O Povo da Guiné-Bissau

 

 

 

 

 

 

Ana Vaz

Maio de 2005

 

 

 

Julgava ser tempo certo. Hora de romper com o passado, hora de firmar a soberania do meu povo, de começar a construir uma nação!

 

Tinha quase a certeza que o meu povo encontrara o seu caminho, que finalmente tinha ganho a consciência do seu valor, do seu poder sobre aqueles que o aprisionavam, sobre aqueles que o tinha como refém, como arena de disputa de poderes.

 

Mas os espantalhos do passado voltaram, e o meu povo…

O meu povo, esse, encolheu-se no silêncio da derrota.

A sua voz, aquela que em tempos gritou altiva pela independência, aquela que eu queria agora ouvir, calou-se ante os disparates e ruídos dos que andam impunes pelas ruelas do meu país.

 

Aquele que semeou a desgraça e a morte, aparece como um espectro, de mãos ensanguentadas, pedindo perdão.

E o povo perdoa prostrado!

 

Aquele que nos cobriu de vergonha, atropelando toda a dignidade que nos restava, auto proclamou-se definitivamente insano.

 

E o povo, que carrega consigo todo um futuro, anda como morto-vivo nos trilhos que o levam à loucura.

 

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