O CONCEITO DE PODER E DE DEMOCRACIA NA GUINÉ-BISSAU

 

Uma opinião dirigida a FILINTO de BARROS

Por: Djodji (o primeiro)

26.08.2006

 

 

Sr. Filinto de Barros

Começo por lhe dizer que um democrata não nasce a partir do dia em que ganha as eleições. Não vou sequer entrar na questão da forma como essa eleição foi ganha e a polémica que rodeou a aceitação dos seus resultados.

Um democrata prima por lutar pela implementação e afirmação da democracia no seu país. Devo lembrar-lhe que todo o percurso do Nino Vieira foi bem vincado por atitudes anti-democráticas. O poder a que o Sr. Filinto pertenceu, presidido por Nino Vieira, foi um poder resistente à abertura democrática na Guiné-Bissau, abertura essa conseguida graças a fortes pressões da comunidade internacional e, ainda assim, exercido nos moldes em que temos assistido!

Continuo a insistir, de forma incansável, que nenhum democrata regressa ao seu país num aparelho militar de um outro país, acompanhado de militares e violando não só o espaço aéreo, como também espaços públicos e leis do estado, que por sinal era dirigido por um governo escolhido nas urnas (portanto democrático!!!).

Volto a rebater que nenhum democrata (ou até qualquer cidadão com um mínimo de moral e civismo) vive de forma tranquila e propala valores morais, enquanto continuar por esclarecer assassinatos que decorreram sob a sua presidência, sem qualquer julgamento em tribunais credíveis, com culpa formada e sentença pública.

Meu caro Filinto, com todo o respeito pela sua intelectualidade, penso que qualquer intelectual teria vergonha (e não orgulho!!!) de ter sido ou ter servido um poder que foi conseguido com um golpe de estado e mantido à custa de intimidações, humilhações e assassinatos dos adversários políticos. De certeza que não foram esses os valores que o Sr. Filinto de Barros aprendeu nas instituições de ensino por onde passsou. Penso que não deveria orgulhar-se de ter sido ou ter pertencido a esse vergonhoso poder.

Só para terminar gostaria de lhe lembrar que a aprovação de um Orçamento do Estado na Assembleia não torna automaticamente democrático um governo que não foi eleito pelo povo. Penso que o Sr. sabe disso melhor que eu, mas prefere tentar tapar o sol com a peneira, porque lhe deve interessar.

Sem mais assunto, de momento, aceite as minhas saudações patrióticas

A luta continua

Djodji (o primeiro)

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