ENCONTROS
Cadija Mané * 07.07.2011 Naquela quadra festiva o João providenciou uma garrafa de champanhe para poder dar azo ao que tanto imaginara ao longo destes 10 anos que se passaram. Ele queria naquele momento despi-la e levá-la em seus braços, mas não podia, havia ainda muitas coisas para se dizer, mal entendidos a esclarecer e desculpas a pedir. A garrafa de champanhe ficaria para depois de tudo aquilo, desse cenário que no seu início não era o mais propício. Vivia um dilema mas sabia que teria que esperar mais algumas horas para poder manifestar aquele amor que o consumia e que não podia esperar mais! Ela fitava-o e conseguia decifrar tudo o que ele pensava, sabia que não sairia daquele quarto sem se entregar àquele homem que a fez chorar sem saber, sabia que começava uma nova etapa, mas tinham que falar, tinham que desvendar o que acontecera, porquê tanto tempo? Todo o ar estava carregado de emoções e de odores e as paredes sabiam e sentiam-nos.
Amor escondido, indeciso, doloroso, um amor que
ambos não souberam admitir, prendendo-se às ambições pessoais, vida
académica, viagens, cargos, paixões efémeras e desprendidas,
tudo para não se assumirem, tudo para não quebrar com o que é Num dia de sol muito quente e que apelava à sensualidade, ela, sem saber o que a esperava, às voltas com um grupo de amigos viu o João acompanhado, envolto e envolvido com aquela a que se referia como a sua rival, E era. Não soube como reagir, sabia que lhe doía mas não se podia manifestar, o mais importante era o que planeara e que se aproximava, partir e não mais voltar, deixar tudo para trás e ir. E assim foi. Sem se despedir, sem um adeus, uma carta ou um sorriso. Cedo esqueceria aquele país, aquelas gentes e as paixões, esquecendo o amor – o tal que sentia e não sabia. Dez anos! Tinham-se passado dez anos, voltou, sabia que poderia ver e sentir tudo diferente, mas voltou, tinha que voltar faltava-lhe o ar para continuar a viver, o João era a razão do seu regresso. E onde estaria ele? Que vida levou? Estaria preso a alguém? Não interessava. Ela estava ali por ele e lá estavam os dois naquele quarto, se olhando, se sentindo sem se tocarem, tinha que ser assim.
Depois da conversa e das confidências, os dois,
abraçados, atingiram o ponto. Estava selado o amor que os aproximava mesmo
com a distância temporal * Socióloga
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