OS PERIGOS DO ABORTO

 

Prof. Joaquim Tavares

J.TAVARES, MD, FCCP, FAASM

joaquim.tavares15@gmail.com

20.04.2009

Os perigos do aborto

 

Era suposto compartilhar este caso com os leitores do Contributo há 6 meses atrás, mas por razões várias, fui adiando a apresentação. Depois de uma mensagem de desabafo enviada por um dos colaboradores do Contributo, que está perturbado com o número de mortes resultantes de abortos efectuados em jovens Guineenses, resolvi tirar o caso da gaveta.

Independentemente de estarmos dum ou doutro lado do debate sobre o “direito à escolha” ou o”direito à vida”, teremos de admitir que, devido às condições sanitárias, falta de medicamentos (antibióticos), falta de aparelhos de monitorização clínica contínua no nosso Pais, qualquer aborto, provocado ou espontâneo, carrega o risco de consequências graves, incluindo alto risco de morte.

Segue o sumário de um caso relatado por um internista e que vou tentar resumir:

Uma jovem de 28 anos (que a propósito trabalhou no nosso consultório há 4 anos atrás), casada, com um filho de 18 meses, teve a última menstruação no dia 15 de Julho de 2008; aparentemente, teve um “aborto espontâneo” no dia 7 de Setembro; Foi visitar o obstetra no mesmo dia, mas recusou-se a ser examinada porque “estava segura que não tinha restos de produtos fetais”. Posteriormente, viemos a saber que ela teve um aborto provocado, clandestino.

No dia 14 de Setembro, ela foi admitida com sinais de septicemia que progrediu rapidamente para choque séptico, DIC (Coagulação Intravascular Disseminada) e morte. Podem rever os exames laboratoriais.

 

 

 

 

 

 

De seguida, vamos falar sucintamente sobre técnicas de aborto e suas complicações (sempre tendo em conta que os riscos de complicações são muito maiores quanto piores forem as condições de higiene e esterilização).

Os abortos em que se utilizam medicamentos, só são viáveis até às 9 semanas e incluem: Metotrexato e Misoprostolol (até às 7 semanas) e Mifepristinona/Misoprostolol (até às 9 semanas); esta combinação também é designada de pílula de aborto. Esta pílula não funciona na gravidez ectópica.

 

Abortos cirúrgicos:

Aspiração manual com tubo (acção tipo aspiradora).

Suction Curettage (Curetagem e Sucção) (entre 6 a 14 semanas): pode ser dolorosa e geralmente necessita de anestesia.

Dilatação e evacuação (entre 13 a 24 semanas)

Dilatação e extracção (de 20 semanas ate a 36 semanas)

 

Riscos de Aborto

1-     Hemorragia massiva devido à rotura do útero; também a pílula do aborto pode causar hemorragia séria. A paciente pode morrer, mesmo com transfusão sanguínea.

2-     Infecção grave, que no nosso país significa morte.

3-     Aborto incompleto: em que partes fetais são deixadas no interior com infecção e hemorragia

4-     Septicemia (as pílulas de aborto podem causar infecção séria)

5-     Complicações de anestesia

6-     Risco de perfuração de outros órgãos internos

7-     MORTE

 

Outros riscos:

1-     Mulheres com 1 ou mais abortos, correm o risco de ter prematuros nas próximas gravidezes, com riscos inerentes de paralisia cerebral, problemas respiratórios, etc. 

2-     50% de risco de desenvolverem cancro dos seios.

 

Aborto consequências psicológicas

As referências a seguir disponibilizadas são resultado de uma revisão de temas e recomendações da Sociedade Americana da Gravidez, do Instituto Elliot e de algumas observações pessoais.

Tão ou mais graves e permanentes que as consequências físicas do aborto, são as devastantes consequências psicológicas, que a seguir enumerámos:

1-     Post-Traumatic Stress Disorder (Stress Pós-Traumático): no mínimo, 19% das mulheres sofrem desta doença, depois do aborto. Há muitos casos de médicos que fizeram abortos sem avisarem as mulheres sobre esta doença e que tiveram que pagar milhões de dólares em reparações.

Os sintomas são vários, incluindo sensação de inutilidade, de falta de controlo, medo, ansiedade, irritabilidade, comportamento agressivo, insónia, sintomas de pensamentos intrusivos sobre a criança abortada, sintomas de negativismo.

2-     Disfunção sexual: 30 a 50% das mulheres, depois do aborto, têm sintomas de falta de prazer sexual, dor durante o acto sexual ou, no extremo oposto, desenvolvem uma vida promíscua.

3-     Ideias e Tentativas de suicídio: cerca de 60% das mulheres, depois do aborto, têm ideias de cometer o suicídio e 28% tentam mesmo o suicídio.

4-     Elevada tendência para fumar cigarros: o risco de fumar duplica depois de um aborto.

5-     Alcoolismo.

6-     Abuso de Drogas.

7-     Elevado risco de divórcio.

8-     Perda de interesse pelos filhos/filhas nascidas subsequentemente ao aborto.

 

Sugestões para evitar os riscos acima mencionados:

1-     Pedir ajuda: pais, familiares, profissionais de saúde, etc.

2-     Evitar o isolamento: geralmente, quando a gravidez não é planeada, a tendência é o isolamento; embora difícil, tentar estar em contacto com familiares e amigos; o isolamento pode levar à depressão e subsequentemente ao suicídio.

3-     Evitar pressão de “amigos”: tu, como grávida és a única que tem que tomar a decisão.

4-     Falar com pessoas que tiveram a mesma experiência de uma gravidez não planeada, e tentar tirar ilações das suas experiências.

Já temos uma Associação de Diabéticos, porque não uma Associação de Grávidas?

 Penso que seria a melhor maneira de lidar com as consequências nefastas dos abortos!

 

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