Cedências inoportunas
Decorria o mês de Maio deste ano, um alto responsável do ministério português dos negócios estrangeiros afirmava que, o Programa Indicativo de Cooperação com a Guiné-Bissau, só seria revisto e assinado com um governo legítimo da Guiné-Bissau. Sabendo que o programa trienal assinado em 2000, teve o seu fim em 2002 e que de facto, até este momento não se tinha concretizado nenhum novo acordo e, quando estamos a menos de três meses para a realização de eleições legislativas, que pressupõem um governo legítimo na Guiné-Bissau, o governo português, numa iniciativa de "cumplicidade" com o regime que vigora na Guiné-Bissau, dá o dito por não dito e, eis que pela pessoa da ministra dos negócios estrangeiros da Guiné-Bissau, se vem a saber que Portugal irá assinar um novo Programa Indicativo de Cooperação com a Guiné-Bissau, ainda antes das eleições legislativas marcadas para 12 de Outubro próximo... Dr. Martins da Cruz, este convite feito aos governantes guineenses numa altura em que se preparam as eleições na Guiné-Bissau, ultrapassa os critérios de relacionamento sério entre países. Todos os acordos feitos durante esta visita não merecem reconhecimento porque o governo em funções na Guiné-Bissau deixou, há muito, de ser legítimo e, Portugal adiantou-se a fazer "Campanha eleitoral" pelo partido que está no poder na Guiné-Bissau. Como pode o povo guineense acreditar que as eleições serão transparentes , se a menos de três meses da sua realização, se está a fazer toda esta propaganda em Portugal? Como pode Portugal ceder, a menos de três meses...quando, por exemplo, foi o governo da Guiné-Bissau que encerrou os serviços da RTP África na capital guineense...? Como pode Portugal ficar indiferente ao respeito e consideração pela democracia ignorando os partidos políticos guineenses que não estão em igualdade de circunstâncias para este tipo de "charme político"...? Bastou haver uma nova ministra na Guiné-Bissau para tudo mudar...?!Por estas e por outras é que, por exemplo, a CPLP, não pode "funcionar". Existe conluio entre os que já se conhecem e estão "viciados" no sistema, contra os que lutam pelos valores da dignidade e da transparência, mas que não estão no "sistema". Portugal deve ajudar no processo eleitoral na Guiné-Bissau, os guineenses reconhecem e agradecem, mas não deve influenciar o sentido de voto , dando apoios directos a quem está no poder na Guiné-Bissau, a menos de três meses das eleições
30-07-2003 23:04
²A vida só tem sentido, se, para além de nós, outros também, poderem viver...²
Ler, Reflectir, Transmitir...Esta é a mensagem.
Fernando casimiro ( didinho )