O CONGRESSO DO PAIGC/2013
Filipe Sanhá * 09.03.2013 Hoje, em pleno século XXI, há novos condimentos democráticos, que obrigam os Partidos Políticos a uma adaptação política científica. Não é por acaso, que proliferam Universidades, em todo o Planeta, dotadas de Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos, e em aturadas investigações em Ciências Sociais e Políticas. Por isso, os Partidos Políticos, têm que estar a par e acompanhar candidamente os progressos verificados em matéria política e concomitantemente sociais. Tenho acompanhado, a evolução das candidaturas à Liderança do PAIGC. O Partido tem uma história, inegavelmente fecunda em acontecimentos! Foi fundado num contexto muito difícil, para devolver a identidade e dignidade ao nosso POVO. Só homens e mulheres muito corajosos podiam assumir esse risco. Eram esses os seus grandes e primeiros desígnios. Essa conquista, nunca poderia ser à época, com debates parlamentares, nem com reivindicações políticas à volta de uma mesa, porque cedo os seus FUNDADORES se aperceberam que essa hipótese estava fora dos manuais da Ditadura Salazarista que nos governava. O caminho era só um: preparar o nosso POVO, para a luta armada, depois de esgotadas todas as tentativas de diálogo.
Hoje, sendo a estrutura partidária de maior abrangência e projeção nacional e internacional, torna-se apetecível, para os que se acham com competência, técnica e política para liderá-lo. No entanto, os atuais candidatos e potenciais líderes, têm que fazer uma séria autoavaliação das suas capacidades para uma liderança tão exigente, relevante ao altíssimo cargo de um futuro Primeiro - Ministro. Todos me merecem respeito e admiração, porque em democracia político partidária, todos os militantes estão em pé de igualmente, desde que reúnam as condições estatuídas nos respetivos programas.
Aquando da "tentativa do golpe de Estado de Dezembro de 2011", numa conversa informal com um dirigente do Partido, disse-lhe, frontalmente o que me ia na alma, nos seguintes termos: O PAIGC, para voltar a ser o grande Partido Político, projetado pelos seus ilustres fundadores, tinha que fazer uma coisa: PEDIR DESCULPA AOS GUINEENSES, pelos gravíssimos erros cometidos, durante o seu percurso de afirmação, antes e pós Independência. Porque era meu entendimento, que é disso que a esmagadora maioria dos Jovens (dos 15 aos 35 anos de idade)[1], está à espera para uma possível adesão em massa ao Partido). Há que ter uma visão estratégica e política para o futuro do Partido e, quiçá para o próprio País.
A resposta do meu interlocutor foi a seguinte: que concordava comigo, mas isso só daqui a uns 50 anos! Repliquei, 50 anos? Digo-vos, sinceramente, fiquei frustrado, porque a imagem que tinha da pessoa em causa era muito positiva, como intelectual e político. E mais, cheguei a temer pela minha vida naquele momento, porque o homem e político denotou ter ficado muito desagradado com a minha visão. A partir daquele momento mudou, radicalmente a sua atitude perante a minha pessoa e nos dias subsequentes. Não tive medo, porque eu disse-lhe que quando tivesse a oportunidade, falaria com o próprio Presidente do Partido sobre o assunto, sem receio.
Decorrido todo esse período, o recém-eleito Líder do PRS, fez exatamente, o que eu tinha proposto ao meu interlocutor. Ao PRS, só ficou bem essa coragem política, que aplaudo e penso que, sem julgamentos precipitados poderá vir a ter, consequências/resultados políticos positivos nas urnas, nos futuros pleitos eleitorais.
Os Partidos Políticos modernos têm que ter a consciência e capacidade de avaliação dos contextos, inclusive as tendências de orientação dos seus militantes e simpatizantes. Pedir desculpa, reconhecendo os erros e desvios, só enaltece, enobrece e vigora as Organizações, quaisquer que sejam a sua natureza. Afinal as propaladas autocríticas nos programas político partidárias servem para quê? Presumo que para modernizar e robustecer as suas organizações. Por isso dou os meus parabéns ao Líder do PRS, da Guiné – Bissau, pela sua eleição e coragem política que me merece todo o respeito, como cidadão de pleno direito.
Filipe Sanhá [1] Cf. O conceito da UEMOA
* Psicólogo, Mestre e Doutorando pela Universidade de Coimbra (Portugal)
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