ESCLARECER PRIMEIRO E DEBATER DE SEGUIDA

Por: M’bana N’tchigna

M´bana N´tchigna

mbatchi@yahoo.com.br

Brasil

19.03.2009

Prezados guineenses, a Guiné Bissau impõe-nos desafios a cada momento.  Parece-me, no entanto, a cada dia que passa, que não estamos em condições de responder aos inúmeros desafios que temos pela frente. Também me parece que estamos com dificuldades em nos mobilizarmos para provar que temos consideração e respeito uns pelos outros.

 Parece que as nossas contradições são irreconciliáveis, mas não são. O que eu vejo é a maneira que fechamos os olhos quando outro sofre. Isso é um grande erro. A indiferença, como o Didinho sempre realça, é que complica relação da nossa harmonia, principalmente se tivermos em conta o sector Judiciário guineense. Digo isto por causa de vários processos que foram arquivados nos tribunais, sem nunca terem saído das gavetas.

Isso acaba incentivando a impunidade, criando insatisfação das vítimas ou dos seus familiares. E assim sendo, qualquer oportunidade que a vítima ou seu familiar tiver para desferir em retorno o golpe que recebeu,  não abdicará de o fazer contra o seu agressor.

 Atitude que cabia à Justiça tomar para evitar que ele o fizesse. Falei tudo isso para dizer que sou a favor de um debate proposto pela Zinda Pinto Cardoso. Que o tal debate seja realmente para falarmos cara a cara qual é a doença que nos atinge. Mas antes de qualquer debate, Zinda, creio eu, que é necessário que sejam tirados das gavetas os processos das mortes de: Amilcar Lopes Cabral, Viriato  Pã, Paulo Bidua, Braima Bangura, Foré Mbitna; que seja esclarecido a morte de Fona Tchudá; dos Generais;  Ansumane Mané, Veríssimo Seabra, Tagme Na Waie, Nino Vieira e outros.

Depois de julgarmos esses casos, seremos capazes de provar que somos  honestos para connosco. Tenhamos a coragem de esclarecer quem pisou em quem e onde é que a vítima está sofrendo a dor.  

Até hoje, as famílias de alguns dos acima mencionado, não têm pista sobre que local foram enterrados os seus entes queridos, o que é grave.  Se me permitem, não estou a fomentar o tribalismo, dizer que os Balantas , por exemplo, não admitem que um seu ente querido seja enterrado de qualquer jeito. E até hoje as famílias do  Viriato  Pã, do Paulo Bidua e outros, esperam por respostas para lhes fazerem cerimónias fúnebres dignas, segundo os  usos  e costumes balanta. Nenhuma família dessas pessoas mortas, da forma como foi, está satisfeita para participar de um debate.

Se não criarmos condições para o esclarecimento das situações acima referidas, talvez nunca se venha a proporcionar a realização de um debate que nos permita alcançara tão falada reconciliação.

Desculpem-me se estiver errado, mas este é o meu ponto de vista e tenho o direito de manifestar a minha opinião.

Discordemos uns dos outros, mas de forma saudável!

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