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Francelino Alfa
28.09.2005
Por que afinal discutimos o papel dos partidos políticos na sociedade bissauguineense?
Por que afinal falamos de tantos partidos políticos, na necessidade das suas formatações e novas configurações?
Por que podemos discutir o papel da nossa democracia?
Por que afinal discutimos o papel de Presidente da República?
Por que raio de razão não podemos discutir o perfil de Presidente da República?
Seguindo vários raciocínios (...) sem fazer tese disto ou daquilo há que reconhecer e aceitar as diversas e variadas correntes de opinião sempre na base de respeito pelas diferenças. Quero com isto dizer que, é normal sermos simpatizantes ou militantes do partido X ou Y, ter simpatias com o personagem político Shaka Zulu ou Sumbu kalambay, sermos “profissionais” da política, sermos independentes mas nunca somos neutros. Ninguém deve ficar zangado com alguém por divergirmos de ponto de vista.
O exercício da democracia, passa também por aceitar o outro como diferente, ou seja, como ele é: nas suas convicções e nas suas vontades e preferências. Comprometer-mo-nos com a sociedade. Isto, chama-se direito à cidadania.
O nosso sistema político, está eivado dos senhores que se julgam “vip
intocáveis” bissauguineense! É o “jet set” descartável! Ora, pensando que a “idade é um posto” e, quando confrontados com a verdade, zangam-se e tornam-se azedos e refugiam-se em balelas como “está a faltar-me ao respeito”! O orgulho do “macho” ferido! Ora, o escárnio e maldizer são quotidiano do clã.
Estas são uma das características tipo do homem/mulher guineense, como dizia e bem, Didinho. A pessoa que faz o reparo é catalogado com um determinado logotipo. Quem quer que enfie a carapuça!
Reconhecidamente, muitos deles, fizeram mal à nossa sociedade, porém, são os mesmos que querem voltar a ter influências directa ou indirectamente na condução dos destinos do nosso país. A história nunca acaba; a história continua (...)
São esses senhores que passam a vida a achincalhar e se possível, “abater” os seus adversários com ideias ou ideais diferentes. A questão da sobrevivência (coma e cale-se!) dos nossos políticos, torna-os sensíveis a crítica e imunes a auto - crítica, chegando ao ponto de se desvirtuarem e de se descaracterizarem, levando-os a perder a sua personalidade e dignidade.
Esses senhores não devem hipotecar o futuro do nosso país. A melhor maneira de evoluir é ver os nossos pontos de vista questionados por alguém com “dois dedos de testa”.
O que me move hoje, é falar do medo.
Este fantasma parece voltar a pairar no burgo bissauguineense e na diáspora também, quando o país está confrontado com graves problemas sociais e económicos: a cólera mata diariamente, são funcionários públicos que não recebem salários a tempo; é a crónica falta de luz eléctrica e da água potável; é a falta de saneamento básico e da infra estruturação do país; é a falta de investimentos internos e externos e, consequentemente, falta de emprego para os jovens em particular; (...) dos graves problemas da nossa educação e da nossa saúde; enfim, da falta de soluções para os gravíssimos problemas com que nos confrontamos.
O país está em falência técnica, dizem os especialistas.
Andamos tristes e deprimidos enquanto cá fora, “o mundo pula e avança”.
Estas e outras mais que devem ser a lista de reivindicações ou os compromissos que devem ser assumidos; pensar em como tratar estas lamúrias, não!
Hoje, novamente, estamos confrontados com pessoas que na ausência de argumentos plausíveis e convincentes refugiam-se em disfarces, escondem-se atrás de “nicknames”, chamando nomes, atacando, amedrontando e fazendo ameaças de morte. Tornam-se perigosos porque ninguém sabe quem são e, às vezes, transformam-se em “surucucus”.
Perguntarão:
Por que é que não dão a cara? Por que é que não se assumem?
Isto, chama-se cobardia política. Quem não deve não teme.
Não apresentam ideias. Como pensar nas coisas e falar delas exige esforço e trabalho, eles não gostam disso. São preguiçosos e fracos. Não gostam de trabalhar. Para eles, sempre é bom mudar de estratégia, quando nada lhes acontece.
Andamos nisto! Esta que é a realidade. Nenhuma democracia se ergue sobre esquecimento e medo.
Neste momento, estão desesperados e na procura de “job for the boys”, disparam em todas as direcções na sorte de encontrar um bode expiatório para as suas frustrações. Um exercício nostálgico! É exactamente isso!
