpada inconscientes da própria ignorância ! ! ! Vitry sur Seine, 4/05/98 Sonho InfinitoTrouxa ao ombro Lá vai o Passado Costas vergadas Carga pesada Ignorância Miséria Guerras E Fome Partiu para longe Destino sem fim Longe do Homem Tão massacrado há anos mil!
Caminha, caminha O passo arrastado Cruza o Futuro De passo apressado Ligeira, ligeira a sua carga Sabedoria Abastança Saciedade E paz Caminha, caminha O passo ligeiro Espera-o o Homem Encontro marcado há anos mil! Paris, Dezembro de
2003
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! associacaocontributo@gmail.com
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