Deixem-nos pensar e agir em consciência!
Autor: Fernando Casimiro (Didinho)
17.08.2005
Infelizmente, a actuação da Comunidade Internacional pode vir a condicionar / influenciar a decisão ao recurso entregue no Supremo Tribunal de Justiça pela candidatura de Malam Bacai Sanhá, isto em relação aos boletins de voto falsos e consequente reabertura das Urnas.
Recurso este que, a Lei define um prazo até 48 horas por parte do Supremo Tribunal de Justiça para uma tomada de decisão.
No entanto, a Lei dá a possibilidade de uma contra - alegação, neste caso por parte da candidatura de Nino Vieira e outras 48 horas ao Supremo Tribunal de Justiça, para a tomada de decisão sobre a contra - alegação.
Ora isto quer dizer que, tendo a candidatura de Malam Bacai Sanha entregue um recurso no STJ, deve se esperar pela decisão do STJ para se confirmar o veredicto final das eleições presidenciais de 2005.
No entanto, presidentes de alguns países, governos de alguns países e alguns organismos Internacionais, já endereçaram felicitações a Nino Vieira, mostrando total falta de conhecimento e consequente desrespeito pela Lei Eleitoral guineense, pelo povo guineense e acima de tudo, pelo país, a Guiné-Bissau, como se estivéssemos já perante um facto consumado e, portanto, oficializado pelo Supremo Tribunal de Justiça!
É inadmissível que a Comunidade Internacional: países e Instituições, não respeitem a Lei eleitoral guineense que é clara e dá a possibilidade de recurso, a entregar no Supremo Tribunal de Justiça, num prazo até 48 horas depois do anúncio definitivo dos resultados eleitorais, pela Comissão Nacional de Eleições.
À Comunidade Internacional: países e instituições, faço um apelo no sentido de continuarem a ajudar a Guiné-Bissau e o povo guineense mas, não decidam pela Guiné-Bissau, nem pelos guineenses.
Deixem-nos decidir por nós próprios, ainda que tenhamos que reconhecer e agradecer todos os apoios até aqui concedidos à Guiné-Bissau e aos guineenses.
A vós que nos falam de Democracia e nos espelham os sectores vitais da sua sustentação, tendo na Justiça a sua referência primeira como alicerce para o relacionamento e entendimento cívico entre os homens, peço-vos que reconsidereis a forma de avaliação da consciência do povo guineense, bem como a forma de contribuírem na busca de soluções acertadas e sólidas de estabilidade para a Guiné-Bissau.
Não vejam o país pelo número de analfabetos, não vejam o país pela situação de pobreza extrema a que chegou.
Vejam a Guiné-Bissau como um país de sofrimento, mas um país de potencialidades.
Vejam no povo guineense um povo que quer aprender mas que, infelizmente não tem tido essa oportunidade.
As fórmulas e soluções de ajuda para a Guiné-Bissau só terão sucesso, se houver realmente respeito e consideração pela Guiné-Bissau e pelos guineenses. Ou seja, há que respeitar a soberania da República!
Se se reclama um Estado de Direito na Guiné-Bissau, então deve-se apoiar e respeitar o Poder Judicial na Guiné-Bissau!
Precisamos da vossa ajuda, mas não nos peçam para vendermos a nossa consciência em troca!
Deixem-nos pensar e agir em consciência.
Deixem-nos ser livres, ainda que dependentes da ajuda de todos!