GRAVE, GRAVÍSSIMO!
 

Kumba Yalá


Por: Fernando Casimiro (Didinho)

04.11.2006


Bombástico e inconsequente como sempre, eis Kumba Yalá de regresso à actividade recreativa vulgarmente designada actividade política, na Guiné-Bissau.

Gostaria de dar mais tempo a Kumba Yalá para que dissesse na verdade, tudo o que só agora resolveu contar aos guineenses e ao Mundo, isto depois de ter apoiado Nino Vieira na segunda volta das presidenciais de 2005 e de se ter acomodado em Marrocos durante 1 ano, não se sabendo a expensas de quem.

Não pude resistir a não interromper as denúncias de Kumba Yalá por questões pontuais que as suas últimas declarações provocaram à minha sensibilidade.

Aproveito para dizer que, por estas e por outras alegações extemporâneas, para além das omissões voluntárias, é que tenho insistido na busca da verdade para as questões de sempre da Guiné-Bissau.

Kumba Yalá tal como Francisco Fadul, foram dois dos principais aliados de Nino Vieira na segunda volta das presidenciais, tendo, ambos, arrastado  milhares de eleitores para votarem em Nino Vieira. Isto quer dizer que, se a Guiné-Bissau está hoje como está, foi porque Kumba Yalá e Francisco Fadul contribuíram para isso!

Tomando em consideração as alegações de Kumba Yalá, deve-se questionar o seguinte:

Porque razão só agora estas denúncias e reivindicações?

Sem querer perder a colaboração de Kumba Yalá no relato da verdade que ele conhece e se disponibilizou a contar, não posso igualmente ficar indiferente a esta atitude interesseira, cheia de oportunismo de alguém que deve, tal como Nino Vieira, afastar-se de vez da esfera política guineense.

Se Kumba Yalá defendesse o interesse nacional em vez dos seus interesses pessoais, teria denunciado a interferência gravíssima por parte da União Africana, através da carta que alegadamente lhe foi enviada pedindo que apoiasse Nino Vieira na segunda volta das presidenciais.

Se Kumba Yalá defendesse o interesse nacional, não teria ficado em silêncio deixando que as consequências da omissão das verdades que hoje decidiu contar, prejudicassem o povo guineense como tem sido até aqui.

Se Kumba Yalá conseguiu ficar calado durante 1 ano, que remorsos o moveram para se confessar?

Se diz que nunca aceitará ser corrompido, tendo rejeitado milhão e meio de dólares que lhe foram oferecidos, então com que fundos se fixou durante 1 ano em Marrocos, sabendo que não produz, nem tem rendimentos extras declarados?

Para mim, Kumba Yalá está a contar a parte que diz respeito aos outros e finge esquecer-se da parte que lhe diz respeito e que não lhe convém contar.

Para mim, este regresso de Kumba Yalá é estrategicamente uma jogada de pressão no sentido de conseguir mais dinheiro para mais aventuras comodistas em Marrocos ou outro país à escolha.

Soou o alarme em relação à mesa redonda e os tachistas querem de novo dividir o bolo, Kumba antecipou-se, não fossem esquecer-se dele, logo ele que mostrou ser um vira-casaca de primeira, que tanto criticou e acusou Nino Vieira de ter ordenado o assassinato de vários guineenses, para no fim e, a troco de nada (?) (se diz que rejeitou milhão e meio de dólares, ainda que fosse da outra candidatura) andar abraçado com Nino Vieira para todo o lado.

Basta de demagogia, basta de oportunismo, basta de irresponsabilidade na Guiné-Bissau!

Basta de indiferença dos guineenses na discussão e responsabilização da situação do país.

À União Africana se deve exigir urgentemente esclarecimentos sobre a denúncia de Kumba Yalá!

Quem garante ao povo guineense que outras cartas não teriam sido enviadas ao Supremo Tribunal de Justiça, na sua longa agonia para decidir sobre as polémicas levantadas depois da contagem dos votos?

Julgo que está na hora de acordarmos do efeito da hipnose!

As desgraças, a miséria, os problemas que têm afectado a Guiné-Bissau e o povo guineense, são motivados pela irresponsabilidade de um punhado de guineenses que merecem ser responsabilizados e punidos!

O povo guineense não deve ter medo de exigir responsabilidades a quem quer que seja que tenha prejudicado os interesses da Guiné-Bissau!

Vamos continuar a trabalhar!

 

Bissau, Guiné-Bissau (PANA) - As decisões dos líderes africanos "serão sempre ditadas pelos países desenvolvidos que financiam os processos eleitorais no continente", declarou sexta-feira em Bissau o antigo Presidente da Guiné-Bissau, Koumba Yalá.

Dirigindo-se a responsáveis do seu Partido da Renovação Social (PRS, oposição) após o seu regresso de um exílio voluntário em Marrocos domingo passado, Koumba Yalá não citou os países envolvidos mas condenou a "política de manipulação" sofrida pelos Africanos.

Descreveu como "uma farsa" as últimas eleições parlamentares e presidenciais no seu país que reinstalaram no poder o seu antigo aliado, o Presidente João Bernardo "Nino" Vieira, em Julho de 2005.

Yalá ocupou a terceira posição na primeira volta dessas presidenciais atrás do ex-presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP, Parlamento), Malam Bacai Sanhá, e de Nino Veira.

"A União Africana (UA) enviou-me uma carta pedindo-me que apoiasse Nino Vieira na segunda volta das presidenciais em Julho de 2005", disse Koumba Yalá revelando que algumas pessoas, que não mencionou, tentaram subornar-lhe com um milhão 500 mil dólares americanos mas que ele rejeitou a oferta porque "nunca vou aceitar ser corrompido".

Por outro lado, Yalá acusou Nino Vieira de traição e de estar a menosprezar os seus homens depois de assumir o cargo.


Bissau - 04/11/2006

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