CERTO na Guiné-Bissau

 

 

Mercado de Cantchungo

 

 

 

Nhaleru

 

 

19.09.2006

 

 

Nosso Estado e a elite parasita reafirmam periodicamente a inferioridade guineense. Se o certo na Guiné-Bissau é dizer que o Estado deve adoptar outras medidas que não sejam de intrigas étnicas, de lutas constantes pela ocupação de cargos no governo, da burocracia, da intolerância, da insegurança, de inferioridade estúpida, da ineficiência é se declarar publicamente como inimigo do Estado guineense.

 

Cresci escutando que falar mal do governo é errado e muito menos do Presidente da República. Questionar o subdesenvolvimento é errado e os mais velhos têm que ser respeitados. O respeito não é para qualquer um e ninguém conquista o respeito com a idade. O certo é dizer que o país vai bem, mesmo tendo uma refeição por dia, estar à noite no escuro à disposição dos mosquitos e no dia seguinte ir aplaudir o Presidente da República ao passar pelas estradas em péssimas condições.

 

Estas são algumas lembranças minhas. Infelizmente este é o certo que nos foi passado pelos nossos avós que não tiveram a felicidade de ter uma educação de base e tão pouco um sonho de realizar um estudo superior.

 

A ideia equivocada do certo vem se perpetuando, ganhando espaço até no meio de alguns académicos guineenses. O conformismo passou a ser o sim senhor de muitos, a ideia de se formar rápido e voltar para ser político na Guiné-Bissau que até então é o único jeito de ser um inútil do dia para noite. E por outro lado são poucos os que não se  acostumaram com dizeres como: “Guiné i assim propi, son pa no sufri” (Guiné é assim mesmo devemos sofrer), “djitu katen” (não há outra maneira) e o mais famoso, que é muito usado pelos nossos deputados: “nha boca castala” (não tenho nada a ver com isso).

Estas expressões representam a insegurança e a indiferença. A maioria dos guineenses continua presa no certo imposto pela ditadura do regime dos dois partidos políticos que governaram o país, um pior do que outro, e agora estamos num mix sem género.

 

Na visão dos membros do governo e da elite composto de parasitas, os problemas guineenses não se derivam do seu comportamento, sendo extremamente preguiçosos em aprofundar a discussão para identificar as raízes. Apontar atitudes negativas como a corrupção, uso incontrolável da velha expressão sem nexo “sabe-com-quem-esta-falando”, abuso do poder, intrigas no meio militar e político, constante roubo no sector publico, instabilidade política e social, é ser do eixo do mal ou não queres ver a boa imagem do país no exterior  o certo é dizer que tudo esta bem e o país esta super seguro e preparado para receber tudo o que tem direito da comunidade internacional. Até quando isso vai deixar de ser o certo na Guiné-Bissau? Errado é citar problemas existentes no pais, porquê? Não é crime falar da ineficiência do Estado só na época da campanha eleitoral e ganhar eleições sem apresentar projecto? Isso sim merece prisão perpétua e levar surra que os inocentes e trabalhadores que reivindicam  aumento salarial estão acostumados a apanhar da policia militar. Não é errado ter dirigentes e deputados analfabetos? Segundo o filosofo grego Platão “quando as pessoas não se envolvem na política, elas serão governadas pelos seus inferiores” isso continua ser uma realidade nos dias de hoje.

 

Certo para mim e muitos que lutam pela nossa pátria é ter saúde, educação, excelentes dirigentes, alimentação, segurança, moradia, emprego, lazer, liberdade de expressão. Certo é dizer que queremos uma Educação de qualidade desde a primeira classe e não de eternos convénios quer educacional  quer cultural. Só assim é que poderemos ter capital humano competente com outra mentalidade para concretizar aquilo que começou com nosso eterno AMILCAR CABRAL (ABEL DJASSI) e não enviar alunos para o exterior com objectivo de adquirir um título superior sem preparação suficiente como tem acontecido, já que o ensino guineense vive de constantes greves e sem conclusões de programa do ano lectivo. Certo é dizer que não somos selvagens e nem inventores de armas e queremos PAZ, UNIÃO, DEMOCRACIA, GOVERNO EFICIENTE E ESTABILIDADE POLITICO E SOCIAL.

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO

www.didinho.org