EMPENHO VEZES DESEMPENHO EXCESSOS FORA

 

 

Por: Flaviano Mindela dos Santos

 

 

flavianomindela@hotmail.com

 

14.03.2009

 

Comecei a escrever neste momento, com a inocente pretensão de referir os mais recentes e lamentáveis acontecimentos, como sendo os últimos do género no nosso país. Porque na volta, pode ser que um fulano qualquer, esteja também neste exacto momento, sem meias medidas, a aproveitar o inspirador silêncio da noite, para idealizar uma melhor maneira, de um dia materializar algo maléfico, contra beltrano ou sicrano. Mas como a perseverança sempre fez parte dos suportes de todas as minhas convicções, decidi manter mais essa, e continuar a minha reflexão, para afirmar o seguinte:

Estes mesmos acontecimentos há épocas previsíveis por todos nós, vieram inevitavelmente determinar o princípio do fim, duma decadente geração, dos combatentes pela liberdade da pátria, nas esferas governativas. E que também vieram sobretudo alertar mais uma vez, para a mais que urgente necessidade, de começarmos logo hoje, por pautar a resolução de todos os nossos problemas, na base da genuína verdade, atenuada numa justiça equilibrada, - isto é, termos sempre em consideração, a delicadeza da nossa textura social e a nossa misteriosa herança política-; e da lealdade incondicional, nos momentos da reconciliação.

Parecendo que não, já são muitos os nossos defuntos em vida intocáveis!

Portanto, o momento reivindica mais do que nunca, práticas consensuais, e jamais práticas impositivas; práticas de inclusão, e jamais práticas de exclusão. Sob pena de voltarmos a cair nos mesmos erros, que tomaram forma através dumas atitudes cobardes e vergonhosas, tais como: as perseguições injustificáveis; as humilhações incessantes; os assassinatos espectaculares; e outras demais atrocidades, que foram durante anos implementados pelos famigerados camaradas ocasionais, como cobrança duma suposta dívida, a todos os que segundo eles, numa visão bastante redutora das coisas, colaboraram de uma maneira ou de outra, com o colonialismo português, durante os anos de todas as brutalidades.

É imperativo a partir de agora, que todos nós, mais do que nunca, comecemos a adoptar um conjunto de comportamentos, no sentido de facilitarmos um rápido florescimento, e consequente amadurecimento sem grandes sobressaltos, de uma elite governativa, na base da alta educação cívica, e da pura competência técnica, sem as prescindíveis manifestações dos nossos mais conhecidos complexos, pelos quais temos sempre procurado distinguir-nos entre: cibilissadus e guintius; guintis di praça e guintis di tabanca; fidjos di tchon e burmedjus ou cristons e musulmanus.

Só assim poderemos reabilitar o bom funcionamento de todas as nossas mais que indispensáveis estruturas sociais, sem o permanente risco de convivermos com pequenas fricções, que podem degenerar em conflitos sócio políticos, que muitas das vezes, adquirem proporções imprevisíveis. Ainda assim, que não haja qualquer abstracção, em relação ao facto de entre nós, deambularem disfarçados, um certo grupo de rapazes e de raparigas com requintados tiques modernos, mas incapacitados enquanto técnicos, detestáveis enquanto pessoas, e patologicamente entregues ao obscurantismo do regime ninista. No entanto, para esses infelizes, vamos deixar que essa tendência natural, para uma paulatina reorganização das nossas estruturas políticas, sociais, e culturais, faça o bom serviço de os castigar severamente; uma vez que acabaram por desenvolver uma dependência quase vital, com a situação caótica, criada pelos anos duma ineficácia chocante, daquele regime agora em acelerado processo de desaparecimento.

Mas isso não nos deve conduzir aos exageros durante os cruciais próximos tempos, e nos levar ao ponto de não ponderar, o modo intolerante e implacável, como funcionava o regime, durante o seu longo período de existência, que nunca deixava outras alternativas aos demais, sem ser as de fidelidade ou hostilidade.

Os homens são constituídos de diferentes fibras, e reagem de maneiras diferentes, perante situações diferentes. Por isso, não devemos esperar que todos os guineenses repudiem da mesma maneira, todas as desgraças proporcionadas pelas práticas nefastas do regime ninista.

Até porque tenho plena certeza de que, entre os mais fiéis ao regime, existem pessoas que só por sua conta e risco, optariam pelo combate dos seus males, no lugar duma completa resignação perante os factos; mas ao pararem um momento qualquer, para uma profunda contemplação, em relação à sobrevivência da família, e uma necessária prosperidade no futuro dos filhos, terão descoberto uma única alternativa. O que nos deve remeter em primeiro lugar, para um responsável exercício de memória, na busca duma melhor compreensão de cada uma das várias situações, para uma ponderada condenação, se assim justificar.

Uma mudança que se pretende convincente, não deve advogar rupturas radicais com o passado; ainda para mais, quando o passado em causa, é muito recente. Deve sim, aproveitar e potenciar da melhor maneira, todos os factores de vantagem, quer sejam eles humanos, materiais ou técnicos, dele proveniente.

O alto índice de corrupção e banditismo que enfermam a nossa sociedade, têm as suas géneses na miséria indiscriminada que, de algum tempo a esta parte, paira de forma orgulhosa, sobre o ar que respiramos. Portanto, é uma prioridade inadiável, a criação de mecanismos experimentados, para um intensivo combate à pobreza material e espiritual.

Os militares também são seres humanos antes de tudo, que sentem e reagem impulsionados por um mero instinto, aos infortúnios da miséria, procurando outras escapatórias possíveis. E como se pode constatar logo a primeira impressão, na sua esmagadora maioria, só possuem nas mãos, as suas mortíferas armas ligeiras; e limitam-se apenas a atribuir uma função inadequada às mesmas, para garantirem dessa maneira, uma sobrevivência relativamente estável, às suas famílias, quase sempre numerosas.

Os meios sociais condicionam e moldam as mentalidades. Isso para lembrar que, se mobilizarmos todos os nossos esforços, e mais alguns, no sentido de recuperarmos uma ancestral cultura de reconhecimento dos melhores capacitados entre nós, para simplificação das suas promoções aos lugares de direcção, e garantirmos as devidas remunerações aos indivíduos mais dedicados, dentro de muito pouco tempo, poderemos contar com uma sociedade inteiramente embalada nos trilhos do progresso.

Vamos todos juntos contribuir de uma maneira desinteressada, para uma nova dinâmica no exercício da cidadania guineense; e entre tantas outras iniciativas, tal como a nossa luz e guia sempre demonstrou acreditar, vamos também todos acreditar na imensa capacidade de regeneração da alma.

 

Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar.

 

 

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