Eu, que pertenço provavelmente à “geração rasca” ou arrasca, não concebo e nem me contento com uma imensidão de fortunas desses “senhores felizes” e de “sangue azul”(!), com “ilhas” no meio da terra firme da Guiné a ver uma população doente e faminta sem qualquer compaixão e dó em que a elaboração de “códigos de conduta” cabe-lhes a eles.
Toda a gente sabe, rezam as crónicas - são factos que, os seus nomes estão associados a grupos vários que actuavam no “reino” sem qualquer impunidade. Contra factos não há argumentos!
É o “regresso dos mortos vivos”. Estes senhores querem ressuscitar o fantasma do medo na nossa sociedade.
Problemas geracionais? Eu não estou certo que o nosso regime se aguente por muito tempo. Estamos em crise e numa estagnação, com indicadores económicos e sociais a falarem por si.
Tudo é discutível: uns dirão “bluff”, outros tantos dirão, não. Não tenho um catálogo sociológico mas o que denoto destas ameaças – que temos de levar a sério - ao Didinho particularmente, é o princípio de um ciclo que tem um nome: medo.
Apetece perguntar “who will be the next one?” Quem será o próximo ou quem serão os próximos?
Momentos houve em que só conhecemos espancamentos, prisões arbitrárias, mortes e mais mortes. Conhecemos a prática de regimes ditatoriais.
A liberdade existe?! Não há nada como a liberdade. Esconder as nossas opiniões é mais desagradável ainda do que ter a pele descoberta, pois, em Sunculum standard era sinónimo de conspiração, motivo para linchamento.
Quem não sabe o quão a situação de privação de liberdade é por natureza agressiva em relação ao homem. Os “hominídeos” não sabem. Chiça! Caramba! Desculpem-me a expressão. Não é que não saibam, ignoram pura e simplesmente. Auto-intitulam-se, ninguém sabe como, a coberto de alguém. Hein!
Quem não está com eles, está contra eles. Esta frase é a sua pagódia. Afirmam-se como “civilizados”, paladinos da boa mesa mas esquecem-se que hoje, a maioria dos bissauguineenses consideram-nos “aciganados”, oportunistas e uns autênticos penedos.
Tornaram Sunculum Standard num revanchismo total, um habitat para parideiras onde qualquer Zé nada se procria. Onde todos da sua laia se podem “geringonçar” e os mordomos se sorriem porque a vida está lhes a correr às mil maravilhas!
É esta a pequena minoria mas muito influente, sem escrúpulos, que já conquistou os prazeres da vida através de incontáveis vícios que adquiriram ao longo de “reinados”, de não ter que prestar contas a ninguém e quando lhes dá na gana, roubam ao Estado. Quem rouba o dinheiro do povo, é ladrão!
Por tudo isto e outras mais é que se torna a situação ainda mais difícil e complexa. Para eles, o exercício da gatunagem e do branqueamento é função mais elevada do que a capacidade da razão, além dos seus sustentáculos que deles se derivaram, tornando Sunculum standard num “cocktail” de misóginos sem esperança.
Tornaram a política sem princípios e riqueza sem trabalho. No entanto, as pessoas conhecem-nos. O povo paga a farda.
O medo é como um império. Tem as suas contradições e nunca perdura para sempre. As constelações brilham para um canto e as estrelas são do Povo.
O que quero e desejo e muitos desejarão concerteza, é que após a tomada de posse do novo PR, que não se deixe “rodear” por esses senhores.
Bandidos e malditos. A sobrevivência destas “espécies” são nocivos à nova imagem que se pretende dar a Guiné - Bissau.
Esses senhores não são exemplo para os jovens que por definição, são o futuro.
Preferimos gente honrosa e acima de qualquer suspeita. Não basta parecer, é preciso ser!
Quando as pessoas não acreditam na justiça e nos políticos, a democracia perde qualidade e perde credibilidade.
Hoje, no Sunculum standard a pobreza nos bate a porta e a honra sai pela janela fora. Tornou-se um saco de gatos onde se multiplicam conflitos.
O nosso país só irá para a frente com verdade e transparência da vida pública.
A todos os amantes da liberdade, da verdade e da justiça, erguemos as nossas vozes e dizer: basta! Que o medo não vencerá. O medo não coaduna com democracia.
Um bem haja
Um abraço fraterno
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO