Carta aberta aos cidadãos guineenses

 

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

02.10.2005

Cidadãos guineenses vítimas de bombardeamento autorizado por Nino Viieira durante o conflito militar de 98/99

Caros compatriotas,

Numa fase difícil do percurso histórico da Guiné-Bissau como país independente e numa situação em que a responsabilidade da sociedade civil é cada vez mais importante na busca de soluções para as crises que têm entravado os acessos rumo ao desenvolvimento do país, quero alertar a todos os guineenses para a existência de campanhas perigosas promovidas no intuito de intimidar, caluniar, desacreditar, chegando mesmo a situações de ameaças de morte a cidadãos guineenses particularmente na diáspora que única e exclusivamente defendem ideias próprias baseadas em realidades vividas e partilhadas por milhares de guineenses.

No meu caso particular, desde que criei uma secção denominada "Presidenciais 2005", no meu site pessoal www.didinho.no.sapo.pt secção essa virada para a sensibilização do eleitorado guineense, que tenho convivido com frequentes ameaças de morte escritas nas entrelinhas de comentários quer no meu site pessoal, quer nos vários fóruns de discussão onde o assunto é a Guiné-Bissau e particularmente Nino Vieira, o novo presidente da República da Guiné-Bissau.

Das várias análises comparativas de comentários feitos pelo senhor Hélder Proença (director de campanha de Nino Vieira durante as presidenciais), no blog do jornalista português Jorge Heitor, com outros em que o anonimato ou a usurpação de nomes de outras pessoas ou ainda a utilização de nick names noutros fóruns, cheguei à conclusão de que pertencem à mesma proveniência: Hélder Proença!

Ultimamente Hélder Proença tem utilizado o fórum do site www.africamente.com para tentar a todo o custo silenciar-me, quer com intimidações e ameaças de morte, quer com calúnias descabidas para me desacreditar.

E utiliza o fórum do africamente porque Jorge Heitor, o jornalista português dono do blog em que Hélder Proença era colaborador passou a seleccionar os comentários colocados e a excluir os que contêm ameaças, conforme me fez saber em resposta a uma solicitação minha nesse sentido.

Numa altura em que a divisão do povo guineense marca pontos na nossa débil estrutura social;

Numa altura em que supostamente os erros do passado deveriam servir de lição para o momento presente, eis que o regresso ao passado de terror se abeira de novo da convivência dos guineenses, através de posturas inaceitáveis e intoleráveis que colocam desde já suspeitas à mais alta magistratura da Nação.

A Guiné-Bissau tem que estar aberta à discussão, ao debate de ideias, ao confronto pacífico de pontos de vista.

Não se deve permitir que as estruturas do Poder condicionem a liberdade de expressão dos cidadãos, desde que feitas de forma correcta.

Hélder Proença, através de várias camuflagens de identidade que tem feito, tem dito que eu tenho dirigido insultos, calúnias e acusações a Nino Vieira.

O que tenho feito é transcrever situações de vivência da maioria de guineenses que acompanharam os 18 anos de presidência de Nino Vieira e que inclusivamente, durante a 1ª volta da campanha eleitoral foram pontos de referência de 2 candidatos (Kumba Yalá e Francisco Fadul) para lembrarem aos guineenses a presidência de Nino Vieira.

O que escrevo ou penso de Nino Vieira, é o mesmo que Kumba Yalá e Francisco Fadul, por exemplo, disseram de Nino Vieira na 1ª volta das presidenciais. É o mesmo que a maioria dos guineenses pensou, pensa e continua na dúvida em relação a Nino Vieira!

Portanto, numa situação destas, e porque o próprio Nino Vieira no passado manifestou interesse em ser julgado afim de esclarecer todas as acusações de que era alvo, nada melhor do que haver esse esclarecimento por parte de Nino Vieira.

De uma coisa ninguém tem dúvida: Vários crimes foram cometidos contra cidadãos guineenses nestes 32 anos de independência e, caso a caso, a nível de presidência e governação, deve-se investigar e apurar verdades por forma a que se esclareçam de vez as situações duvidosas que persistem na mente dos guineenses.

Como tenho dito, sem Justiça não pode haver Reconciliação. Os que falam de Reconciliação não o relacionando com a Justiça são os mesmos que falam em Democracia e se esquecem da Liberdade.

Quer se queira quer não, a Guiné-Bissau está em mudanças. Mudanças significativas de âmbito geracional e consequentemente de mentalidades, que transformarão necessariamente o país cativo num país activo, de liberdade, de confiança e de valorização dos princípios fundamentais da existência humana.

O país precisa de novas referências e tem-nas, digamos que não nos Partidos políticos, mas na sociedade civil, nas Instituições Nacionais e Internacionais onde compatriotas nossos exercem as suas actividades.

No entanto, é preciso que os guineenses se libertem do medo para se poderem afirmar!

É preciso desmascarar e repudiar situações criminosas baseadas em ameaças de morte a guineenses que tendo uma visão chamada incómoda para as estruturas do Poder, têm na Guiné-Bissau, o país, a sua causa e o seu compromisso.

É necessário que se crie um ambiente que fomente o regresso dos guineenses ao país para darem o seu Contributo na edificação de uma Nação de todos e para todos e não o inverso.

Para sermos e sentirmo-nos realmente livres, temos que acabar com o medo na nossa terra!

O medo priva-nos da Liberdade!

www.didinho.org